Saúde

‘Maioria é de pessoas não vacinadas’, diz médico de Florianópolis sobre internados em UTI Covid

Vinicius Heurich, coordenador da UTI do Hospital Florianópolis, afirma que tem medo de as internações crescerem após as festas de fim de ano

Divulgação

O médico coordenador da UTI Covid do Hospital Florianópolis, Vinicius Heurich, admite que mesmo com a diminuição das internações de pacientes com Covid-19, ainda tem receio do que esperar após as festas de fim de ano. “Tenho muito medo do que vamos reviver em março e abril do próximo ano tendo em vista o que enfrentamos no início da pandemia”, disse ele.

Atualmente, nas três alas de UTI Covid do H0spital Florianópolis há 23 pacientes entre 40 e 70 anos. Destes, 14 não se vacinaram contra a doença. Segundo os familiares, muitos foram “cabeça-dura” ou tiveram dúvidas quanto às vacinas, especialmente os mais velhos.

Os internados, maioria homens, chegam à UTI com um quadro avançado e gravíssimo da doença. Diante da angústia, os familiares que não se vacinaram acabam se ‘rendendo’ ao imunizante.

“Impossível ver isso aqui e não se vacinar. Entendo que há vários receios, mas a evolução da Covid-19 de forma grave é muito violenta. Pode ser quem for, dependendo da resposta imunológica, o vírus não deixa chance”, reforçou o profissional da saúde.

Segundo a última atualização dos dados do governo estadual nesta quarta-feira (15), a taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid é de 26,42%, com 134 pacientes, enquanto a ocupação geral é de 63,24%.

A Secretaria de Estado da Saúde foi procurada nesta terça-feira (14) para informar o perfil e a idade média dos pacientes internados, bem como se eles foram imunizados contra a Covid-19, mas não retornou até a publicação da matéria.

Ainda segundo a secretaria, o Estado enfrenta problemas para acessar os dados de vacinação por causa do ataque hacker ao site do Ministério da Saúde no último domingo (12), que derrubou o sistema do SUS. Desde a última atualização do Vacinômetro, 70,24% dos catarinenses haviam imunizados com as duas doses.

Importância da dose de reforço

Entre os pacientes internados, nove foram vacinados com as duas doses da Coronavac. Mas, segundo o médico, isso não significa que o imunizante seja ineficaz. Ele ressalta que o grupo completou o ciclo vacinal há mais de seis meses, o que reforça a necessidade da terceira dose.

“A Coronavac se mostra menos efetiva a nível clínico, mas pelo viés da durabilidade, que cai após seis meses da segunda dose”, afirma o coordenador.

Assim como os idosos foram imunizados primeiro com a única vacina disponível no país na época, e são a maioria das internações, pode ser que “outros pacientes mais novos cheguem daqui um tempo, mesmo tendo tomado vacinas diferenciada, o que mostra a importância da terceira dose”.

Ômicron pode ser preocupante?

Segundo Heurich, as novas variantes demoram mais para evoluir e causar quadros graves da doença porque a tendência natural de um vírus é que se torne menos violento e letal para se adaptar ao hospedeiro.

“Depende da variante, da velocidade de agressão do vírus. Em abril evoluiu muito rápido, quando era a variante T1. Hoje, com as variantes Delta e Ômicron — que deve estar entrando agora e deve ter esse mesmo perfil – demora mais”, explica.

Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de Hong Kong mostra que a Ômicron consegue se replicar até 70 vezes mais rápido nas vias aéreas em comparação com a Delta, o que também pode ajudar a explicar a alta taxa de contágio e os casos menos graves, segundo a Bloomberg.

A pesquisa ainda está sob revisão por pares para ser publicado em uma revista científica. A OMS (Organização Mundial de Saúde) fez um alerta, nesta quarta (15), de que a Ômicron já está presente em 77 países e se alastra em um ritmo sem precedentes.

Cuidados nas festas de fim de ano

Os principais cuidados contra a Covid-19 devem ser mantidos mesmo com as flexibilizações, reforça o coordenador da UTI. “Cuidado e precaução sempre são válidos. Lembrando que mais do que o respeito com nós mesmos, temos que ter respeito com os outros. Eu tenho um grande medo pelo que podemos viver ainda”, destaca.

Ele pondera que, observando o que aconteceu nos últimos meses, mesmo se os lockdowns tivessem sido mais rígidos, não teriam freado a Covid-19.

“Eu acredito que não percebemos o quanto somos pequenos perto da pandemia. Não iríamos conseguir impedir que o vírus se propagasse, mas queríamos atender a todos e conseguir uma vacina que diminuísse a taxa de transmissibilidade”, afirma.

Por isso, ele reforça que “máscara, o álcool em gel e o distanciamento ainda são essenciais”.

Com informações do ND+

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