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Enchente de 1974 deixou cicatrizes profundas na população do Sul

Cidades foram praticamente varridas do mapa em questão de horas de chuva forte

Uma série de eventos vem sendo realizados nos últimos dias para relembrar a enchente de 1974, que entrou para a história como sendo a pior de Santa Catarina. A catástrofe natural devastou várias cidades do Sul catarinense, cortadas pelo Rio Tubarão.

Uma exposição fotográfica no Centro Municipal de Cultura de Tubarão relembra a tragédia que vitimou 199 pessoas e que completa 39 anos neste domingo (24). As imagens foram feitas pelo fotógrafo Ingo Penz e integram o acervo permanente do Centro Municipal de Cultura. A exposição seguirá disponível até o dia 5 de abril.

Também foi realizado na sexta-feira (22), no auditório da Amurel, o 5º Seminário da Enchente, que discutiu ações para minimizar os impactos de um novo desastre natural.

Uma missa na Catedral Diocesana de Tubarão, às 9h30min, deste domingo (24) será celebrada em memória dos mortos na tragédia.

O programa Mosaico, da TVAL, exibiu na quinta-feira (21) o documentário “1974: o ano em que as águas castigaram Tubarão”. O programa mostrou porque os especialistas já se convenceram de que eventos do gênero são cíclicos. E revelou de que forma Tubarão vem se mobilizando para não ser pega novamente de surpresa.

A catástrofe

Ocorrida em 23 e 24 de março de 1974 esta enchente foi devastadora, varrendo praticamente as margens do Rio Tubarão, da nascente até sua foz, bem como todos os seus afluentes. Destruiu parcialmente a cidade de Tubarão e todo o ramal ferroviário que atendia Orleans e Lauro Müller.

No interior de Orleans e Lauro Müller os prejuízos foram incalculáveis, lavouras foram destruídas, rebanhos dizimados e as estradas e pontes simplesmente desapareceram.

Em Orleans, a usina hidrelétrica, pioneira no Sul do estado desde 1937, teve destruídos a barragem, o canal e a casa de máquinas. O município perdeu as pontes da ferrovia, a paralela que servia de acesso a Lauro Müller e a de concreto que dava acesso a Urussanga. Casas modestas situadas ao longo das margens do rio foram levadas pelas águas.

Lauro Müller que nem havia se recuperado da enchente de 1971, voltou a vivenciar o mesmo pesadelo em 1974, quando sofreu com os estragos causados pela segunda grande enchente. Apesar de, felizmente, ter havido apenas seis mortes em 1971, os danos imensuráveis daquela época ainda estão na cabeça daqueles que presenciaram a catástrofe.

Em uma chuva de poucas horas, diversas famílias viram seus lares sendo carregados pelo rio que se transformou numa forma violenta, como nunca antes vista. Pela escassez de linhas telefônicas na época e, como também, pela falta de energia elétrica causada pelos estragos da forte chuva, muitos se encontravam incomunicáveis e desesperados pela falta de contato com parentes que não estavam próximos de suas residências.

Cataclisma provocou a enchente de 1974

A grande cheia de 1974 foi provocada, segundo pesquisa do historiador e diretor do Arquivo Histórico de Tubarão, Amadio Vettoretti, por um fenômeno chamado cataclisma. As massas oceânicas foram empurradas para o continente pelo vento Leste, bateu na Serra do Rio do Rastro e não conseguiu se dispersar, ocasionando a forte precipitação pluviométrica. "Por causa do fenômeno, ocorreu uma tromba d'água. Por isto, temos que torcer para que não ocorra vento Leste na região em dias de chuva. Senão, poderemos ser vítimas de outra enchente. Não quero que isto aconteça, mas a natureza é imprevisível", argumenta.

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