Política

Dívida da prefeitura de Jaguaruna passa de R$ 4 milhões

Prefeito Luiz Napoli (PP) não descarta a possibilidade abrir um processo administrativo

As dificuldades que os prefeitos eleitos neste mês são inúmeras. A maior pedra no caminho da maioria é as dívidas deixadas pelos ex-gestores. Em algumas prefeituras, deve-se milhões. São salários atrasados, fornecedores não pagos, conta de luz, água, telefone. E por aí vai.

Em Jaguaruna, por exemplo, o prefeito Luiz Napoli (PP) está com enorme dificuldade para colocar o seu plano de governo em prática. O motivo, segundo ele, é uma dívida de mais de R$ 4 milhões deixada pela administração anterior.

O salário dos funcionários temporários está atrasado; fornecedores receberam em cheques, boa parte sem fundos; não há dinheiro para efetuar a contrapartida de convênios; a folha de pagamento é maior do que a capacidade financeira da prefeitura.

A maioria dos ACTs não recebeu o salário de dezembro, o 13º e a rescisão. Somente para eles é devido um total de R$ 470 mil. A prefeitura recebeu R$ 424 mil referente ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), mas a quantidade literalmente só passou pela conta do executivo, em função das dívidas.

Este dinheiro era esperado por Luiz para pagar os servidores. Também não há como quitar os fornecedores. O prefeito não pode usar cheque, pois não há fundos. Na verdade, quem foi pago desta maneira está com o ‘voador’ na mão até agora.

A dívida com os fornecedores varia de R$ 206,40 a R$ 10 mil, mas não há um centavo para quitar o devido. “Estamos de mãos atadas. O que o ex-prefeito Inimar Felisbino Duarte (PMDB) fez é muito grave”, lamenta Luiz.

Desvio de finalidade de verba

Sem saída em relação ao pagamento de funcionários, fornecedores e outras contas já vencidas, o prefeito de Jaguaruna, Luiz Napoli (PP), resolveu colocar tudo em pratos limpos, ontem. Ele detalhou a dívida de mais de R$ 4 milhões do executivo, e revelou outras situações preocupantes. Uma delas é um suposto desvio de finalidade de verba. Ele tomou como exemplo o ocorrido na educação, em dezembro do ano passado.

Segundo o Jornal Notisul, o dinheiro destinado ao setor, vindo do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), foi transferido para as contas de ICMS e Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Ao invés de ser aplicado em educação, foi empregado no pagamento de fornecedores. A manobra, contudo, não é permitida por lei.

Outro exemplo: o recurso que seria utilizado na contrapartida à construção da ponte de Congonhas. Dos R$ 155 mil referentes a parte da prefeitura de Jaguaruna, apenas R$ 33 mil foram repassado. O restante (R$ 122 mil)? Ninguém sabe onde está.

Ex-gestores podem ser responsabilizados na justiça

Durante os meses de novembro e dezembro do ano passado, foi descontado da folha de pagamento de alguns funcionários da prefeitura de Jaguaruna, uma série de empréstimos consignados. Apesar disso, a empresa responsável por estes empréstimos não recebeu um centavo.

O plano de saúde dos trabalhadores, também descontado na folha em novembro de dezembro, não foi pago à Unimed, prestadora do serviço. Conforme as informações levantadas pela equipe do prefeito Luiz Napoli (PP), as despesas com combustíveis também foram altas.

No último trimestre de 2011 a prefeitura gastou R$ 184.240,25. No mesmo período do ano passado, foram empregados R$ 249.969,81 para esta finalidade. Um acréscimo de R$ 65.729,56. O valor é considerado muito alto por Luiz, já que em dezembro de 2012 todas as máquinas e veículos da prefeitura estavam paradas.

Com isso, o prefeito não descarta acionar, na justiça, os responsáveis pela administração anterior. “É lamentável ter que vir a público esclarecer este tipo de situação. Estamos engessados porque herdamos muitas dividas. Quem perde é a população. Não há dinheiro para absolutamente nada”, lamenta Luiz.