Tecido estava preso de forma profunda, a nível cutâneo e ósseo
Um golfinho foi encontrado morto com um calcinha presa às nadadeiras na praia do Pontal, em Itapoá, no Litoral Norte de SC. O resgate do animal foi feito pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP/BS Univille) no último domingo (16), mas divulgado apenas nesta sexta-feira (21).
O animal era um boto-cinza (Sotalia guianensis) fêmea com cerca de 1,4 metro de comprimento e 32 quilos. A calcinha estava presa de forma profunda nas nadadeiras peitorias, a nível cutâneo e ósseo. Segundo a médica veterinária, Giulia Gaglianone, provavelmente o boto deve ter se “enroscado” no tecido quando ainda era mais jovem.
No entanto, conforme foi se desenvolvendo, o tecido cortou a pele. Ela foi crescendo aos poucos sobre a tira de pano e quando as bordas se tocaram iniciaram o processo de cicatrização, deixando as lesões abertas.
O boto-cinza também apresentou sinais de debilidade crônica, como magreza, pneumonia severa e grande quantidade de parasitas. Ainda tinha marcas causadas possivelmente por emalhe em rede de pesca.
A equipe do PMP/BS colheu amostras para análises complementares que poderão confirmar a causa da morte do animal.
Descarte incorreto do lixo
O Projeto de Monitoramente de Praias da Bacia de Santos chama a atenção para o risco ao meio ambiente do descarte incorreto de lixo e itens pessoais, como roupas, calçados, escovas de dente e outros utensílios.
Cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são gerados por ano no Brasil, de acordo com o PMP/BS. Dados do Sebrae apontam que 80% deste total vão parar em lixões e aterros sanitários.
O processo de decomposição de tecidos é lento e pode chegar à cententas de anos o caso de tecidos sintéticos como o poliéster. Outros naturais, como algodão, linho e seda podedm levar meses para se decompor.
Nos oceanos, os tecidos agem como “redes de pesca”, capturando incidentalmente, emalhando e matando diversas espécies marinhas.
Com informações do NSCTotal