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Criciumense que sobreviveu ao incêndio passa bem e encontro com a família está próximo

Moisés da Rosa Tancredo, 23 anos, reside em Santa Maria há mais de dois anos e é acdêmico do curso de Engenharia Elétrica

Fotos: Leonardo Zanin/Clicatribuna

Fotos: Leonardo Zanin/Clicatribuna

O jovem criciumense, Moisés da Rosa Tancredo, 23 anos, foi para Santa Maria há dois anos e meio com o objetivo de realizar parte do seu sonho, que é se tornar engenheiro elétrico e poder, um dia, trabalhar na Petrobrás. Ele quase teve seu sonho interrompido na madrugada de domingo. Moisés era frequentador da Boate Kiss e estava no local com três amigos no momento em que aconteceu a tragédia. Todos sobreviveram, mas inalaram a fumaça tóxica causada pelo incêndio. Ainda sem saber o que havia acontecido, a mãe do estudante, Valdete da Rosa Tancredo, diz ter sentido algo ruim e não conseguiu dormir direito. Parece que ela estava prevendo que algo aconteceria com seu filho.

“Ele frequentava aquela boate, mas nesse dia não tinha falado que ia. Eu estava sentindo algo ruim a noite inteira e só pedia para Deus guardar a vida do meu filho. Quando o telefone tocou, por volta das 6h25min, eu já atendi e disse “o que foi Moisés”. Ele ficou surpreso porque eu tinha adivinhado que era ele e pensou que eu já sabia o que tinha acontecido, pela velocidade que eu atendi o telefone. Então começou a me contar o que tinha acontecido. Ele disse que havia muita gente morta, mas que estava tudo bem com ele”, conta a mãe.

Apesar de ter falado com o filho, Valdete ainda estava apreensiva. Quando ligou a televisão e viu a gravidade da situação, a aflição voltou. “Ela estava nervosa e eu tentei acalmá-la dizendo que ela tinha ouvido a voz dele, que estava tudo bem com ele, mas não imaginava a proporção. Quando ligamos a TV e vimos a gravidade da situação começamos a ficar assustados. Tentamos ligar e ele não atendia o celular. Só consegui falar com ele às 13h. Ele disse que tinha ido ao hospital com os amigos porque tinha inalado a fumaça, mas que já estava se sentindo melhor”, relata o pai do jovem, José Antônio Tancredo.

Segundo Valdete, Moisés tem a imunidade baixa e por isso sua preocupação é grande. Ao entrar em contato novamente com a família, por volta das 23h, o estudante disse estar com o peito ardendo e, aconselhado pelos pais, procurou novamente o hospital, onde passou a noite de domingo recebendo oxigênio sob observação médica. “Ele disse que já está bem e que se salvou por pouco. Ele disse que, sem enxergar nada, acabou pegando a direção certa para sair da boate. Ele ainda disse que não havia sinalização indicando a saída, apenas o banheiro, por isso muitos acabaram morrendo lá”, revela a mãe.

Conforme matéria do Clicatribuna, apesar de Moisés estar bem, a família não acredita que teve sorte. “Ficamos envergonhados de dizer que tivemos sorte, porque nos colocamos no lugar das outras pessoas que perderam familiares”, comenta Valdete.

Preocupação continua

Valdete já acostumou com a ausência dos filhos, mas não deixa de se preocupar com eles. Moisés já vive fora de casa desde os 18 anos, quando foi morar em Jaraguá do Sul para realizar o estágio após concluir o curso técnico. Ela conta que quando ele visita a família costuma sair com os amigos, mas não frequenta muitas boates na cidade. “Ele gosta muito é de ir para a praia com os amigos. Não é muito de ir nas boates aqui, mas gosta de festas abertas. Quando esteve aqui, sei que ele foi numa casa em Urussanga”, conta a mãe.

Após o incêndio, ela espera que o filho pense mais antes de sair. “Espero que ele não goste mais disso”, brinca Valdete. “Mas lá é uma cidade de jovens e tem muita festa. Ele deve ter consciência e, se quiser sair, que olhe bem o lugar onde vai. Eu não posso proibir, o que posso fazer é orar por ele”, completa.

Encontro com o filho está próximo

A última vez em que Moisés esteve com a família foi no Réveillon. Valdete quer trazê-lo para casa para matar a saudade e ajudá-lo a esquecer a tragédia. “Ele perdeu amigos nesse incêndio. Vou conversar com ele e dizer para vim para casa por alguns dias. É bom tirá-lo um pouco de lá para ele esquecer as cenas que presenciou”, salienta a mãe.

Caso o estudante não venha para Criciúma, os pais pensam reencontrá-lo em Santa Maria. “Quero abraçar ele. Acho que ele também está precisando disso”, finaliza Valdete.