Saúde

Caso Arthur: mãe questiona atendimento

Foto: Divulgação

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No começo de abril, o jovem Arthur Carvalho, de 34 anos, faleceu de pneumonia e infecção generalizada. Na época, foi ventilada a possibilidade de o rapaz ter contraído a gripe A, que foi descartada depois de exames. A mãe de Arthur, a ex-vereadora Albertina Terezinha de Carvalho, a Beth Xuxa, porém, entrou em contato com o DS para dizer que acredita que o filho não teria recebido tratamento adequado no primeiro atendimento.

Beth procurou o DS após Sérgio Custódio – irmão do empresário Roberto Felipe Custódio, de Tubarão, que faleceu na sexta-feira com Influenza A e suspeita de H1N1 – ter apontado ao jornal que acredita ter havido falhas no tratamento que podem ter contribuído para que o quadro do paciente se agravasse.

De acordo com Beth, ao sentir fortes dores de cabeça e outros sintomas, Arthur procurou a clínica Pró-Vida, onde foi atendido e fez um raio-X de crânio e exames de sangue. “O diagnóstico foi de sinusite, mas o exame de sangue dele mostrou alterações que poderiam indicar vírus. Em nenhum momento, porém, se ventilou a hipótese de que ele pudesse ter algo mais grave. Apenas deram medicamento para a dor e liberaram. Sequer pediram para que o quadro fosse acompanhado e houvesse retorno em caso de piora”, diz Beth. 

O filho faleceu dois dias depois do primeiro atendimento. “Evoluiu muito rápido. Na terça-feira o Arthur já foi para o HNSC e ficou internado. Foi para a UTI e morreu. No hospital fizeram de tudo para salvar ele, mas já não era possível. Como ele pode ter piorado tanto em dois dias?”, questiona.

“Minha pergunta é: se havia qualquer chance de ser alguma coisa que não sinusite apenas, por que o médico não orientou a realização de outros exames? Ou encaminhou para o hospital, onde ele poderia fazer outros testes e exames e talvez até receber o Tamiflu?”, completa a mãe.

Beth conta que poucos dias depois da morte do filho sentiu alguns sintomas como febre e mal-estar e procurou o posto de saúde. “Em seguida a Vigilância Sanitária já fez contato comigo para me fornecer o Tamiflu, que eu tomei. Está bem que meu filho não tenha tido H1N1 e não sei se algo salvaria a vida dele, mas o que fica claro para mim é que ele teve algo grave, que deveria ter sido investigado com mais atenção”, opina.

Outro caso

Sérgio Custódio contou à redação que, ao perceber sintomas como dor de cabeça, febre e mal-estar, Roberto procurou uma clínica da Cidade Azul, onde consultou um médico que o diagnosticou com virose. Ele retornou três vezes ao local, depois de não ter apresentado melhora, e foi nas três vezes liberado.

“Fico me perguntando por que não se pensou em dar o Tamiflu, sendo que vemos que a orientação é que a medicação seja dada em caso de sintomas de gripe A”, questionou Sérgio.

Depois de ficar quatro dias em casa ainda com mal-estar, Roberto foi para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde ficou internado por vários dias antes de falecer. “Nesse momento, o H1N1 já tinha avançado. O fato de ele não ter recebido o tratamento no começo o prejudicou muito, e a doença atingiu os pulmões”, lamentou o irmão.

Médico ressalta que sintomas dificultam diagnóstico

Procurada pelo DS, a assessoria de imprensa da Pró-Vida disponibilizou o médico Peter da Silva Henrique, especialista em clínica médica, para falar sobre os procedimentos e sintomas em casos suspeitos de gripe.

Conforme o especialista, a dificuldade do diagnóstico é grande. “Nós temos diversas doenças com sintomas muito parecidos, com algumas pequenas diferenças. O problema é que não existe nenhum exame que detecte na hora a presença do vírus H1N1, então o diagnóstico é feito pela análise dos sintomas e do quadro geral, que envolve os maiores riscos para aquele paciente”, pontua. 

Peter destaca, por exemplo, que o H1N1, a gripe comum e o resfriado são doenças que apresentam diversos sintomas em comum, como febre, calafrios, dor de cabeça, sensação de cansaço, tosse e catarro. “A diferença está na forma. A H1N1 normalmente apresenta febre repentina e alta, podendo facilmente chegar a 39°C. Na gripe comum, normalmente a febre não passa de 39°C e no resfriado normalmente é mais baixa. Ou seja, são os mesmos sintomas de forma diferente e a avaliação leva em conta tudo isso, mas nem sempre temos um quadro típico. Às vezes a pessoa tem um sintoma e não tem outro, ou tem sintomas que podem indicar várias doenças, como dengue, leptospirose, H1N1”, explica. 

Para o médico, um agravante este ano foi que os casos de gripe H1N1 começaram mais cedo. “Normalmente o médico considera muito a sazonalidade da doença. Dificilmente se pensa em dengue em época de frio. Como não estamos ainda na época de gripe, muitas vezes outras patologias são apontadas como mais prováveis”, diz. 

O médico ressalta que não pode falar pelo caso específico do paciente Roberto e de Arthur. “Eu não fiz o atendimento. O que, neste momento, como regra geral devemos adotar, já que temos casos da doença ocorrendo, é, se houver possibilidade de ser gripe, indicar o Tamiflu, pois o grande problema é que, como o exame demora até mais de uma semana, quando ele sai o paciente ou se curou ou está muito agravado”, destaca. 

A Gerência Regional de Saúde de Tubarão – Gesa ainda não obteve confirmação se Roberto teve o vírus H1N1, apenas que ele tinha Influenza A. O órgão destacou que a conduta indicada pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina – Dive/SC segue as orientações do Ministério da Saúde de que o Tamiflu seja ministrado em casos suspeitos de Influenza A.

Com informações do site Diário do Sul