Saúde

Leite: de mocinho a vilão

Depois da polêmica do ovo e do glúten, hoje a ‘moda’ é cortar o leite da dieta. Mas será que ele é tão ruim assim?

Há pouco tempo, o leite era um alimento imune a críticas e defendido com riqueza de argumentos. Mas, assim como ocorreu com o ovo e o glúten, também começou a perder fama. De mocinho, a bebida passou a ser o vilão nas dietas de emagrecimento da moda. Mas será que o leite é tão ruim assim?

A resposta pode ser definida pela expressão popular “em cima do muro”, de acordo com o Portal Engeplus. Sim, o leite é uma bebida muito nutritiva e repleta de cálcio, que fortalece os ossos. E não, o consumo de leite pode ser prejudicial e provocar alterações no organismo.

“Na realidade, tudo que é extremo eu, particularmente, não vejo com bons olhos. O leite não é vilão nem mocinho. Ajudou várias gerações a crescerem e não vejo grandes benefícios em cortá-lo totalmente da dieta. Não há nenhum estudo realmente comprovando isso”, esclarece o médico Paulo Roberto de Souza, especialista em nutrologia, homeopatia e prática ortomolecular.

Claro que o ser humano necessita de leite materno na sua infância, e depois de adolescente e adulto precisa de cálcio. O importante, continua Paulo Roberto, é saber que esta necessidade do nosso organismo pode ser suprida por outras boas fontes. Entre elas, estão os vegetais verdes escuros, como o brócolis, a couve e o espinafre.

O que poucos sabem, ou entendem, é que não existe qualquer relação entre lactose e alergia ao leite. A lactose é o carboidrato, ou seja, o açúcar do leite e seus derivados, como o queijo e o iogurte, por exemplo. O leite bovino tem cerca de 4,8% desta substância.

O que pode ocorrer é a pessoa ter ou desenvolver intolerância à lactose. A alergia é provocada por outra partícula da bebida: a proteína do leite, que é basicamente composta por aminoácidos.

“Muitas vezes, vemos pessoas que não têm intolerância à lactose, mas têm alergia devido à proteína do leite”, desmistifica o especialista.

Qual o melhor?
O que é mais saudável: leite em pó, de caixinha, de saquinho ou direto do produtor? As notícias de adição de substâncias como água oxigenada e soda cáustica para estabilizar e aumentar a validade do leite também contribuíram para a atual má fama do produto. Contudo, mesmo neste caso, não deixa de ser leite”, explica Paulo Roberto.

“Claro que temos produtos de leite onde é retirada a lactose, os comumente chamados de zero lactose, mas, se o problema for alergia à proteína, não resolve nada usar esta versão da bebida”, explica o médico.

Para ele, o que deve ser evitado é o radicalismo. “Tem estudos e nutrólogos que sempre dizem que leite é para bezerro, mas o consumo esporádico não tem problema para quem não tem restrições”, afirma.

Um cafezinho com leite uma vez ou outra ou uma sobremesa com um derivado do leite não vai matar ninguém, muito menos desencadear uma doença. “A coisa que mais me questiono é que essa questão de alergia e intolerância ao leite e ao glúten é recente, mas será que não existe muita coisa por trás disso? Agrotóxicos? Hormônios?”, indaga Paulo Roberto.

Consumo de hoje
A partir de um estudo divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é possível verificar que, em 2008, o brasileiro consumia menos leite do que o país produzia. No entanto, esse cenário modificou-se e, gradativamente, o consumo de leite no Brasil ultrapassou os números da produção nacional. Apesar do crescimento no consumo lácteo, ainda está abaixo do recomendado por instituições como a Organização Mundial da Saúde (180 litros/habitante/ano) e o Ministério da Saúde (200 litros/habitante/ano).

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