Economia

Empresas e fumicultores não chegam a acordo

Produtores reivindicam reajuste de 8,25% sobre a tabela praticada na safra passada

Após a segunda rodada de negociação de preços entre a Comissão Interestadual do Tabaco e as empresas fumageiras realizada ontem (3), na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), continua indefinido o reajuste para o tabaco na safra 2012/2013.

As propostas apresentadas pela Souza Cruz de 6,9% (6,4% proposta anterior), Philip Morris de 7%, Alliance One de 6,3% e Universal Leaf de 6% que não havia apresentado proposta na primeira reunião, frustraram, mais uma vez, os integrantes da comissão. Ausente do encontro, a JTI reiterou, por carta, a oferta de 6% sobre sua base de cálculo, feita na reunião realizada na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc).

Na negociação a representação dos produtores (que na primeira rodada se limitou a apresentar a evolução do custo de produção, de 9,6%) apresentou sua proposta de aumento. Ela é de 8,25% sobre a tabela praticada na safra passada. Sobre o índice, cuja apuração leva em conta uma produtividade menor para esta safra, a comissão diz que, com o valor médio a ser pago pela indústria na comercialização, o percentual proporcionará lucratividade ao produtor. As empresas ficaram de analisar internamente e nos próximos dias manifestar uma posição.

Percentual abaixo do esperado

Conforme o presidente do Sindicato dos Agricultores de Içara, Hercílio Jair De Stefani, as empresas apresentaram um percentual um pouco maior, mas ainda não o ideal para os produtores. “Eles ficaram de analisar a nossa proposta para que possamos, posteriormente, assinar o protocolo, que é o fechamento do acordo entre ambas as partes. A assinatura deste documento sela uma série de compromissos que não envolvem somente o preço do fumo”, destacou o presidente ao site Clicatribuna.

Hoje, em Sombrio, a Souza Cruz inicia a compra do fumo, com o percentual proposto de 6,9% acima do preço praticado na safra anterior. “Os produtores podem iniciar a venda sem a proposta acordada, o percentual final será repassado depois”, explica.

Segundo os representantes da Comissão de Negociação, as fumageiras não valorizam o trabalho do fumicultor mesmo em um ano que apresenta cenários positivos de mercado para a cultura, tais como câmbio favorável, estoques baixos e safra dentro dos padrões normais. Elas se limitam a oferecer uma variação que não cobre sequer o custo de produção, sem que o produtor tenha margem de lucratividade para se manter na atividade. “Estamos bem confiantes para esta safra já que temos um produto de maior qualidade”, destaca o presidente.

Grupos participantes

Participam da Comissão dos Produtores de Tabaco as Federações dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), de Santa Catarina (Fetaesc) e Paraná (Fetaep), as Federações da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), de Santa Catarina (Faesc) e do Paraná (Faep) e a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra).