Clima

Falta de chuva prejudica plantações

Foto: Deize Felisberto/Clicatribuna

Foto: Deize Felisberto/Clicatribuna

A situação da estiagem na região Sul, principalmentenas áreas rurais, se agrava. Há 21 dias sem chuva significativa, a última precipitação forte aconteceu no dia 9 de novembro, compromete algumasculturas. A do milho está entre elas.  Conforme o doutor em climatologia Márcio Sônego, algumas plantações de milho, principalmente, em Içara, e entre Laguna e Passo de Torres, região do estado em que chove menos, o prejuízo já chega a 100%. 

“Outros plantioscomo o da melancia, banana e mandioca que tem raízes rasas, o prejuízo com a falta de água é ainda maior. O vento nos últimos dias também contribuiu para agravar a situação nas áreas rurais”, explica Sônego, citando ainda o prejuízo nas pastagens.A deficiência do solo com a falta de água chega a 80 milímetros. A expectativa, conforme o climatologista, é que nesta quarta-feira chova em torno de 15 milímetros, o que amenizaria um pouco a estiagem.

“O ideal é que na semana que vem chovesse um pouco mais. A situação de três rios da região com alerta de estiagem também piorou. Como 18% das pessoas da região habitam em áreas rurais, a área urbana praticamente não sente essa situação” reforça Sônego. Historicamente, o mês de novembro é seco, entretanto, Sônego, destaca que não se esperava tão pouca precipitação durante este mês.“Em 55% dos anos, novembro é de estiagem. Este ano com o a condição do oceano quente haveria a liberação de mais umidade, o que não aconteceu”, conclui.

Perda de 50% da lavoura

O produtor de milho do Bairro Linha Batista, em Criciúma, Adair Studzinski, plantou 25 hectares do grão e prevê que 50% seja perdido. “A situação está bem complicado. Nossa esperança é que chova um pouco na quarta-feira como prevê a meteorologia”, coloca.  Em Criciúma, são aproximadamente 2 mil hectares de área plantada do grão.
O agricultor Cláudio Formanski, calcula que os prejuízos também somem 50% do que foi plantado, 27 hectares, na Linha Cabral, em Morro da Fumaça. “Ontem (domingo) com aquele vento dava uma tristeza ainda maior de olhar para o milharal. O vento e o calor torram a lavoura”, comenta o produtor.

O engenheiro agrônomo da Epagri de Criciúma, Roberto Longhi, observa que algumas lavouras estão sendo mais atingidas do que outras. “Vai depender do período que cada produtor fez a semeadura, nem todos estão na mesma fase. Porém, a maioria está no estágio de polinização, que é a mais prejudicial. Já os pés que tem as espigas a falta de água não faz o grão encher. Ainda não dá para saber exatamente o grau de perde, mas acreditamos que não vai baixar de 40%. O potencial das lavouras já foi comprometido”, explica Longhi. A estimativa de rendimento da Epagri, no início do plantio do grão, era de 130 a 200 sacas por hectare.

O engenheiro agrônomo da Epagri de Içara, Luiz Fernando Búrigo Coan, conta que a situação de Içara é semelhante à de Criciúma. “É possível que realmente algumas propriedades já tenham sido atingidas em 100%,porém ainda não conseguimos tem um percentual médio, mas é certo que teremos grandes prejuízos. “É até os 40 dias que se determina o tamanho da espiga de milho e se o produtor não consegue fazer a adubação por falta de água depois deste período não tem como retomar o processo”, reforça.

Em Içara, a área plantada de grão para a safra de verão chega a 1,5 mil hectares.

Arroz pré-germinado ainda não foi prejudicado

O cultivo do arroz, que também necessita de bons volumes de água, ainda não foi prejudicado pelo tempo seco. De acordo com o coordenador do Programa de Arroz na região Sul, Douglas de Oliveira, o sistema de cultivo pré-germinado não apresentou problemas até o momento. O sistema é utilizado em 70% das propriedades de arroz de Araranguá e Criciúma.

“O sistema de plantio de solo seco, utilizado em aproximadamente 80% das áreas da região de Tubarão, percebemos que há água nas plantações, entretanto se chover existe recuperação”, explica Oliveira. O coordenador alerta aos produtores que cuidem do nível de salinidade da água. “Como não chove há bastante tempo o nível dos rios está baixo o que faz subir a água do mar e aumentar a salinidade. Existe um limite que precisa ser cuidado para que não prejudique as plantas”, reforça.

Com informações do Portal Clicatribuna