Cultura

Comunidade faz mobilização pela restauração do Centro Cultural Jorge Zanatta

Políticos afirmam que trâmites burocráticos para iniciar restauração devem ser solucionados até julho deste ano

Na manhã deste sábado (25), professores, artistas, escritores, representantes políticos e simpatizantes da cultura regional se reuniram em frente ao Central Cultural Jorge Zanatta, de Criciúma, para realizar uma manifestação em prol da restauração do prédio. 

O ato foi organizado pela Associação Sul Catarinense de Artes Visuais – Ascav e reuniu aproximadamente 100 pessoas, que realizam um abraço simbólico no prédio, com intuito de chamar a atenção das autoridades em relação à situação precária a qual se encontra a estrutura.

Emocionada, a vice-presidente da associação e artista plástica criciumense, Hellen Rampinelli, falou da importância do espaço para a cultura da cidade. "Esse local faz parte da história de todos os artistas da nossa região, é um lugar onde se concentra a arte, a música, a cultura, e uma das únicas galerias de arte contemporânea da nossa região. Essa casa é nossa, essa casa é da cultura", disse.

"Sem memória não há identidade"

De acordo com a professora de história e patrimônio histórico, Marli de Oliveira Costa, a Lili, que também é membro da Comissão de Patrimônio Histórico de Criciúma, o prédio tem um valor ainda mais que material, e sim memorial.

"O Centro Cultural Jorge Zanatta é uma referência da memória criciumense, tanto em relação às questões referentes à atividade carbonífera, e também outras memórias, como logo quando foi usado, após o Golpe da Ditadura Militar, em 1964, como uma das alas para reter lideranças políticas consideradas subversivas. Além disso, de 1996 a 2013, o prédio recebeu a memória mais linda que é a cultura, foi utilizado pela direção da Fundação Cultural como galeria de arte, local para realização de oficinas, exposições, teatro, música", conta. 

Segundo ela, ao se pensar em restauração deve-se pensar também em prevenção e um uso adequado para que o prédio reporte a memória da cidadania cultural de Criciúma. "A cidade merece que esse prédio seja de uso cultural e público, para que as pessoas possam revisitar o passado por meio das paredes e pedras que se apresentam como suporte material da memória coletiva de um povo", finaliza Lili. 

Ententa o caso:

O prédio do Cento Cultural Jorge Zanatta antigamente era utilizado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, o setor mudou-se para outra estrutura e o local passou a ser útil para Fundação Cultural de Criciúma – FCC realizar suas atividades, por muito anos.

O centro está abandonado desde 2013, devido à precariedade da estrutura que foi construída em 1946, e aguarda por uma restauração. No entanto, alguns impasses burocráticos e administrativos impedem que qualquer ação seja feita. Para realizar a restauração, o município precisa ter um documento que comprove a posse do imóvel, no entanto, o centro cultural é de responsabilidade da Secretaria de Patrimônios da União – SPU.

Impasses resolvidos até julho deste ano

De acordo com o deputado estadual Valmir Comin, até julho deste ano o município garante ter uma segurança jurídica para começar a buscar recursos para a restauração do Centro Cultural. Como o local é de propriedade da União, por meio do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, para que o município possa realizar a restauração é preciso ter a posse da estrutura ou um documento que a represente. 

De acordo com Comin, uma reunião foi realizada entre DNPN, município e União, na semana passada e houve um acordo de comodato, sem data definida. Na ocasião o projeto da estrutura do DNPN foi apresentada e deverá ser analisada.

O prédio do departamento ficará na parte de trás do centro, e terá dois pavimentos. "Está tudo de acordo, agora só falta a parte burocrática. Garantimos que até julho teremos segurança jurídica necessária para iniciar a busca de recursos e posteriormente realizar a restauração do prédio", garantiu o deputado, que assegura que o local será utilizado para a cultura local.

De acordo com o Portal Engeplus, a manifestação iniciou às 10 horas e seguiu até pouco mais de 11 horas. No local os participantes também assinaram um abaixo assinado pelo tombamento estadual do pratimônio.

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