Geral

Inundação da Mina Verdinho deixa o Comitê da Bacia do Rio Araranguá em alerta

Foto: Arquivo A Tribuna

Foto: Arquivo A Tribuna

Os passivos ambientais causados pela Mina Verdinho são uma ameaça silenciosa ao meio ambiente e à população próxima. Atualmente, a maior preocupação que envolve o local, situado em Forquilhinha, são as galerias que estão enchendo gradativamente com as ações geológica e climática. A mina foi interditada pelo Ministério Público do Trabalho e Emprego em julho e as drenagens devidas já não vêm sendo realizadas.

O caso está em andamento pelo Ministério Público Federal – MPF, mas o dano causado pela possível inundação de água ácida, em decorrência da ação do minério, preocupa os moradores do Bairro Ouro Negro e também alerta o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá. Conforme o presidente do comitê, Sérgio Marini, técnicos já estão se reunindo em grupos para monitorar a fundo essa problemática.

Ainda o possível vazamento dessas galerias será uma das pautas de amanhã, em reunião executiva do Comitê, e também na sexta-feira (26), junto ao Fórum Permanente do Rio Mãe Luzia. Em sua totalidade, a mina possui 10 quilômetros de extensão, o que, em caso de emersão de água, aponta a inundação de diversos pontos de Forquilhinha e de Criciúma. Mas, por também estar próxima às fluentes dos rios Sangão e Mãe Luzia, a preocupação é que as águas poluídas emerjam e desaguem em demais rios e no litoral de Araranguá, gerando transformações na fauna e na temperatura e características das águas.

"Essa preocupação (de contaminação) dos nossos rios existe e nossos profissionais já estão a par. Os passivos são muitos, mas não sabemos as reais proporções que isso poderá tomar na região". Para se obter um diagnóstico concreto sobre os reais danos ambientais, estudos de impacto já estão sendo realizados pela Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina – Satc e pela Fundação Luiz Englert – FLE, de Porto Alegre.

Conforme o procurador da República, Anderson Lodetti, estão comprometidas, além de tudo, as plantações situadas nas proximidades. A casa de Luana de Souza Felizardo fica ao lado da estrada que dá acesso à mina, fazendo com que a possível inundação vire uma preocupação constante. "Essa já é uma história antiga e achamos que tudo irá alagar. Ainda ontem meu marido estava comentado sobre a possibilidade de essa água chegar até nossa casa", diz.

Os próximos encaminhamentos

Uma audiência, que será realizada na próxima quarta-feira, dia 31, busca definir os próximos passos para monitorar o enchimento das galerias e evitar agravos ambientais ainda maiores. Participarão do encontro todos os réus da ação, entre eles a Carbonífera Criciúma, a Tractebel, a União, Instituto Brás do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação do Meio Ambiente (Fatma).

Para melhores posicionamentos, o MPF espera que os estudos em andamento possam apontar as ações preventivas necessárias. "A mina está enchendo e pode ser que, dentro de 60 dias, tudo esteja inundado. A extensão significa uma quantidade colossal de água. Por isso, dependemos desse diagnóstico. Esse estudo, no entanto, deveria ter sido feito antes do fechamento da mina, não agora", diz Lodetti.

Avaliação técnica

De acordo com o assessor técnico do Siesesc, Márcio Zanuz, o prazo para a entrega dos estudos feitos através da Satc está previsto ainda para 15 de setembro. Só depois disso, então, o plano de fechamento da Mina Verdinho poderá ser viabilizado. No entanto, Zanuz previne dizendo que as possibilidades de a água contaminar leitos e inundar grandes proporções de terra são bastante pequenas.

"Não haverá inundação, como aconteceu com ou-tras minas. Mas, se acontecer, esse volume (de ácido) deverá estabilizar, ficando com um PH semelhante ao de uma água normal", pontua. No entanto, a poluição do Rio Sangão, em especial, já é evidente, uma vez que a drenagem da mina era despejada diretamente em contato com a água. Para o gerente da Fatma de Criciúma, Felipe Barchinski, com a paralisação das atividades na Mina Verdinho, a poluição desse rio será cada vez menor.

"O Sangão já é um rio problemático. Conforme estamos analisando com geólogos conceituados, não terá insurgências e agravamentos. Claro que, nessa audiência que será feita, vamos ver a melhor forma de acompanhar e monitorar esse possível alagamento", diz.

Com informações de Denise Possebon / Clicatribuna