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Mineiros seguem sem pagamento e podem interromper tráfego ferroviário novamente

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo/Clicatribuna

Nessa quarta-feira (21), durante aproximadamente 13h, trabalhadores da Cooperativa de Extração de Carvão Mineral dos Trabalhadores de Criciúma (Cooperminas) estiveram no portão de acesso ao pátio da Ferrovia Tereza Cristina e chegaram a interromper o tráfego ferroviário de cargas como forma de protesto aos quase três meses de salários atrasados. No total são aproximadamente 650 mineiros que estão sem receber seus salários. O pagamento dos valores, no entanto, passa por um entrave extra: uma dívida da antiga administração da Cooperminasde R$ 5 milhões com a Cooperativa Pioneira de Eletrificação (Coopera). Por meio de uma ação judicial, a Coopera pede o pagamento do valor e impede que a Cooperminas receba montantes em dinheiro em negociações antes de quitar a dívida. Caso as negociações não tenham avanço hoje os trabalhadores devem interromper o tráfego novamente.

Conforme o tesoureiro do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, Leandro Formentin Pereira, há aproximadamente três semanas uma assembleia entre a diretoria da Cooperminas e os trabalhadores havia definido que uma área de propriedade da cooperativa seria vendida e o valor arrecadado seria utilizado para o pagamento dos salários atrasados. O acordo, no entanto, não foi cumprido por conta do entrave com a Coopera. “Diante disso os mineiros procuraram o sindicato pedindo apoio para uma manifestação e ficou definida a ação nos trilhos. Apoiamos os trabalhadores, pais de famílias, que quiseram protestar pedindo atenção da justiça para o caso”, afirmou Pereira.

Novos encontros e tentativas de negociação, de acordo com o tesoureiro, devem ser realizados hoje e, caso não haja consenso, uma nova paralisação do tráfego ferroviário de cargas deve ser feita.

Entrave com advogado

Conforme o presidente do Sindicato dos Mineiros, Djonatan Elias, a Cooperminas estava tentando negociar a dívida há mais de duas semanas, porém sem obter êxito, os sindicalistas tentaram intervir. “Nós nos reunimos com o presidente e apresentamos a situação dos trabalhadores que estão sem receber e ainda assim não paralisaram o trabalho. Ele se comoveu e se colocou a disposição para ajudar auxiliando no agendamento de uma reunião com o conselho deliberativo da Coopera”, explicou.

No encontro, de acordo com Elias, a Cooperminas esteve presente e deu ainda mais garantias de que pagaria a dívida de R$5 milhões caso a cooperativa de energia aceitasse o parcelamento. A proposta foi aceita por todas as partes envolvidas, porém um novo entrave passou a fazer parte da situação. “O advogado da Coopera colocou em sua petição inicial a prioridade no pagamento dos seus honorários, valor que ultrapassa R$640 mil. Ele não aceitou qualquer parcelamento desse pagamento e a petição ainda trava a negociação das cooperativas. Por parte da Cooperminas e da Coopera a situação já estaria resolvida, mas ele foi irredutível na decisão de receber os honorários como prioridade”, detalhou.

FTC se manifesta por meio de nota

No início da tarde de ontem a Ferrovia Tereza Cristina emitiu uma nova oficial à imprensa comunicando sobre o acontecimento e informando que “a FTC tem a obrigação de atender a demanda de transporte de carvão energético necessário ao consumo do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, Capivari de Baixo, oriunda das mineradoras localizadas nos municípios de Criciúma, Forquilhinha, Urussanga, Lauro Muller e Siderópolis”.

Conforme a nota, a ação impediu que a empresa realizasse suas obrigações e “deve promover medidas necessárias, inclusive judiciais, à proteção dos bens arrendados contra ameaça ou ato de turbação ou esbulho que vier a sofrer”.

Ainda por meio do documento a ferrovia informou que o serviço público federal de transporte ferroviário de cargas, operado pela Concessionária, está em risco iminente de sofrer interrupção, mediante o ato praticado pelos referidos colaboradores, o que por si, configura-se em crime previsto no Código Penal (Art. 260). “No sentido de assegurar, de imediato, o livre tráfego das composições ferroviárias, a FTC reuniu-se com os colaboradores da Cooperminas para o livre trânsito dos trens e solicitou atuação das autoridades competentes”, finaliza a nota.

Com informações do Portal Clicatribuna