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Cidade mais antiga do sul do Estado completa 337 anos

Município terá uma semana de festividades

Uma estátua de bronze nas proximidades das docas do centro histórico, em frente ao teatro Cine Mussi, marca o início da colonização de Laguna. O monumento relembra a saga do bandeirante Domingos de Brito Peixoto, segundo os livros de história, no dia 29 de julho de 1676 chegou em Laguna.

Nesta data, 337 anos depois, Laguna comemora mais um aniversário. A data festiva, dia 29, será marcada com o início da Semana Cultural. Nos primeiros raios de sol, uma salva com 21 tiros irá acordar a cidade. Ás 10h, tem homenagens ao fundador da cidade, Domingos de Brito, no centro histórico.

Logo mais à noite tem ás 19h30min, tem solenidade de abertura da 32ª Semana Cultural, no Centro Cultural Santo Antônio dos Anjos.

Em seguida, abertura dos estandes de exposição com artesanato, fantasias de escolas de samba e do concurso municipal, rendas de bilro, fotografias de artistas locais.

Também apresentação de Boi de Mamão. Exposição e venda de livros. Ás 21h, tem culto ecumênico e depois corte de bolo em comemoração ao aniversário da cidade.

O presidente da Fundação Lagunense de Cultura, Leonardo Pascoal, explica que a programação será encerrada dia 4 de agosto, com homenagens à Anita Garibaldi.

História

Laguna em 1847, por Decreto Imperial, foi elevada a categoria de cidade. Porém,  a história de Laguna começou há seis mil anos com os primeiros registros de comunidades pré-históricas, os sambaquis, chamado pescadores-coletores, formações elevadas compostas de conchas, ossos, restos de fogueiras e artefatos, alguns com 35 metros de altura.

Eram hábeis pescadores e mergulhadores de águas profundas, navegavam de canoa e chegavam a capturar golfinhos e arraias. Gerações de famílias viveram nos sambaquis, que em tupi-guarani quer dizer amontoado de conchas.

O povo dos sambaquis, de acordo com estudos, teve contato com os xoklengs e carijós vindos do oeste, e absorveu a cultura de outras tribos. Os índios se adaptaram a região devido à proximidade com a lagoa, uma fonte de alimentos.

De acordo com levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) o município conta com 30 sítios arqueológicos, de artefatos do povo sambaqui e dos guaranis.

Laguna nasceu em terras de disputa colonial. Durante os séculos XVII e XVIII, entre as metrópoles portuguesa e espanhola resultaram no Tratado de Tordesilhas (1494). Desse conflito entre metrópoles, uma extensa colônia passava a se formar.

Roteiro turístico cultural

Com seus 337 anos de fundação Laguna tem muita história para contar, que começou com o povo pré-histórico, colonização açoriana e resultou num belo conjunto arquitetônico tombado pelo patrimônio nacional, belas praias, um dos maiores sítios arqueológicos de sambaquis da América e diversas peculiaridades de uma cidade que se transformou em roteiro histórico-cultural.

A história de Laguna começou há seis mil anos com os primeiros registros de comunidades pré-históricas, os sambaquis, chamado pescadores-coletores, formações elevadas compostas de conchas, ossos, restos de fogueiras e artefatos, alguns com 35 metros de altura. Eram hábeis pescadores e mergulhadores de águas profundas, navegavam de canoa e chegavam a capturar golfinhos e arraias. Gerações de famílias viveram nos sambaquis, que em tupi guarani quer dizer amontoado de conchas.

O povo dos sambaquis, de acordo com estudos, teve contato com os xoklengs e carijós vindos do oeste, e absorveu a cultura de outras tribos. Os índios se adaptaram a região devido à proximidade com a lagoa, uma fonte de alimentos.

De acordo com levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) o município conta com 30 sítios arqueológicos, de artefatos do povo sambaqui e dos guaranis.

Laguna nasceu em terras de disputa colonial. Durante os séculos XVII e XVIII, entre as metrópoles portuguesa e espanhola resultaram no Tratado de Tordesilhas (1494). Desse conflito entre metrópoles, uma extensa colônia passava a se formar.

De 1500 a 1700, mas de 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil-Colônia. Portugal temia invasões espanholas no Sul do Brasil, principalmente, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, áreas estratégicas para se chegar ao Rio da Prata.

O litoral permitia o abastecimento de água e alimentos às embarcações. Na disputa, a necessidade de alargar as fronteiras da colônia Brasil. Contudo, somente no século XIX, foram dados os primeiros passos para uma ocupação mais efetiva do território, com políticas de povoamento para o Sul.

Foi no ano de 1676, em 29 de julho, que o bandeirante vicentista Domingos de Brito Peixoto chegou em Laguna. Por ser devoto ao Santo Antônio, o bandeirante batizou o lugar como Santo Antônio dos Anjos de Laguna. A primeira  providencia foi a construção de uma capelinha, construída de pau a pique, mesmo local da atual. Poucos moradores fixaram residências na localidade neste período.

Segundo o historiador Antônio Carlos Marega, Laguna foi colonizada em duas etapas: a primeira, no século XVIII, meados de 1740, desbravou a região costeira da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, região que vai do Bananal até a Madre, passando por Ribeirão Pequeno. Esses primeiros colonizadores, conhecidos como portugueses dos açores, procuraram habitar o local em busca da pesca e do solo produtivo.

Já na segunda etapa da colonização, na primeira metade do século XIX, com o crescimento do porto, os chamados Portugueses do Continente, trouxeram o desenvolvimento econômico para a cidade. "Foram eles que injetaram dinheiro no local, formando a cadeia genealógica (famílias tradicionais) e a cultura lagunense", acrescenta o historiador.

Foi o porto de Laguna que veria em 1839 transformar a pacata vila em cenário revolucionário. A República Rio Grandense fundada pelos farroupilhas precisa prosperar e para isso necessitava chegar até o mar. Os imperialistas controlavam os portos e rios do estado vizinho. Com apoio do italiano Giuseppe Garibaldi montaram uma manobra para surpreender os imperialistas através da lagoa Santo Antônio, entrando pela lagoa Garobapa do Sul e barra do Camacho e seguindo pelo rio Tubarão. Ele conseguiu chegar na cidade, onde se apaixonou pela lagunense Anita.

Entre os anos de 1748 e 1756, vieram os imigrantes açorianos, incentivados pela Coroa Portuguesa com a intenção de impulsionar as vilas litorâneas do sul do Brasil com aumento populacional. Isto provoca uma grande modificação nos usos e costumes da Vila, maior desenvolvimento da agricultura e dos moinhos de farinha de mandioca.

Os açorianos ao chegarem adaptaram-se a nova vida. Modificaram alguns de seus hábitos, entre eles os alimentares. Substituíram a farinha de trigo, base da alimentação, pela farinha de mandioca e a carne pelo peixe. O peixe era salgado para consumo ou exportação. Até o início do século XIX a economia continuou sendo de subsistência. existência do porto como fator preponderante ao desenvolvimento de Laguna.

Imigração

Neste tempo é registrado a vinda dos imigrantes europeus (italianos e alemães). Os imigrantes chegavam pelo porto de Laguna, ficavam na beira da praia, nos trapiches, esperando embarcações e seguiam para o interior. No começo era pelas lagoas e rios e mais tarde através da estrada de ferro Dona Tereza Cristina (iniciada sua construção em 1880 e aberta ao tráfego em 1884).

Com o desenvolvimento das colônias (Azambuja, Urussanga, Grão-Pará, Princesa Isabel e Braço do Norte) os produtos por elas produzidos eram trazidos de trem e escoados através do porto de Laguna.

Este fato juntamente com a exploração do carvão, fez com que, na segunda metade do século XIX, Laguna assumisse a 4ª posição no estado quanto a movimentação portuária.

O comércio de representações aliado as indústrias da região enriquece ainda mais as companhias de navegação, lucrando também no transporte.

Os comerciantes desfrutaram de uma boa situação econômica possibilitando melhores condições de vida a toda população.

Este período constituiu a época áurea de Laguna. Algumas construções do Centro Histórico testemunham ainda hoje a riqueza vivida nestes anos. Parte da geração desta época está registrada, hoje, nas ruas de Laguna, através dos nomes de ruas, como: Conselheiro Jerônimo Coelho, Raulino Horn, Oswaldo Cabral, Tenente Bessa, entre outros.

A implantação das edificações nos lotes urbanos foi aos poucos se modificando.

As casas térreas e os sobrados passaram a conviver com novas edificações, agora no estilo eclético.

A princípio eram os porões altos ainda no alinhamento dos lotes. Mais tarde são os recuos laterais, possibilitando os acessos através de escadas junto aos jardins, cada vez maiores e mais imponentes.

O espaço urbano, consequentemente, alterou-se significativamente e passou a incorporar vazios entre as edificações, que antes formavam uma superfície contínua com as fachadas das casas.

As construções ecléticas foram locadas principalmente na parte mais central do Centro Histórico. A maioria construída para uso residencial.

A cidade figura edificações carregadas de decorações, vidros desenhados e ferros importados. O telhado arrematado com platibandas ornamentais, balaustradas, e calha para escoar a água das chuvas. O peitoril e a bandeira desaparecem sendo substituído por massa com motivos decorativos. As paredes passam a ser construídas de tijolos e cal, dando maior precisão e diminuindo a espessura. Estes novos elementos marcaram fortemente a nova arquitetura e mudaram a paisagem urbana.

Desenvolvimento urbano e intelectual

Portanto, foi na virada do século, pelo enriquecimento natural da população, que Laguna testemunhou o desenvolvimento urbano e intelectual mais significativo desde a sua fundação. Surgiram nesta época o teatro Sete de Setembro (1858), a tipografia do primeiro jornal (1878), o hospital (1879), o primeiro hotel na Rua da Praia, o Cine Central, a iluminação pública a petróleo (1891) e o antigo Mercado Público (1893). Este último, incendiado na primeira metade do século XX.

Entre 1914 e 1915 organizam o Jardim Calheiros da Graça com chafariz, palmeiras e iluminação. Inaugurado em 25 de abril de 1915. Inaugura-se a Biblioteca Pública em 1925, e também o prédio do Banco Nacional do Comércio.

Entre os anos de 1930 a 1950 aconteceram grandes transformações. Surge o primeiro automóvel, ônibus urbano e ruas calçadas.

No período de 1930 a 1940 edificam-se as sedes do Clube Blondin (hoje Casa do Patrimônio do Iphan), e a nova sede do Clube do Congresso Lagunense.

Mais tarde, a Rua da Praia (atual Gustavo Richard) perde o movimento de embarque e desembarque, pois o porto foi transferido para o atual local, no bairro Mar Grosso e a estação de trem para o final do Campo de Fora.

Após a 2ª Guerra Mundial com a organização do porto de Imbituba, melhor localizado para receber navios maiores e de maior cabotagem, Laguna perde competitividade. A crise não foi maior devido a concentração de serviços comerciais, financeiros e públicos que Imbituba ainda não possuía.

No final da década de 50, Laguna decaiu economicamente pela diminuição da atividade portuária, pelo enfraquecimento do pólo comercial, e fracasso na tentativa de industrialização.

Na década de 60, a construção civil praticamente paralisou. Outro fator determinante para o declínio foi o transporte rodoviário. A construção da BR-101 e abertura ao tráfego
da ponte rodoviária da Cabeçuda, deslocou o polo econômico da região sul de Laguna, para outros municípios, como por exemplo, Tubarão.

Permaneceram aqui somente produtos pesqueiros, pequenas indústrias, como confecções e o processamento da fécula de mandioca e arroz.

Mas, na década de 70, a mesma abertura da BR-101 trouxe a possibilidade de uma nova atividade econômica. A exploração turística do Balneário do Mar Grosso, bairro oposto ao Centro Histórico, impôs uma implantação urbana diferenciada dos outros bairros da cidade que se expandiram espontaneamente.

O crescimento do número de turistas de veraneio estimulou o crescimento imobiliário na praia e, como conseqüência, o centro histórico da cidade.

Em 1985, após estudos baseados no levantamento o Iphan, propôs o tombamento de uma fração da cidade. Esta considerada, por suas características e atributos, o centro fundamental para a manutenção da identidade e da paisagem urbana tradicional do sítio histórico da cidade.