Trânsito

Exames toxicológicos ainda geram impasses para transportadoras

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Desde a determinação do Departamento Nacional de Trânsito – Denatran, em março deste ano, exigindo a realização de exame toxicológico para os motoristas que estivessem confeccionando sua primeira Carteira Nacional de Habilitação – CNH nas categorias C, D e E ou aqueles que estivessem renovando o documento, o assunto não saiu mais de pauta. Em meio aos caminhoneiros, em especial os que trabalham para transportadoras, as informações ainda não estão claras e geram impasses para empregadores e funcionários.

Conforme o gerente de gestão de pessoas da Ouro Negro Transportes, Rodrigo Teixeira, o principal problema que tem atrapalhado a empresa é a morosidade na entrega dos resultados do exame, o que dificulta e atrasa as contratações. “Nós não conseguimos efetivar alguém na empresa em menos de 30 dias. Isso porque, por conta do auto custo desse teste, ele é o primeiro a ser realizado e, apenas após o recebimento do resultado que aponta a aprovação, passamos para os outros exames como eletrocardiograma e eletroencefalograma”, comentou. O procedimento, desde a coleta do material até a chegada do resultado, de acordo com Teixeira, tem demorado em média um mês.

Além da demora, o custo da exigência também tem pesado no bolso da empresa. “Fizemos um convênio com um laboratório e alcançamos o preço de R$ 270. Com a concorrência acabamos conseguindo baixar um pouco do valor inicial, mas, ainda assim, é um custo extra para a transportadora”, disse.

A média de exames toxicológicos solicitados pela empresa é de quatro a seis a cada mês, sendo que desde o início da nova lei já foram realizados aproximadamente 20 testes. “Dentre esses, sendo periódicos ou para admissão, apenas um motorista teve resultado positivo. Nesse caso, a empresa o encaminhou para o benefício. Ele ficará 90 dias afastado para desintoxicação e voltará a realizar o exame”, explicou.

Preocupação para o futuro

Para o gerente, apesar de apenas um caso de uso de substancias proibidas ter sido identificado até então, uma das preocupações das transportadoras é com relação à reabilitação desses funcionários. “Será que teremos vagas nas clínicas especializadas para toda essa demanda? Essa é uma questão social que precisa ser discutida”, explanou.

Ações para prevenção

De acordo com Teixeira, o cronograma de atividades da empresa não sofreu alterações, já que já era rotineira a realização de atividades de prevenção. “Em nossos treinamentos já conversávamos sobre direção defensiva,doenças sexualmente transmissíveis, uso de álcool e outras drogas, além de outros temas. As empresas que não tinham essa cultura precisaram incluir as atividades em seus cronogramas”, disse.

A reportagem tentou contato com o geral do Detran, Vanderlei Rosso, para realizar questionamentos sobre os números levantados até então e uma avaliação do exame, porém, não obteve êxito.

Segurança “insegura”

Apesar de o gerente considerar uma segurança para a empresa a aprovação no exame anteriormente a contratação de novos profissionais, conforme outro funcionário de uma transportadora de Criciúma, que preferiu não se identificar, o famoso “jeitinho brasileiro” já tem dominado o assunto. “Tem gente, principalmente em outros estados, que já está dando seu ‘jeitinho’ para burlar a regra. Sabemos de casos na Bahia, por exemplo, que pessoas são pagas para fazer o exame no lugar de outras. Não está sendo possível ter confiança nesse resultado e, inclusive, muitos motoristas chegam a brincar com a situação”, contou.

Além disso, o funcionário informou que, na prática, a apresentação do exame pode não estar sendo exigida para as contratações. “Por conta da morosidade nos resultados estão fazendo vista grossa quanto a isso”, denunciou.

Procura é grande

Um dos laboratórios cadastrados para fazer a coleta dos materiais para o exame em Criciúma é o Laboratório Benedet. Conforme informações repassadas à reportagem, os materiais, mecha de cabelo ou pelos, são coletados e encaminhados a São Paulo ou ao Rio de Janeiro. “O exame que custa R$ 280 demora 15 dias úteis para ter o resultado. Já o que tem o valor de R$ 290 demora um pouco menos, 12 dias”, comentou.

No momento da coleta o paciente precisa informar quais medicamentos utilizou nos últimos três meses para justificar alguma substancia encontrada.

Lembre o caso:

A obrigatoriedade do exame toxicológico de larga janela de detecção está em vigor desde o dia 2 de março de 2016 e tem o objetivo de coibir a utilização de substancias proibidas por motoristas profissionais.

Com informações de Mayara Cardoso / Clicatribuna