Segurança

Arsenal levado de loja de armas de SC foi encomendado por facção criminosa

Polícia Civil detalhou a ação dos criminosos nesta manhã de sexta-feira

Foto: Divulgação

As armas que foram levadas de uma loja no bairro Glória, em Joinville, foram recuperadas na tarde de quinta-feira (9), três dias após o furto. Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (10), a Polícia Civil divulgou detalhes da investigação, que apontou que o crime foi encomendado por uma facção criminosa que atua na cidade e na região.

Inicialmente, em contagem preliminar, a polícia tinha citado que 84 armas haviam sido furtadas, além de 5 mil munições. Em novo levantamento mais criterioso, foi dada a falta de 107 armamentos, entre revólveres, pistolas, espingardas e rifles. Quase todo arsenal já foi recuperado, mas a polícia ainda procura seis armas e cerca de 2 mil munições ainda não localizados.

— Já durante as investigações, comprovamos que [as armas] foram encomendadas por uma organização criminosa da cidade que patrocinou este crime, com intuito que essas armas fossem para as mãos de criminosos para a prática de crimes graves, como roubo, homicídios, latrocínios, enfim… — explica o delegado Murilo Batalha, titular Divisão de Investigação Criminal (DIC) que está à frente do caso.

Assim que a ocorrência foi registrada, por volta das 9h de segunda-feira, 6 de junho, a área em que aconteceu o crime foi isolada e a Polícia Científica foi acionada para fazer a perícia. Depois das provas colhidas no local, policiais civis, delegados, escrivãos e todo setor de investigação foram para as ruas fazer as diligências, segundo Batalha.

Durante a apuração do caso, um suspeito foi identificado pela polícia, assim como uma casa no bairro Costa, na zona Sul da cidade, onde havia a suspeita de que o arsenal estivesse escondido.

Com base nessas informações, os policiais voltaram para a unidade policial e pediram à Justiça que fosse expedido um mandado de busca e apreensão para o endereço, com prioridade de urgência.

— Os mandados saíram em menos de uma hora, conseguimos cumprir as buscas e apreensões. Localizamos as armas escondidas na casa de forma que, se eventualmente não fosse feita uma diligência com muita cautela, não teriam sido localizadas — afirma o delegado.

Além das armas e munições apreendidas, um homem de 51 anos foi preso em flagrante pela posse desse armamento. Além disso, ele também será responsabilizado por participação no furto.

Detalhes do crime

Murilo Batalha explica que, quando a polícia chegou no estabelecimento, no dia do crime, ainda era uma incógnita a forma que os criminosos utilizaram para acessar a loja de armas.

Mas, após análise da cena, a polícia identificou que os ladrões entraram durante a madrugada, pularam o muro de um estabelecimento comercial vizinho e, com auxílio de ferramentas, quebraram a parede de uma conveniência de bebidas, que fica ao lado da loja de armas, abriram um buraco numa segunda parede e chegaram na sala em que fica os cofres com o armamento.

Após o crime, o arsenal foi levado para uma casa no bairro João Costa. De acordo com o delegado João Gattaz, que participou desta primeira fase das investigações, o imóvel estava desabitado há cerca de três semanas e, até então, era alugado por uma família “que não levantava suspeitas”.

— A princípio, nas buscas, o imóvel estava totalmente limpo, mas verificamos que no teto da parte de trás da casa, onde era uma lavanderia, havia um buraco, que estava tapado com algumas madeiras e tapumes. Isso levantou a suspeita de que as armas pudessem estar no forro. Conseguimos uma escada com auxílio da perícia e subimos com todo cuidado pra preservar o local, e encontramos o armamento na laje da casa — explica Gattaz.

Investigação

Rafaello Ross, delegado regional que também estava presente na coletiva, disse que a prioridade era, de fato, tirar o arsenal das mãos dos ladrões, que tinham como intuito abastecer a criminalidade repassando as armas para o mercado clandestino.

Murilo Batalha ainda reforçou que, desde de segunda-feira, ininterruptamente, os policias ficaram nas ruas para identificar esses criminosos e recuperar o armamento.

A princípio, além do material recuperado, a polícia identificou um suspeito do crime, que inclusive já foi preso e possuía uma passagem policial de 2003 também pelo crime de furto.

A investigação está na fase inicial e continua a fim de prender outros suspeitos, que podem ser outras duas ou três pessoas ainda não identificadas pela polícia. Além disso, segundo Batalha, as buscas também seguem pelos mandantes do furto, que são integrantes de facção criminosa.

Para Ross, este tipo de crime é uma prática comum e lojas de armas são alvos constantes do crime organizado, entretanto, em Joinville, este furto foi um “caso isolado”, diz.

— A preocupação, desde o primeiro momento, era a segurança pública da região. Joinville é a maior cidade do Estado, então é natural que haja vários eventos relacionados à criminalidade, mas a DIC e as outras unidades temos um contato estreito da inteligência para mapear essas ações criminosas. Estamos direto nas ruas, e isso nos facilita — destaca o delegado regional.

Prejuízo seria de mais de R$ 500 mil

Além da segurança da sociedade, outra preocupação da polícia era o prejuízo do proprietário da loja, que foi estimado em R$ 500 mil. Com praticamente todo arsenal recuperado, Vanderson Nessler, proprietário da loja Pica-Pau, marcou presença na coletiva de imprensa e agradeceu as equipes que se empenharam nas investigações.

Ele contou  que encontrou dificuldades ao procurar seguradoras para a loja de armas e, caso não tivesse o material de volta, poderia prejudicar o negócio.

— Tirou um baita peso das nossas costas, estávamos preocupados primeiro com a questão do armamento, que garantidamente não iria cair nas mãos de cidadão de bem, que é quem busca a nossa empresa pra buscar uma segurança pra família. E poderia ser fatal para todo o nosso trabalho, que teria ido por água abaixo — disse, aliviado.

Com informações do NSC Total

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