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Após tragédia, insegurança afeta moradores de Orleans

Foto: Daniel Búrigo / Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo / Clicatribuna

Os vestígios da tragédia que atingiu a comunidade do Bairro Alto Paraná, em Orleans, na noite de terça-feira (16), agravam o sentimento de dor e insegurança nos moradores da localidade. Após um desmoronamento de uma encosta culminar no falecimento de um jovem de 17 anos, em casa localizada na Rua Hugo Carlos Claumann, vizinhos ainda se encontram tocados pela possibilidade de um novo sinistro. Mas, o bairro não é o único ponto da cidade que sofre com as chuvas, uma vez que deslizamentos preocupam a cidade há mais tempo.

Para dar suporte à população, autoridades do município, do Governo do Estado e demais órgãos de segurança estiveram no local durante todo o dia de ontem dando novos encaminhamentos para as áreas de risco identificadas no município. Além do Alto Paraná, as fortes chuvas ocorridas na terça-feira atingiram e isolaram as comunidades de Rio Belo e Rio Novo. Conforme o coordenador regional da Defesa Civil, Rosinei Silveira, seis casas foram diretamente afetadas pelo deslizamento.

A casa onde o óbito ocorreu e outra localizada em cima do morro já estão completamente interditadas. Mas análises continuam sendo feita para as demais residências, a fim de decidir se os moradores podem retornar tranquilos para seus lares. “Se amanhã (hoje) não chover e estabilizar, eles podem retornar para suas casas. Se chover, não. Temos que garantir a vida dessas pessoas”, diz.

Mesmo com a possibilidade da Defesa Civil autorizar a permanência na residência, Leila Becker optou por retirar todos seus imóveis e deixar a casa para garantir a segurança da família. Muito abalada com o ocorrido, a moradora teme que a casa interditada em cima da encosta possa cair em cima da sua. “Vão esperar acontecer algo de novo para mandarem retirar os móveis daqui? Não estou dando bola para a casa, só não quero perder as minhas coisas. Eu paguei minhas coisas tudo com tanto trabalho e amor”, diz Leila.

Desapego material

Os moradores da casa interditada em cima do morro terão de praticar o desapago material, mas também agradecem pela vida mantida. Para Vera Lúcia Teles Borges, a possibilidade de continuar morando em sua casa já está descartada pelos técnicos. “Amanhã (hoje) nossos móveis serão retirados daqui. Morei toda minha vida nessa casa, estou aqui há 27 anos e agora iremos estranhar muito. Mas estamos recebendo todo auxílio necessário por parte da Prefeitura”.

Vera não estava em casa na hora do ocorrido, mas a filha Dhenifer Teles Borges presenciou tudo. Enquanto arrumava a casa, ouviu o barulho do muro do jardim desabando e sentiu o solo tremer. “Eu corri para janela para ver o que estava acontecendo e quando olhei, estava tudo despencando. Foi um susto, eu não sentia minhas pernas, elas só tremiam, parecia um terremoto”, relata. Assim como a moradora Leila optou, parte das famílias afetadas foi encaminhada para casas de aluguel da Assistência Social do munícipio.

Outra parcela está alojada junto de familiares. Ainda conforme a coordenadoria regional de Defesa Civil, os moradores que tiverem que deixar suas residências serão beneficiados com novas casas, construídas pelo Governo do Estado em locais seguros. A retirada de móveis e demais limpezas e manutenções da área continuam sendo realizadas pela equipe atuante junto da Prefeitura de Orleans.

Umidade no solo

Foram registrados pelo pluviômetro do município 57milímetros de chuva em cerca de 1h30min, que contribuiu diretamente para o deslizamento de terra. Mas esse não foi o único motivo que culminou no incidente. Por diferentes fatores, a área estava comprometida devido a ações humanas, conforme o coordenador Rosinei Silveira. Para analisar as questões, um engenheiro da Associação dos Municípios da Região Carbonífera – Amrec e a equipe do Instituto Geral de Perícias – IGP analisaram a área.

“Não se trata apenas da chuva, outro fator que contribui é a declividade do morro. Mas ainda havia plantio de bananeiras, que como uma esponja atrai muita umidade, além de vazamento de encanamentos. O solo perdeu toda sua sustentação”. Como medida paliativa, a água localizada na encosta foi escoada e depois, sacos de areia serão postos na área para auxiliar no quadro. Um laudo será emitido pela perícia dentro de 10 dias após a Polícia Civil solicitar a emissão do mesmo.

Com informações do site Clicatribuna