Segurança

Assalto em shopping de Tubarão reacende discussão sobre o combate à violência

Foto: Reprodução

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O assalto desta quinta-feira no Farol Shopping, em Tubarão, em que uma dupla de criminosos disparou quatro tiros contra a vitrine de uma relojoaria, trouxe a discussão sobre a violência na Cidade Azul novamente à tona. Embora ninguém tenha se ferido, o episódio reacendeu o medo em muitas pessoas, que agora se perguntam como chegamos a este ponto e de que maneira podemos encontrar soluções. A reportagem do jornal Diário do Sul conversou com autoridades de segurança à procura de respostas.

Para o delegado regional de Polícia Civil André Bermudes, o desafio não é simples. Ele pontua que uma mudança positiva depende necessariamente de uma melhora significativa da segurança pública como um todo.

“É uma questão complexa. O crime não vai acabar. Ele existe por uma série de fatores – sociais, econômicos, psicológicos. O que a gente pode fazer é tentar impedir que ele aconteça e responsabilizar os autores”, observa Bermudes.

O comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar (PM) de Tubarão, o tenente-coronel Heder Martins, acrescenta que todos os órgãos precisam fazer a sua parte. “Eu acredito que a melhora da segurança depende de uma soma de esforços, que envolvem as polícias Civil e Militar, a Justiça e o Ministério Público”, opina.

O tenente-coronel da PM também questiona a eficiência da Justiça, ao ressaltar que os policiais militares prendem muitos criminosos mais de uma vez. “A gente prende muita gente e, em geral, essas pessoas já foram presas outras vezes, mas acabaram soltas em seguida, e continuam praticando crimes”, comenta.

No caso específico dos shopping centers, o delegado Bermudes defende que a presença de câmeras de segurança em alta definição é uma boa alternativa. Segundo ele, elas aumentam as possibilidades de identificação e de responsabilização dos autores e, por isso, podem funcionar também como uma forma de impedir ações criminosas.

Tanto o delegado Bermudes quanto o tenente-coronel Heder Martins são contrários à presença de vigias armados em shopping centers. “Uma reação com arma de fogo poderia ser algo extremamente perigoso. Imagina um tiroteio dentro do shopping? Alguém poderia ter ficado ferido”, diz Bermudes.

Para o tenente-coronel, a postura dos vigias do Farol Shopping, que não estavam armados e não reagiram, foi a ideal. “Essa é a postura que nós aconselhamos, de evitar o confronto. O mais importante é preservar a vida das pessoas”, ressalta Heder Martins. “Mas é claro que os estabelecimentos têm que tentar dificultar ao máximo a vida dos bandidos, com câmeras, alarmes…”, complementa.

O delegado André Bermudes ressalta também que a segurança, além de ser um direito do cidadão, é responsabilidade de todos. “As pessoas precisam acreditar nas instituições e nos ajudar, repassando informações relevantes para a investigação, seja de forma anônima, pelo telefone 181, ou seja em depoimentos”, diz.

A reportagem também procurou a direção do Farol Shopping para perguntar se haveria mudanças no local para melhorar a segurança de funcionários e clientes. Por meio da assessoria de imprensa, o shopping informou que não poderia se manifestar sobre o assunto na tarde desta sexta-feira. No dia do assalto, quinta, a direção divulgou uma nota em que lamentava o ocorrido e fez um pedido público cobrando “medidas mais eficazes contra a crescente onda de violência da nossa região”.

Novas imagens mostram ação de bandido dentro da relojoaria

Novas imagens que começaram a circular pela internet nesta sexta-feira mostram que os assaltantes do Farol Shopping agiram também dentro da relojoaria Quevedo. No registro, um dos assaltantes aparece entrando no estabelecimento armado, ameaçando clientes e subindo ao segundo andar da loja com uma funcionária.

As imagens também mostram clientes saindo correndo do local depois que o assaltante vai para uma sala junto com a funcionária. O bandido, que aparenta ter entre 20 e 30 anos de idade, está com uma sacola preta nas mãos, onde colocou as peças roubadas.

Segundo o delegado da Divisão de Combate a Furtos e Roubos (DCFR) de Tubarão, Danilo Bessa Brilhante, os assaltantes levaram, além de relógios, joias, anéis e cordões. O valor total dos objetos, contudo, ainda não tinha sido estimado nesta sexta-feira.

A dupla de assaltantes permanece foragida. “As investigações continuam. O que podemos divulgar até o momento é que eles usaram duas pistolas calibre 380, que foram quatro tiros disparados contra a vitrine, e que a moto usada já foi encontrada”, informa Danilo Bessa Brilhante.