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Diário escrito em papel higiênico por preso político dos anos 1930 é descoberto em SC

O documento, composto por sete folhas finas e escrito a lápis, foi descoberto dentro de uma caixa de charutos

Foto: Prefeitura de Blumenau

Um raro diário escrito em papel higiênico por um preso político da década de 1930 foi encontrado em Blumenau, no Vale do Itajaí. O documento, composto por sete folhas finas e escrito a lápis, foi descoberto dentro de uma caixa de charutos no fundo de um armário e encaminhado ao Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.

O autor do diário é Julio Baumgarten, um editor do jornal “Blumenauer Zeitung”, que foi preso em 1938 sob a acusação de integrar a Ação Integralista Brasileira (AIB), partido de orientação fascista que tentou um golpe de Estado contra o governo de Getúlio Vargas.

Relatos do cárcere

O diário foi escrito entre os dias 3 e 7 de outubro de 1938, enquanto Julio estava detido na Penitenciária da Pedra Grande, em Florianópolis. Seus relatos não trazem grandes eventos históricos, mas detalham o cotidiano da prisão.

Entre as descrições, Julio narra a chegada à cela de oito metros quadrados, onde dormiu em uma cama “dura como madeira”. Ele também registrou a simplicidade das refeições, como arroz e pedaços de carne, e a falta de cigarros, que lamentou em suas anotações.

Os textos, escritos em alemão, foram traduzidos por pesquisadores e oferecem um olhar único sobre as condições enfrentadas pelos prisioneiros na época.

Condenação e liberação

Julio foi preso no dia 28 de setembro de 1938 sob acusação de crime contra a ordem política e social, conforme o artigo 20 da Lei nº 38 de 1935. Seu mandado de prisão foi expedido poucos dias antes, em 20 de setembro, e ele foi libertado em 27 de outubro do mesmo ano.

Importância histórica

Para a historiadora e diretora do Patrimônio Histórico e Museológico de Blumenau, Sueli Petry, o diário complementa o entendimento sobre a Era Vargas e o integralismo em Santa Catarina.
“É muito significativo porque os relatos fortalecem e complementam o acervo documental tanto sobre o integralismo quanto sobre a realidade dos prisioneiros políticos da época”, afirmou.

Blumenau, na época, tinha uma forte conexão com o movimento integralista, o que é evidenciado pela eleição de Alberto Stein como prefeito em 1936, um político ligado à AIB. Ele foi posteriormente afastado em um “antigolpe”, dando lugar a José Ferreira da Silva, que hoje dá nome ao arquivo histórico da cidade.

O contexto do golpe e o papel da AIB

A Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada em 1932 por Plínio Salgado, defendia uma visão nacionalista extremista e contrária à influência de culturas estrangeiras. Inicialmente, o movimento apoiou Getúlio Vargas, mas a relação se rompeu em 1937, quando Vargas extinguiu todos os partidos políticos, incluindo a própria AIB, com a implementação da Constituição do Estado Novo, conhecida como “Polaca”.

O golpe planejado pela AIB em 1938 para derrubar Vargas foi um fracasso, e muitos de seus membros foram presos, incluindo Julio Baumgarten.

O diário agora faz parte do Arquivo Histórico de Blumenau, servindo como uma peça importante para a compreensão do período e da complexa relação entre integralismo e o governo Vargas.

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