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Encher o tanque de gasolina está 91 reais mais caro em SC

Um motorista de uber, uma economista e o vice-presidente dos sindicato de postos de combustíveis foram entrevistados para entender o aumento e as perspectivas de preço para 2022

Divulgação

Encher o tanque do carro ficou mais difícil em Santa Catarina. O custo para completar de gasolina está R$ 91 mais caro em comparação com janeiro de 2021. Foram comparados o preço médio da primeira semana do ano, que apontava R$ 4,59 por litro de gasolina, ao mesmo indicativo referente a semana dos dias 24 a 30 de outubro, com a média R$ 6,41 pela mesma quantia e produto.

O cálculo levou em consideração a média de preços que chegam ao consumidor divulgada semanalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A última pesquisa da reguladora foi divulgada nesta segunda-feira (01), e mostra que o valor mais caro cobrado pelo litro de gasolina foi R$ 6,78, reflexo do reajuste feito pela Petrobras em 25 de outubro.

Para entender o quão mais caro ficou para abastecer, foi usado como base o tanque de um carro de passeio com capacidade de 50 litros. Em janeiro, o preço para completar de gasolina era de R$ 229,50. Já o mês de outubro encerra com um aumento de pelo menos 39% no preço do combustível em dez meses. Atualmente, para encher o tanque de gasolina, o cidadão pagará em média R$ 320,50. Os valores podem mudar de acordo com o modelo de carro.

Com o aumento dos preços, o consumo mudou, o que faz com que as pessoas abasteçam aos poucos. É o caso do motorista de aplicativo, Alexandre Vicente de 48 anos, trabalha há pelo menos um ano e meio nas ruas da região de Florianópolis. Em janeiro, ele enchia o tanque semanalmente para trabalhar. Essa não é mais uma realidade, conforme os meses passaram, o motorista passou a abastecer aos diariamente, com o dinheiro que entra:

— Com certeza está mais caro. Eu estou afim de parar, porque não tá compensando mais. É muita manutenção, e o repasse feito ao motorista não acompanhou esse aumento da gasolina. Acho que ficar parado em casa gasta menos — avalia Alexandre.

De janeiro de 2021 até 31 de outubro, foram registrados pela Polícia Rodoviária Federal e pela Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina, um total de 295 ocorrências relacionadas à pane seca, que é quando o carro para de funcionar porque não tem combustível.

O que explica o aumento

Para Ivoneti Ramos, Economista e Professora de Economia e Finanças Públicas da Udesc Esag, a alta nos preços da gasolina deve levar em conta dois fatores: a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e a variação na taxa de câmbio.

Isso porquê, desde 2016, a Petrobras adota a chamada Política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que vincula o preço do petróleo ao mercado internacional tendo como referência o preço do barril tipo brent, que é calculado em dólar. Isso faz com que o valor internacional do petróleo e a cotação do dólar influenciem diretamente na composição dos preços da companhia.

A retomada econômica que acontece em paralelo com o avanço da vacina e a queda nas taxas de contaminação de Covid-19, é uma das razões para o aumento do preço do petróleo.

— O combustível foi um dos que teve maior redução de percentual de produção, a circulação reduziu muito durante a pandemia. E como a oferta tem um ritmo de expansão mais lenta que a demanda, agora na retomada vai ter esse fator de pressão sobre os preços, porque a oferta fica relativamente mais escassa diante da procura.

Segundo a economista, o aumento gradual da taxa Selic ao longo de 2021 afetou a cotação do dólar, e em alguns meses, reduziu a taxa de câmbio dos combustíveis. Conforme ela, os ajustes fazem parte de uma medida de política monetária restritiva para reduzir a inflação, porque o aumento dos juros torna os produtos internos mais atrativos e reduz a pressão sobre o dólar.

Apesar das medidas, as altas consecutivas seguem, a exemplo do dólar, que nesta terça-feira (02), fechou em R$ 5,67, o valor mais alto em seis meses. A razão para isso, de acordo com Ivoneti, podem ser as incertezas que o Brasil enfrente neste momento.

— Incertezas sobre a retomada da produção de forma sustentável, uma vez que novas variantes do vírus ainda rondam a nossa população. Incerteza que a produção encontrará espaço nesse mundo que a princípio se revolucionou em termos de hábitos de consumo por conta da pandemia. E também com as incertezas políticas que cercam o brasil atualmente.

O futuro dos preços

Mesmo com o aumento de 39% nos preços da gasolina de janeiro até outubro de 2021, o vice-presidente do Sindicato de Postos de Combustíveis da Grande Florianópolis, Joel Fernandes, avalia que os preços podem aumentar.

— A conta ainda está barata. Nenhuma chance de isso melhorar até o final do ano, muito pelo contrário, pode aumentar, já que a Petrobras está defasada em 30 centavos. Até dezembro os valores podem subir, vai depender muito da política da Petrobrás — afirma o sindicalista.

Assim como a especialista Ivoneti, Joel Fernandes também acredita que as incertezas políticas podem fazer com que os preços aumentem em 2022, ano de eleições. O mercado financeiro, de acordo com o vice-presidente, pode reagir as opções de candidatos à presidência do Brasil.

— A população que enchia o tanque antes, hoje coloca 100, 50 reais. Isso é nítido. A perspectiva vai depender tudo da área política. A incerteza política pode levar os preços no espaço. E aumenta consequentemente a inflação — explica Joel.

Com informações do NSCTotal

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