Segurança

Atentados: Depois do medo e prejuízo, mudanças

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Estado em alerta, barricadas de viaturas em prédios públicos, ônibus incendiados e população com medo. Amanhã fará um ano que Criciúma vivenciou a audácia do crime organizado até então vista somente nas grandes metrópoles brasileiras, e pela televisão. A maior cidade do Sul catarinense foi a terceira a registrar um atentado orquestrado por uma quadrilha em Santa Catarina. Em outras regiões do estado, os ataques tiveram início antes.

O Primeiro Grupo Catarinense (PGC) – facção criminosa criada há dez anos na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, que se espalhou no sistema prisional – mostrava sua existência à população, que, até então, pouco ouvia falar de uma quadrilha articulada dentro do próprio sistema prisional. O Governo e a cúpula do sistema de segurança, durante uma década, negaram a atuação da organização criminosa chefiada por dez detentos que atualmente estão recolhidos em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), na Penitenciária de Mossoró (RN), de segurança máxima. 

Maioria dos processos adiantados 

Conforme o site Clicatribuna, no primeiro ano pós-ataques houve mudanças no sistema de segurança pública e prisional, que começou a monitorar com mais intensidade o crime organizado em Santa Catarina. Na esfera judicial, os processos dos detidos acusados de integrar o PGC estão adiantados. Estima-se que, até o final do ano, a maioria das sentenças sejam realizadas nas varas criminais de Criciúma. Atualmente são dez detentos processados apontados como articuladores e também executores das ações nas ruas. Dos três adolescentes apreendidos identificados como autores dos ataques, todos estão soltos. 

Segundo a Polícia Civil, a dificuldade em identificar os executores diretos dos atentados é devida ao medo das testemunhas de denunciar e ir em frente com o curso do inquérito policial e processual, e da artimanha em esconder a face, dos "soldados" da facção, em sua maioria menores, que têm a legislação branda em seu favor. Já para chegar aos mandantes regionais e seus braços, intitulados de "Disciplinas", a escuta telefônica foi a grande aliada para materializar as provas que levaram parte dos membros do crime organizado para de trás das grades, onde a facção começou. 

Tanto a Polícia Civil quanto a Militar e os setores de inteligência nas unidades prisionais seguem em trabalho intensificado para evitar novas ações. Uma megaoperação, envolvendo 130 policiais civis, em 3 de julho, na região, tirou de circulação dez suspeitos de integrar a facção, mantida por meio dos assaltos e do tráfico de drogas. O grupo também estaria se organizando para novos atentados.