Trânsito

Após 23 anos, duplicação da BR-101 deve ser finalmente concluída

Foto: Dnit/Divulgação/Notisul

Foto: Dnit/Divulgação/Notisul

Muitos jovens de 23 anos, por exemplo, não imaginam a briga incessante de empresários, motoristas e políticos no fim da década de 1980 e início dos anos 1990. A reivindicação pela duplicação do trecho catarinense da principal rodovia no estado e do país, a BR-101, estava só no começo.

Em poucos meses e possivelmente ainda neste ano, ao completar 8.395 dias de obras, a duplicação da BR-101 deve ser finalmente concluída. O trecho Norte do estado ganhou nova pista entre 1993 e 2003. O Sul recebeu os primeiros operários em 2005, com previsão de entrega dos trabalhos em 2009. Mas, como no Brasil, tudo, ou praticamente tudo é muito moroso, a construção de duas novas faixas na rodovia entre os municípios de Palhoça – na Grande Florianópolis, e Passo de Torres – no Extremo Sul -, um trecho de cerca de 220 quilômetros, ficou para 2016.

Tubarão é a décima terceira cidade mais populosa de Santa Catarina, com aproximadamente 104 mil habitantes, e o berço comercial, universitário e de prestação de serviços em uma região com pouco mais de 300 mil pessoas, geograficamente posicionada entre a serra e o mar. A cidade se desenvolveu às margens do rio que leva o mesmo nome e também às margens da BR-101, e é o último município com frentes de trabalho contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit, responsável pela execução da obra desde o início.

Neste momento, a construção está concentrada entre os bairros Morrotes, São João margens esquerda e direita, Fábio Silva, Cruzeiro e Sertão dos Corrêa, onde ainda está sob atenção a nova ponte sobre o rio Tubarão, no lugar da antiga e conhecida como Ponte Cavalcanti – praticamente pronta, viaduto de acesso ao Cruzeiro e Sertão, e acesso à SC-390, também chamada de Rodovia Serramar.

Mais uma vez, moradores e motoristas que costumam trafegar nas localidades citadas devem ficar atentos à detonação de rochas. Hoje, o fluxo na 101 será totalmente interrompido às 13 horas. O serviço deve durar uma hora.

“Já acompanhei muitas detonações por aqui. Sempre tive medo pelo barulho das explosões, mas não houve estragos em minha casa, apesar de conhecer vizinhos que tiveram problemas. Entendo que é essencial para concluir a obra, mas convenhamos, já passou da hora de deixarem a região do Morro do Formigão totalmente liberada para o tráfego em pista duplicada”, chama a atenção o aposentado Pedro Isidoro Nandi, que mora no Fábio Silva há 60 anos.

“Muitas vidas vi ir embora em decorrência de acidentes na rodovia, quando era pista simples. Agora, teremos muito mais segurança”, enaltece o morador.

Força do movimento Duplicação Já!

Entidades, instituições, imprensa e clubes de serviço abraçaram a causa Duplicação Já! O lema foi “Por amor à vida” e desencadeou o movimento que alertou sobre as centenas de mortes e o atraso no desenvolvimento dos municípios e regiões onde a rodovia ainda mantinha fluxo de pista simples. Gargalos considerados complexos como a Ponte Anita Garibaldi, em Laguna, e o Túnel do Morro do Formigão, em Tubarão, também ficaram prontos com atrasos.

À frente desta batalho, três pessoas representaram o desejo de muitos. Na época, Reneuza Borba, presidente da Associação das Donas de Casa, dos Consumidores e da Cidadania (Adocon); Ronério Cardoso Manoel, presidente da Câmara de Vereadores de Tubarão, e Manoel Mota, deputado estadual. “Gritávamos, chorávamos, marchávamos, fechávamos a BR-101. Deitamos sobre o asfalto cantando o hino nacional. Tiramos o projeto da gaveta do ministro e hoje temos a BR-101 quase pronta”, lembra Reneuza.

A primeira marcha pela duplicação percorreu 348 quilômetros em 24 dias, de 10 de março a 2 de abril de 2004, partindo de Osório (RS) com destino a Palhoça (SC). Uniram-se 24 Câmaras de Vereadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina – que faziam parte do trecho Sul da BR-101. O evento mobilizou a população em sinal de protesto em relação às vítimas que se acidentaram na rodovia, trazendo a consciência pela necessidade da duplicação.

Impacto econômico

Além das filas, o atraso das obras de duplicação da BR-101 no Sul do estado acarretou em prejuízos de até R$ 684 milhões para a economia da região. É o que mostrou um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que calculou as despesas adicionais com transporte e quanto o PIB estadual foi impactado com o atraso da obra neste ano, quando a duplicação deve ser concluída. Para Ilana Ferreira, analista de políticas de indústria da CNI, um dos grandes vilões foi a baixa qualidade dos projetos básicos.

Histórico da obra

1993 – Início das obras de duplicação trecho Norte

1995 – Começam as discussões sobre as obras no trecho Sul

2002 – Anunciada a licitação das obras de duplicação no trecho Sul

2002/2003 – Conclusão do trecho Norte

2005 – Início das obras da duplicação no Sul. Obra orçada em U$S 800 milhões

2009 – Previsão contratual de conclusão das obras no trecho Sul

2012 – Mais U$S 799 milhões investidos

2016/2017 – Estimativa de conclusão das obras. Mais investimentos de U$S 534 milhões.

Atenção para estreitamento de pista

A diretoria do Dnit no estado recomenda atenção e cuidados para o estreitamento da faixa adicional de trânsito sobre a ponte do rio Tubarão no km 337. Com isso, o acostamento sobre a ponte até o pórtico próximo ao túnel do Morro do Formigão não abriga mais fluxo de veículos.

O segmento modificado compreende o fim do viaduto de acesso ao bairro Morrotes, passando pela ponte do rio Tubarão – lado direito, liberada em 2010, cruzando o acesso à SC-390. Em princípio, o acesso à rodovia estadual e o retorno dela à BR-101 seriam interrompidos, porém, devido à movimentação nesse ponto, o cruzamento em nível continua operacional. O estreitamento de faixas no fim da galeria do túnel – sentido sul, não foi alterado.

Com informações do Jornal Notisul