Segurança

Documentos mostram suposta participação de delegado da PF em esquema investigado na Operação Chabu em SC

Polícia Federal apura vazamento de informações sigilosas de operações policiais antes de serem deflagradas.

Foto: Divulgação

O delegado da Polícia Federal Fernando Amaro Moraes Caieron ficou conhecido em 2005, quando foi deflagrada a Operação Playboy, que desarticulou uma das maiores quadrilhas de tráfico internacional de drogas do país. Cerca de dez anos depois, ele passou de investigador a investigado.

Caieron foi preso nesta semana pela Operação Chabu, que apura um suposto esquema de vazamento de informações sigilosas de operações policiais antes de serem deflagradas. Entre os sete presos está o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), que foi liberado após depoimento.

Na decisão do desembargador, Fernando Caieron aparece como o investigado contra quem pesa o maior número de indícios de crimes. E reforça que, como delegado, ele tinha livre acesso aos sistemas da PF, aos demais delegados e aos agentes envolvidos em diligências, além de se valer da função para intimidar testemunhas e destruir provas.

Os vazamentos atribuídos a Caieron chegavam a políticos e empresários por meio de José Augusto Alves, único que segue preso. Este último, de acordo com a investigação, usava as informações sigilosas para convencer políticos a se protegerem de escutas e de espionagem.

José Augusto representava uma empresa que atua em serviços de inteligência, comercializando equipamentos que segundo a investigação eram contrabandeados do Paraguai, inclusive com a ajuda de Caieron. Para a polícia, o delegado da PF ajudava com consultoria técnica na construção de ambientes seguros à prova de investigações policias.

Ele mantinha um grupo no WhatsApp chamado ‘sala segura’ com José Augusto e com Luciano Cunha Teixeira, gerente da empresa que José Augusto representava.

Diálogos no WhatsApp

Os documentos da investigação destacam a transcrição de uma conversa em áudio no grupo sobre a compra de equipamentos.

José Augusto diz que o equipamento teria que vir com ventoinha e controle remoto. Caieron responde dizendo: “O bloqueador, seguinte zé. os caras não vão ficar numa sala que não tem ar condicionado né? E cara, o controle remoto eu acho meio discutível também, zé. O cara vai ali, antes de chamar o pessoal para sala ele liga, terminou a reunião ele vai lá e desliga. Tu vai chamar cinco minutos antes de chamar o pessoal para entrar na sala, pessoal entra, enquanto tá a reunião o negócio tá ligado entendeu?”

Em outro diálogo, quando Luciano já está no Paraguai comprando os equipamentos ele diz: “eu vou vir com um táxi de um cara que fiz contato ali, o cara tem fundo falso e vai botar esses bloqueadores no fundo falso do taxi, entendeu?”

Mais tarde, Luciano demonstra preocupação. “Meus amigos a volta vai ficar complicada, montaram aquele barracão no pedágio de saída aqui de Foz do Iguaçu e parece que essa operação vai hoje e amanha. Aí tô até pensando em passar duas vezes, porque se for muito volume aí dar problema né?”.

Caieron responde: “Até mais seguro fazer em duas vezes penso eu”.

Crimes

Fernando Caieron é investigado pela possível prática dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa, contrabando, facilitação ao crime de contrabando e descaminho, violação de sigilo de intercepção telefônica, extorsão e falso testemunho.

Ele estava preso na carceragem da Polícia federal em Porto Alegre desde terça e foi solto na quarta (19).

Outro lado

A defesa de Fernando Caieron disse que ainda está se inteirando do inquérito, e que irá se manifestar nos autos para provar a inocência dele.

Já o advogado de José Augusto nega o envolvimento do cliente em qualquer prática ilícita.

A reportagem não conseguiu contato com Luciano Teixeira.

Com informações do site G1/SC

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