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Aplicativo vira febre na região e causa polêmica

Foto: Deize Felisberto/Clicatribuna

Foto: Deize Felisberto/Clicatribuna

Lançado em janeiro nos Estados Unidos, o aplicativo para celulares Android e iOS Secret virou febre na região nas últimas semanas e já causa polêmica. Agressões verbais, fotos inapropriadas e até pornografias estão sendo divulgadas por meio da ferramenta. Diferentemente de outros aplicativos, o Secret permite que sejam publicados comentários, “curtidas” e imagens sem identificação, o que faz com que os responsáveis não sejam punidos por conteúdos inapropriados. Após feito o download o aplicativo faz a ligação automática de contatos próximos do usuário. Em Criciúma, a ferramenta ganha centenas de adeptos a cada dia.

Conforme o Portal Clicatribuna, o acadêmico Pedro Henrique Cardoso Hilário, de 22 anos, é uma das milhares de pessoas que baixaram o aplicativo nesta semana. Conforme o estudante, inicialmente a ferramenta parecia divertida, porém a visão sobre o assunto começou a mudar em poucos minutos de uso. “Pelo que tinha entendido, o Secret serviria para as pessoas desabafarem com alguns segredos de si, porém ele está sendo usado para postagens relacionadas a outras pessoas. Fotos e informações estão sendo publicadas contra muita gente de forma desnecessária”, afirma.

Assim como Hilário, a designer de moda Sara dos Santos Cardoso também fez o download por curiosidade e se surpreendeu negativamente com o que acompanhou. “As pessoas estão usando esse aplicativo para difamar umas as outras e não para compartilhar segredos e sentimentos como é o objetivo. Deveria ser para receber apoio, mas está sendo o contrário. Ao invés de solucionar, estão criando novos problemas”, opina.

Aplicativo viola legislação brasileira

Conforme a advogada Gisele Arantes, a ferramenta viola a legislação do país por conta de possibilitar o anonimato na internet. “Esse anonimato é vetado em nossas leis, confirmadas pelo Marco Civil da Internet. O Secret tem sido, principalmente nos últimos dias, uma grande polêmica em todo o Brasil por incentivar a pornografia infantil e o bullying, principalmente”, afirma.

Gisele atua em São Paulo e já entrou com uma ação judicial pedindo a proibição do uso da ferramenta no país. Ela responde por um cliente que se sentiu lesado ao ter fotos e seu nome publicados na rede social. “Muitas pessoas estão entrando em contato para solicitar respostas sobre o aplicativo. Estamos otimistas com relação a ação que já está tramitando. Esperamos que as leis sejam cumpridas e ele saia do ar o quanto antes”, explica. Conforme a advogada, não é possível estipular um tempo máximo para que seja finalizado o processo. “É uma situação ainda muito nova para o judiciário. Além de os responsáveis serem estrangeiros, o que dificulta muito o cumprimento de ordens do Brasil, há duas grandes empresas envolvidas: o Google e a Apple”, frisa.

A orientação da profissional é enfática. “Assim como em qualquer rede social, o Secret precisa ser usado com bom senso. Se no Brasil ele tivesse sido usado com respeito não precisaria sair do ar. A regra é não atingir outras pessoas, não ofender”, explica.

Prejuízos podem ir além do mundo virtual

Difamações, fotos inapropriadas e até xingamentos encontrados no aplicativo podem trazer prejuízos inimagináveis para o principal público que utiliza a ferramenta: adolescentes. Conforme a psicopedagoga Giovana Cucker Del Castanhel, a consequência de traumas como esses possivelmente são revertidos no desempenho escolar dos adolescentes. “Atendo esse público diariamente e na grande maioria dos casos o celular é um problema grave. Não se tem mais controle do conteúdo e do tempo de acesso dos adolescentes a eles. Com mais um meio para propagação de fofocas os aparelhos se tornam pratos cheios para a baixa alto estima, o bullying, o baixo rendimento escolar entre tantas outras consequencias”, comenta.