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Filho reencontra pai após 18 anos

Foto: Lucas Lemos/Canal Içara

Foto: Lucas Lemos/Canal Içara

Poderia ser a ligação de mais um banco oferecendo cartão de crédito como Alexandre Alberto Arantes Lopes imaginou que era em pleno sábado. Ao ser procurado no telefone, disse inclusive que não estava em casa na tentativa de não ser importunado. Mas foi surpreendido pela pessoa no outro lado da linha. Era a Polícia Militar de Içara para dar a notícia que esperava nos últimos 18 anos. O pai, João Maria dos Santos, havia enfim sido encontrado.

Distante de qualquer previsão que os familiares pudessem fazer, o ex-guia turístico escolheu Içara para viver. Com força de vontade para reconstruir a própria história, além do apoio dos amigos que fez na cidade, se manteve ao longo deste tempo reconhecido como o Carioca. E não deseja outro destino. Ele foi convidado para retornar ao Rio de Janeiro para o Natal. No entanto, indica que vai passar mais um final de ano no Sul de Santa Catarina.

No quarto 24 do Hospital São Donato, longe de flashes, João tem agora o filho por perto enquanto aguarda o resultado de exames. A idade foi determinante para que o paciente hipertenso pudesse ser reencontrado. Ele tem 72 anos. Por isso, deve ser acompanhado de um responsável. Sem parentes na cidade, estava sob o auxílio de vizinhos. Para a localização da família foi preciso o apoio prestado pela prontamente pela Polícia Militar. “Meu pai não mudou nada”, garante o filho de 49 anos.

“Carioca é muito conhecido na cidade por amolar facas. Tentamos buscar informações através da Polícia Rodoviária Federal. Mas conseguimos o contato da família através da Polícia Militar do Rio de Janeiro”, relembra o tenente Maycon Prudêncio Joaquim. “Para garantir histórias como esta, temos em Santa Catarina o SOS Desaparecidos (www.pm.sc.gov.br/desaparecidos). O programa foi lançado em outubro e já contabiliza 19 pessoas encontradas no estado. O acesso é aberto para a inclusão e a possibilidade de reconhecimento das pessoas”, enaltece.

Ainda no sábado, Carioca pode ouvir novamente a voz de Alexandre. A ligação resultou em lágrimas que não deram espaço para muitas palavras. De plantão no sábado, a enfermeira Fabiane da Silva Felisbino, também não conteve a emoção. “Nunca havia passado por uma situação como essa”, relata. A continuidade da árvore genealógica já conta com seis netos. As fotos estão ainda na mala por causa da pressa em chegar ao hospital nesta segunda-feira, dia 25. “Mostrarei amanhã”, garante o filho. Conforme ele, os irmãos aguardam agora a ligação para o relato de toda a emoção desse reencontro. “Minha irmã está agoniada na Suíça”, pontua.

Colaboração: Lucas Lemos/Canal Içara