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Com grande capacidade turística, região ainda apresenta defasagens

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

O turismo proporciona o fortalecimento econômico e agrega valores culturais a uma região. Representa um papel fundamental no seu desenvolvimento, além de ser o segmento que mais possibilita o reconhecimento mundial de uma determinada localidade. A Região Carbonífera conta com diversidade de cultura, belezas naturais e preservação histórica, que enaltecem o turismo de suas cidades. Entretanto, segundo apurou a jornalista do Clicatribuna, Alissa Steilein, em sua maioria, os municípios da Amrec apresentam carência de investimento e defasagens no turismo, o que impossibilita a sua consolidação.

Faltam profissionais para prestar atendimento

Orleans também está entre as tradicionais cidades turísticas da região. Possui importantes pontos turísticos, como as Esculturas do Paredão, o museu ao ar livre e uma vasta quantidade de documentos históricos. Porém carece de funcionários que possam dar suportes aos turistas que chegam à cidade. Atualmente conta com apenas duas pessoas aptas para desenvolver o trabalho de guia. "O ideal seriam pelo menos cinco pessoas, mas é difícil manter os funcionários e realizar as constatações. Apesar dessas dificuldades, estamos apostando e investindo no setor turístico", relata o prefeito de Orleans, Marco Antonio Bertoncini Cascaes.

Com mais de 20 mil habitantes, Urussanga é um dos principais municípios da região. O certificado de Indicação Geográfica de Procedência dos Vales da Uva Goethe impulsionou o turismo da cidade, que tem como uma das principais atrações os vinhos ali produzidos. São quatro vinícolas e diversos produtores de uva e vinho em toda extensão territorial. Urussanga também possui tradicionais edificações, até hoje preservadas, que encantam os visitantes. "Estamos investindo muito no turismo e na cultura de nossa cidade. Já realizamos várias mudanças. Nosso objetivo é incentivar o setor e focar, principalmente, nas festas municipais, que chamam os turistas para nossa cidade", declara o prefeito Johnny Felippe.

A proprietária de uma dessas tradicionais edificações, tombada pelo patrimônio nacional, é Olga Bez Fontana, de 78 anos, dona do conjunto histórico em madeira da Família Bez Fontana, que completa o guia turístico da cidade. O lugar, antigamente utilizado para trabalho, já recebeu muitos turistas, diferente dos tempos atuais. Olga não tem mais interesse em receber os visitantes, já que a família era quem ficava responsável pela recepção e manutenção da casa. "Era muita bagunça. Os turistas não respeitavam nossas residências. Meu filho era quem ficava responsável por recebê-los e orientá-los. Nunca recebemos apoio municipal ou estadual para manter a edificação", explica.

Felippe afirma que o município não pode interferir em uma localidade privada, por mais que ela faça parte do roteiro turístico municipal. "O que desejamos é profissionalizar o turismo. Temos interesse em fazer parceria com esses proprietários para readequar o segmento e torná-lo direcionado", completa.

Proprietária só abre antigas edificações aos finais de semana

Também proprietária de antigas edificações, os casarões de pedra de Nova Veneza, Luana Bortolotto passa por questões parecidas com as de Olga. Hoje ela abre os casarões nos finais de semana, das 13h às 17h. Para atender os turistas, paga cerca de R$ 40 para um guia e uma pessoa que fica responsável pela segurança. Recebe em torno de 20 a 30 turistas entre sábado e domingo. Mas a proprietária não consegue ter lucro, apenas prejuízos.

"Cobramos na entrada um valor significativo de R$ 3. Para que eu não tenha prejuízo no domingo, por exemplo, é necessário que, pelo menos, 26 turistas venham nos visitar, contando que neste dia há dois guias. Só que nem sempre recebemos essa quantidade de pessoas", revela. "Fazemos isso porque pensamos na cidade e sabemos que é benéfico para a economia local. Porém não temos como abrir as casas durante a semana, pois trabalhamos em outros lugares e precisaríamos contratar alguém, o que gera um custo elevado".

Segundo o prefeito de Nova Veneza, Evandro Gava, para fomentar o turismo, é necessário que haja uma integração e apoio da própria cidade. Na tentativa de lutar por esses patrimônios, ele conta que investe na divulgação do segmento e em cursos profissionalizantes. "Esses patrimônios particulares são um exemplo de pelo que precisamos lutar. Entretanto não podemos pensar no turismo de uma forma isolada, e sim como um conjunto. Precisamos incentivar investidores e despertar o interesse desses proprietários. Aos poucos, a perspectiva de turismo na cidade está mudando".

Hoje Nova Veneza conta com a Gôndola Di Veneza, doada pela Província de Veneza, que se tornou uma das principais atrações da cidade. De acordo com Gava, o município também tem como marco turístico a gastronomia italiana, sendo que há sete restaurantes na cidade. "Nova Veneza é uma cidade charmosa, com vários atrativos. Queremos investir muito no turismo cultural, com a realização de shows e eventos. Ainda quero ver nossa praça cheia, com muitos barzinhos e movimento", destaca o prefeito.