Saúde

Governo de SC anuncia repasse, mas hospitais temem não retomar mutirões

Hospitais devem receber até o final de 2016 R$ 25 milhões, diz governo. Conforme associação, dívida impede retomada de mutirões de cirurgias.

Foto: Reprodução / RBS TV

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O governo de Santa Catarina anunciou que serão retomados a partir de julho os mutirões de cirurgias eletiva. O estado havia interrompido essas ações em junho por falta de verba. De acordo com a secretaria de Saúde, o investimento até o final do ano em mutirões será de R$ 25 milhões. Hospitais, porém, acreditam que mesmo assim a retomada não será possível.

Representantes de hospitais catarinenses fizeram uma reunião nesta sexta (24) para discutir o anúncio. Conforme da Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina e Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina (AHESC-FEHOESC), mesmo com o pagamento, os hospitais ainda têm dívidas que não conseguiriam realizar os mutirões.

Levantamento prévio da associação aponta que 47 hospitais filantrópicos estão com dívidas de R$ 37 milhões. No estado, são 180 instituições desse tipo. Com isso, a associação acredita que o valor seja maior.

"A maioria não poderá retomar por falta de recursos", disse o presidente AHESC-FEHOESC, Hilário Dallmann. Ele afirmou esperar que o governo repasse para a saúde o dinheiro que deixou de ser usado no pagamento da dívida após a renegociação.

Segundo a associação, os hospitais filantrópicos respondem por 70% do atendimento do Sistema Único de Saúde – SUS em Santa Catarina. "Para melhor a situação, teria que ser reajustada também a tabela da saúde do SUS, que está defasada desde 1994. Não é possível você gastar R$ 100 e receber R$ 60 pelo atendimento", reclama Dallmann.

Ainda conforme a associação, os hospitais também registram atrasos no pagamento do incentivo dado pelo governo federal para se manterem.  "Os hospitais têm que se reestruturar, pelo menos receber uma parte da dívida, para nós podermos comprar material e medicamento, porque se nós atendermos o mutirão de cirurgia, vão faltar recursos para atender urgência e emergência", completou o presidente da associação.

O secretário de estado da Saúde, João Paulo Kleinubing, confirmou à CBN Diário que há valores devidos aos hospitais. Entre as razões para os cortes, está a alegação de que o governo federal suspendeu em 2016 a ajuda que costumava dar aos mutirões. Ele também disse que questões burocráticas, como o atraso de certificação dos hospitais e envio de informações à secretaria de Saúde, atrapalharam liberações.

Conforme o secretário, na segunda-feira (27) o ministro da Saúde, Ricardo Barros, estará em Florianópolis e o assunto da liberação de verba será tratado. "Vamos tentar discutir com ele o próprio déficit de cirurgias eletivas, para buscar também esse recurso", disse Kleinubing.

Com informações do site G1 SC