Saúde

Com superlotação, HMISC atende apenas casos de urgência e emergência

Criciumense Priscila Marcelino, de 34 anos, relatou que a filha estava doente há dias e teve recusa de atendimento

Foto: Nilton Alves

A superlotação no Hospital Materno-Infantil Santa Catarina (HMISC) de Criciúma resultou na transferência de 12 crianças para outros hospitais do Estado no último domingo, dia 10, e restringiu os atendimentos para apenas casos de urgência e emergência. Ontem à noite (segunda-feira, 11), após ter assistência médica negada para a filha de 10 anos, uma mãe se revoltou e discutiu com uma enfermeira do local.

A criciumense Priscila Marcelino, de 34 anos, relatou que a filha estava com febre, forte dores de cabeça e de estômago, há mais de três dias. Ela havia levado a filha no Centro de Atendimento Ambulatórial 24 Horas Boa Vista, que a encaminhou para o HMISC.

“Faz três dias que estou dando paracetamol e ibuprofeno para minha filha. Passamos pela triagem do Hospital Santa Catarina e a enfermeira disse que ela não tinha nada.
Meia hora antes de ir para o hospital, eu tinha dado um banho e remédio. Então, se fazer laudo nenhum, me pediu para levar ela em uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento], lugar que eu já tinha ido”, relatou a mãe.

Triagem

Após a enfermeira informar que não atenderia a criança, a mãe se revoltou e se recusou em sair de dentro da sala. Tanto ela, quanto a enfermeira, filmaram o momento da discussão. “Foi quando ela me disse que chamaria a polícia. Nesse momento, eu realmente me revoltei. Não aceitei o fato de ela ter recusado atendimento para minha filha, uma criança que já passou por mais de uma cirurgia no intestino”, falou Priscila.

De acordo com César Magalhães, diretor do HMISC de Criciúma, o hospital está apenas cumprindo as orientações da Secretaria da Saúde. “Não estamos negando atendimento para ninguém, só fomos orientados a atender apenas situações de urgência e emergência por causa da superlotação. A gente atende na triagem e encaminha para as UPAs”, disse.

A Polícia Militar (PM) esteve no local e as duas registram um Boletim de Ocorrência (B.O). Priscila irá responder por desacato ao funcionário público, crime previsto pelo artigo 331 do Código Penal, e também realizou denúncia de negligência da profissional de saúde.

Sem leitos disponíveis

No último fim de semana, o HMISC de Criciúma recebeu alta demanda de internações. Somente no domingo, 12 crianças foram transferidas após superlotação na entidade. E, na tarde de ontem, oito pacientes internados no pronto-socorro aguardavam pela espera de leitos. A instituição atende todo o Sul do Estado e é considerada referência na região.

Todos os 29 leitos pediátricos estavam ocupados e mais 23 crianças estavam sob atendimento, em um total de 52 crianças internadas, sendo seis desses entubados. Para conseguir absorver todos esses pacientes, estabilizá-los e garantir maior segurança, foi montada uma UTI na área de pronto- atendimento do hospital.

Transferência

Diante da situação e do risco para os pacientes, três crianças internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, duas em UTI neonatal e sete em leitos clínicos pediátricos foram transferidas para outros hospitais de Santa Catarina. As transferências acontecerem através de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e serviços aeromédicos, com helicópteros do Corpo de Bombeiros.

Visita urgente do governador

No mesmo dia, em visita urgente, o governador Carlos Moisés, o prefeito Clésio Salvaro e o secretário Municipal de Saúde, Arleu Silveira, estiveram no hospital avaliando a situação.

Conforme acordo das autoridades, pacientes de risco habitual, classificado pelas cores verde ou azul, devem ser transferidos para as duas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Criciúma, localizadas nos bairros Rio Maina e Próspera. Também está sendo alinhada com os municípios vizinhos, por meio das Secretarias de Saúde, a possibilidade de extensão de horário das unidades de saúde, até as 22h.

O hospital conta com 29 leitos de internação pediátrica, em que 12 são destinados à UTI. Uma das grandes causas do aumento das internações se dá pela chegada do frio, que resulta muitas vezes, em doenças respiratórias. Trata-se de uma época sazonal.

Protocolo

O Hospital Materno-Infantil Santa Catarina adota o Protocolo de Manchester, que estratifica os pacientes em cores de acordo com o grau de gravidade de cada um.

Com informações do TNSul

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