Segurança

Latrocida deve ser condenado até o final do ano

Primeira audiência ocorreu ontem no Fórum de Criciúma

Foto: Lucas Mendes/Clicatribuna

Foto: Lucas Mendes/Clicatribuna

A condenação do assassino confesso da empresária do ramo de floricultura, Iva Justino Marcolino, 71 anos, deve ocorrer ainda este ano.

A primeira e única audiência do latrocínio registrado em uma das ruas mais movimentas de Criciúma e que chocou toda região, ocorreu na tarde dessa sexta-feira (26), na sala da 2ª Vara Criminal, no Fórum de Criciúma.

O término do processo que finaliza com a condenação de Lucas Torres, 31 anos, deve ocorrer ainda este ano.

Conforme matéria publicada pelo site Clicatribuna, o réu chegou às 14h20min na unidade de Justiça sob escolta de um agente penitenciário e três militares.

Mais magro desde o dia da prisão, em 19 de setembro após seis dias do crime, algemado nos pés e mãos, Torres não apresentou nenhuma expressão de arrependimento. A audiência durou cerca de uma hora e uma meia.

Ao todo, sete pessoas foram ouvidas, sendo cinco testemunhas, o filho da vítima que prestou depoimento como informante, e o próprio réu.

Policiais civis foram os primeiros a serem ouvidos

Os primeiros a serem ouvidos foram os agentes da Polícia Civil da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da cidade. Os policiais contaram como foram os trabalhos que culminaram com a identificação e prisão do autor.

O primeiro policial civil que foi ouvido foi o agente Fernando Zanini. Ele explicou que os primeiros indícios de autoria surgiram através dos relatos dos familiares.

“Depois as investigações foram em torno das imagens de câmeras de segurança e do relato de um taxista que afirmou ter levado o autor até Guatá, em Lauro Müller. Obtivemos imagens de um posto de combustíveis onde ele aproveitou o momento em que o veículo era abastecido, e aparece comprando duas cervejas. Depois que ele foi preso em Sangão, nos levou até o banheiro do posto onde escondeu o molho de chave da floricultura e o celular da vítima”, disse.

O policial civil ainda declarou que durante interrogatório do preso na Delegacia de Sangão, ele se mostrou tranquilo.

“Confessou os crimes e disse que tinha vacilado. Ainda contou da morte de um idoso em Torres (RS) após uma discussão”, acrescenta. Torres teria pagado ao taxista R$ 120. Depois das declarações de Zanini, mais dois policiais civis foram ouvidos. O advogado de defesa, Jéferson Luz, nomeado pelo Estado, fez poucas perguntas.

Ex-colega também foi ouvido

O quarto a ser ouvido foi o antigo colega do acusado, que também era ajudado por Iva.

Ele e Torres chegaram a morar por alguns dias em um depósito na igreja onde o filho da vítima é pastor. O homem contou que Torres nunca havia usado drogas na frente dele. “Sabia do vício pelos outros. Ele também nunca chegou a comentar de algum crime. Se ele tivesse comentando eu não ia conviver com um assassino”.

Ele ainda contou que a última vez que falou com Torres era às 17h30min, uma hora antes do crime.

“Nesse dia ele não apresentou nenhum comportamento estranho. Mesmo assim, quando soube que ela tinha sido assassinada já suspeitei dele na hora. Ainda mais que depois disse ele sumiu e vi ele dias antes com a machadinha”, revela.

Relato do filho emociona juíza

O próximo a ser ouvido foi o filho da vítima, o pastor Fernando Machado. O depoimento do homem foi o que mais emocionou os presentes, principalmente a juíza Débora Zanini.

“Ele contou todos os detalhes. Disse que tinha ajudado bastante o réu durante mais de 15 dias. A voz dele estava embargada, demonstrando bastante emoção e um sentimento de ingratidão. O que me chamou bastante atenção foi que a mulher tinha preparado o pão e o café para ele ir buscar pouco antes de ser morta”, observou a magistrada.

Machado relembrou a história da mãe que fazia trabalhos sociais com dependentes químicos e com moradores de rua.

“Foi feito o possível e o impossível para ajudar ele. Chegamos a gastar R$ 80 da igreja com remédios para ele que estava com princípio de pneumonia. Às 16h30min, duas horas antes de ter matado a minha mãe daquela forma cruel, ele apertou a minha mão e disse “na paz do Senhor”. Um dia até queria dar dinheiro para ele comprar droga e não aparecer mais, mas ele não queria, queria mudar de vida, achar um emprego, e a gente ajudou”, lembra.

O filho da vítima ainda detalhou a magistrada que quem viu pela primeira vez o corpo da idosa, foram às filhas de seis e dez. As crianças estão assistidas por psicólogo.

A última das testemunhas a ser ouvida foi a funcionária da floricultura Floriva. Ela informou como era o funcionamento do comércio e ressaltou que Iva por muitas vezes ficava até mais tarde no local.

A funcionária saiu do local às 18h15min e viu o autor chegando à floricultura. Torres retornou a sala de depoimento e foi indagado pela juíza, promotora Rosangela Zanatta e pelo advogado.

“Fumei crack antes”, afirmou

Torres afimrou que é dependente químico há 20 anos e que antes do crime tinha fumado crack e queria dinheiro para comprar mais. O réu ainda tentou se contradizer em alguns momentos, dizendo que não queria dinheiro, pois tinha retirado uma quantia do banco. Contou esta versão, mas depois se contradisse.

“Cheguei, pedi dinheiro, ela não deu e fui buscar a bolsa que estava na cozinha. Ela saiu gritando pedindo por socorro e como tinha um segurança na rua, fiquei com medo de ser preso. Não peguei dinheiro, só o celular”, se defendeu. Em relação ao crime praticado no RS, onde a vítima, um homem, tinha também de 71 anos, Torres revelou que era suspeito e que não roubou nada da vítima. “A gente discutiu”, justificou. O réu não sabia que a vítima tinha morrido dias depois no hospital.

Negou ter agredido vítima com socos

Ele negou ter desferido três socos na idosa, agressões esta que foi comprovada pelo Instituto Médico Legal (IML). “Dei um golpe de machadinha, ela caiu, mas conseguiu se levantar. Foi quando dei outro golpe e o último com ela já no chão”, descreveu.

A defesa pediu o exame toxicológico para usar como tese de uma possível insanidade do réu no cometimento do crime. O exame deve ficar pronto num prazo máximo de até 30 dias. De acordo com a juíza, o exame não mudará em relação à pena, máxima de 30 anos de reclusão, mas sim se o local em que ele cumprirá pelo crime será numa unidade prisional ou em um hospital de custódia.

Depois disso, o Ministério Publico (MP) tem cinco dias para concluir a denúncia e a defesa também tem o mesmo prazo para se pronunciar, finalizando em pouco tempo a sentença.

O MP também solicitou a atualização dos antecedentes criminais do réu confesso. Torres está recluso no Presídio Santa Augusta. O crime ocorreu no final da tarde de 13 de setembro. O autor foi preso pela Polícia Militar seis dias depois, na BR-101, em Sangão.