Segurança

Corpo de Bombeiros de Criciúma pode ter trabalhos paralisados por conta de impasse no São José

Foto: Arquivo / Clicatribuna

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A novela que envolve as dívidas do Hospital São José de Criciúma teve mais um grande drama evidenciado ontem. Desta vez, a preocupação se volta para o serviço do Corpo de Bombeiros da cidade. Isso porque dentre o valor de R$ 5,9 milhões bloqueados das contas do Município na última semana, por meio de determinação judicial e repassados ao hospital, R$ 1,5 milhão foram tirados da conta do batalhão, que é vinculada à prefeitura.

Conforme o comandante do 4º Batalhão de Bombeiros Militar, tenente coronel James Marcelo Ventura, após essa retirada, a conta está completamente vazia, o que abre a possibilidade de paralisação nos trabalhos da equipe por falta de verbas para manutenção e compra de materiais básicos como gasolina para as viaturas e ambulâncias.

Sem dinheiro para combustível, manutenção de carros e alimentação dos profissionais, os trabalhos podem ser paralisados. “Simplesmente não teremos alternativa. Quando acabar a gasolina, por exemplo, não temos de ode tirar dinheiro para abastecer. A única opção será parar os atendimentos. Corremos realmente esse risco”, disse. O tenente coronel não sobre especificar por quanto tempo o combustível e o restante dos materiais será suficiente para manter os trabalhos.

Montante significativo

O valor repassado dos Bombeiros para o Hospital São José, conforme o comandante, representa mais de um ano de taxa de vistorias somadas. “São aproximadamente dois milhões e quatrocentos mil metros quadrados vistoriados para conseguir arrecadar esse montante. Tão cedo não conseguiremos repor o caixa”, explicou.

Tentativa em vão

Durante a tarde de ontem, Ventura foi pessoalmente até a Justiça Federal fazer um apelo para que o valor retirado da conta do Batalhão fosse reavido para evitar a paralisação dos trabalhos, porém, a ação não surtiu o efeito esperado.

Conforme documento assinado pela juíza federal substituta Mariana Ribeiro de Castro e publicado ainda na tarde de ontem, a devolução não seria possível já que “os valores bloqueados das contas do Município de Criciúma/SC já foram transferidos para o Hospital São José, não estando mais à disposição deste Juízo”.

Prefeitura “lava as mãos”

Apesar de reconhecer a gravidade do problema, a Administração Municipal afirma que não pode resolver a situação, já que não foi a responsável pelo uso do valor. “Da mesma maneira que os Bombeiros tiveram seus recursos tirados de forma injusta, outros diversos setores foram prejudicados. Quem determinou isso foi a justiça e eu creio que é a própria justiça que agora precisa resolver”, comentou.

De acordo com o gestor municipal, a esperança é de que o valor seja devolvido pelo Estado ou pelo hospital. “Essa é a forma de o Batalhão reaver esse dinheiro. Eu, como prefeito, nem poderia repassar um valor da prefeitura para a conta deles. Seria, inclusive, ilegal. Nós nunca nem tocamos nesses recursos. Os autos do processo já mostraram que não foi correto esse seqüestro de valores da prefeitura porque a dívida não é nossa”, completou.

Visita de secretário não traz avanços

O secretário de Estado da Saúde, João Paulo Kleinübing, esteve em Criciúma durante a tarde de ontem para reuniões carregadas de expectativas. Apesar de muito aguardada, a visita não rendeu sequer alguma decisão. Em uma reunião de mais de uma hora e meia no Hospital São José, Kleinübing se atualizou sobre a situação da instituição e explanou questões do ponto de vista do Estado. Conforme o secretário, o momento é de dificuldade no que diz respeito ao serviço público e os seus recursos e o governo está se propondo a rediscutir o contrato com a instituição de acordo com a sua atual realidade financeira.

Sobre a dívida com a instituição, avaliada por uma perícia judicial em aproximadamente R$ 7,8 milhões, Kleinübing afirma que não abrirá mão de contestá-la judicialmente. “Temos muitas divergências nos valores. Desse total, o Estado reconhece apenas R$2.300 milhões. Nós nunca dissemos que não vamos pagar a dívida, porém vamos pagar apenas o valor realmente devido e contratado”, comentou.

Apesar de ter sido assunto comentado entre a passagem do secretário por Criciúma, o novo contrato não teve avanços significativos.

Preocupação do hospital

Para a diretora administrativa, Irmã Terezinha Buss, a visita pôde ser considerada positiva, apesar de não ter rendido decisões práticas. “Tivemos a oportunidade mostrar a situação real do hospital. Ele recebeu, avaliou e compreendeu algumas situações sob nosso ponto de vista também”, afirmou.

De acordo com a irmã, a sinalização do secretário foi de reajustar no final do mês as questões da alta complexidade. “Então para nós restou uma dúvida muito grande quanto à média complexidade e quanto ao incentivo que ele disse que vai reduzir. Hoje temos uma inflação considerável e, ao invés de termos reajustes, estamos diante de uma redução desses valores. Não podemos admitir essa realidade”, declarou.

Até o fim do mês, quando o novo contrato deverá ser finalizado, conforme Teresinha, a equipe do Hospital São José continuará avaliando números e possibilidades com a Administração Municipal e com o governo. “Nossa esperança é de que até lá os gestores vejam a realidade como ela é e a importância desses repasses”, comentou.

Conforme a diretora, atualmente o déficit mensal da instituição é de em média R$ 2,5 milhões, sendo que os repasses recebidos somam aproximadamente R$ 5 milhões.

Com informações de Mayara Cardoso / Clicatribuna