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‘Não morri afogada mas fiquei com medo de morrer de frio’, diz catarinense que sobreviveu a enchentes na Alemanha

Marcela está abrigada na casa de amigos e conta que no local o fornecimento de água e luz ainda não foi normalizado.

Divulgação

A catarinense Marcela da Silva Amandio que teve a casa destruída na Alemanha durante a enchente que atingiu a cidade onde ela mora, em Bad Neuenahr-Ahrweiler, relembrou os momentos de medo e apreensão que viveu com filha e o marido enquanto tentava sair do imóvel. A família teve que buscar abrigo em um lugar mais alto, na laje do telhado do apartamento de outra vizinha. A enchente atingiu a cidade alemã na noite de quarta-feira (14). Marcela está abrigada na casa de amigos e conta que no local o fornecimento de água e luz ainda não foi normalizado.

“Foi a pior noite da minha vida, não desejo para ninguém. Eu não morri afogada, mas fiquei com muito medo de morrer de frio. A gente se abraçou a noite toda e foi o quenos manteve aquecidos”, disse Marcela.

Ela é de Turvo, e relatou as dificuldades que passou para sair do imóvel. A mãe de Marcela, que mora em Santa Catarina, Christiani Alves da Silva, conta que a família também teve que enfrentar uma temperatura de 13ºC. “Apesar de já ser verão por lá, naquela noite estava muito frio, porque choveu muito”, disse.

“Foi uma noite de pânico, que eu nunca mais quero lembrar. Mas agradeço por estar viva. Hoje caiu a ficha do que aconteceu comigo e eu comecei a chorar. Porque parece que isso tudo não foi real”, afirma Marcela.

A família ficou das 23h até as 6h da amanhã abrigada na laje do telhado do apartamento de uma vizinha. Marcela conta que assim que a água baixou um pouco dois homens utilizaram uma escada e uma mesa para chegar até onde a família estava. A água, segundo ela, só desceu completamente por volta das 10h da manhã.

“[Nas ruas] Tinha pilha e pilhas de toras e carros. Três, quatros metros. Era assustador”, relembra.

As fortes enchentes transformaram ruas em rios com correntezas violentas, que varreram carros, arrancaram árvores e causaram o desabamento de algumas edificações. Represas correm o risco de se romper na Alemanha e na Bélgica. As chuvas também têm causado transtornos na Holanda e na França.

Mais de 170 mortes causadas pelas enchentes na Europa foram confirmadas até a manhã deste sábado (17). Na Alemanha, foram 143.

Apoio dos amigos

Marcela, o marido e a filha estão acolhidos na residência de um amigo, que também é brasileiro. Além da casa, o restaurante onde o companheiro da catarinense trabalha também ficou destruído com a enchente. Ela conta que a família só conseguiu pegar algumas peças de roupa da criança e documentos.

“Estamos sem energia, sem água. Conseguimos ir no mercado comprar mantimentos. Estou à luz de velas, porque a gente não tem previsão para o retorno da luz, pode levar até meses”, diz.

Devido à falta de energia e internet, a família e os amigos têm se revezado para usar o celular e mandar mensagens aos familiares no Brasil.

Rastro de destruição

Desde setembro do 2020, Marcela vive na Alemanha junto com o marido e a filha de 7 anos. A cidade onde a família mora é a capital do distrito de Ahrweileir.

Marcela conta que estava em casa com a família no dia da enchente e não achou que a água subiria tão rapidamente.

“Na minha vez [de subir], eu não estava conseguindo, mas meu marido, não sei de onde tirou forças, me empurrou. Eu achei que ia cair na água, mas me prendi na laje e consegui subir. Realmente foi uma força divina”, relembra.

Após o susto, Marcela fez contato com a mãe, que mora em Santa Catarina. Além de acalmar os familiares, ela também mandou vídeos que mostram o rastro de destruição causado pela chuva. Os móveis da casa dela ficaram cobertos de lama e o carro, que foi adquirido há dois meses, sumiu em meio à lama .

“Estamos tentando trazer a Amanda e a filha para o Brasil. Porque lá [na Alemanha] as condições são precárias hoje. Mas o marido dela vai ficar e assim que tiver tudo normalizado elas voltam”, concluiu a mãe da Marcela, Christiani Alves da Silva.

Com informações do site G1/SC

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