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Navio histórico naufragado no século 19 em Itajaí pode atrapalhar obras da bacia de evolução

Navio histórico naufragado no século 19 em Itajaí pode atrapalhar obras da bacia de evolução

Foto: Divulgação

Os escombros de um navio utilizado pela Marinha durante a Revolta da Armada, no final do século 19, podem estar na área da nova bacia de evolução do Porto de Itajaí. Segundo a Secretaria de Estado da Infraestrutura, que é responsável pela obra, a draga que faz o aprofundamento da área de manobras esbarrou há algumas semanas em um objeto estranho no fundo do Rio Itajaí-açu. O local foi isolado e agora mergulhadores vão tentar descobrir o que há debaixo d’água.

O trabalho não será simples. Primeiro, é preciso fazer a sucção do material que está disperso na água, que prejudica a visibilidade. Depois, aguardar um momento em que as águas do Itajaí-açu estejam mais transparentes e permitam enxergar a estrutura submersa.

O caso foi discutido esta semana entre o governo do Estado e a Superintendência do Porto de Itajaí. Para a identificação, serão empregados mergulhadores que já atuam na obra, identificando pedras que poderiam danificar a draga. Se for confirmada a presença do navio naufragado, será necessária uma pesquisa para avaliar a importância histórica e o que fazer para preservar a estrutura da embarcação.

Ivan Amaral, engenheiro da Secretaria de Estado de Infraestrutura que responde pela obra da bacia, afirma que a presença do navio naufragado ainda não passa de “conjecturas”. Segundo ele, também é possível que se trate de um bonde, usado na construção do molhe, que teria caído no rio.

O consenso é que a retirada da estrutura, independente do que for, é necessária para garantir a continuidade das obras. A diferença está na importância histórica: se for algo relevante, será necessária uma operação especial para erguer do fundo do rio — e mais recursos, já que isso não está previsto nas obras.

Revolta da Armada

Especula-se que a estrutura sob a nova bacia de evolução do Itajaí-açu possa ser do navio Palas, naufragado em 1894. Na época, a embarcação da Companhia Frigorífico Fluminense havia sido tomada pelos rebeldes que protagonizaram a Revolta da Armada na Marinha.

O historiador Francisco Alfredo Braun Neto, professor da Univali, conta que parte da Marinha pedia a deposição do presidente, Marechal Floriano Peixoto. A revolta, diz ele, esta inserida no contexto da Revolução Federalista, que alterou o nome da capital catarinense de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis.

O naufrágio do Palas teria sido acidental. O navio bateu contra o pontal no canal de acesso, mas os tripulantes conseguiram se salvar.

Pesquisador diz ter alertado sobre presença de navio

Historiador amador, o empresário Haroldo Becker Filho diz ter certeza de que a estrutura submersa é, de fato, o navio Palas. Ele mergulhou na área em janeiro, após receber indicações de um pesquisador italiano e de pescadores antigos da região.

Becker Filho diz que avisou há meses sobre a existência do navio naufragado na área da bacia de evolução e afirma que não houve cuidado com os destroços. “Há partes de cobre, metal e bronze. Deixaram que o navio fosse saqueado”, acusa.

A Secretaria de Estado de Infraestrutura nega que destroços tenham sido retirados do fundo do rio, porque isto danificaria a draga.

Com informações do site DC