Economia

Número de empregos formais diminui na Região Carbonífera

Crise econômica mundial, PIB abaixo do esperado e crise no setor aviário foram os responsáveis pela queda

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Os dados recentes divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) demonstram que os municípios pertencentes à Amrec não vão conseguir ultrapassar este ano os resultados da geração de empregos de 2011. Em outubro deste ano foram criados 448 novos empregos na região, número que superou o registrado no mesmo período do ano passado.

Porém, é apenas o segundo mês deste ano em que a geração de empregos é a maior na comparação com os resultados obtidos em 2011. De janeiro a outubro deste ano foram criados 4.198 novos postos de trabalho formais, já no ano passado 5.782, uma diminuição de 1.584 empregos.

“Este ano, o resultado não irá superar o verificado no ano passado, pois analisando a série histórica dos dois últimos meses do ano, observamos uma diminuição, principalmente em dezembro, que na maioria das vezes, registra mais desligamentos do que admissões”, explicou o pesquisador econômico, Giovani Mendes, à jornalista Deize Felisberto do site Clicatribuna.

As amigas Patrícia Mendes Barbosa, 21 anos, e Mariana de Souza, de 19 anos, estão entre os trabalhadores que fizeram o índice de emprego formal diminuir. Patrícia, que trabalha com carteira assinada há 1 ano e 4 meses, há dois está procurando um novo emprego. Com o ensino médio, a jovem está buscando uma nova vaga de camareira no Sistema Nacional de Emprego de Criciúma (Sine).

“Atualmente não existem vagas de camareira, mas ficarei na fila para quando surgir a vaga”, comenta Patrícia Mendes Barbosa. A colega de Patrícia, Mariana de Souza, está desempregada há mais tempo, cerca de cinco meses. “Trabalhei quase um ano no setor de corte de uma empresa alimentícia da região. Estou tentando agora algum trabalho na minha área de administração, mas se houver oportunidade gostaria de voltar para o segmento alimentício”, revela.

Já o pedreiro Cristiano Oliveira de Lima, 29, está com uma entrevista de trabalho marcada para a próxima sexta-feira, também em uma empresa do ramo alimentício. “Estou desempregado desde o início do ano. Viemos do Rio Grande do Sul para buscar emprego aqui na região e com dois filhos preciso conseguir um novo trabalho”, relata Lima.

Os municípios que apresentaram os maiores saldos de emprego no mês anterior deste ano foram Criciúma e Içara. Em Criciúma teve-se a geração de 293 novos empregos. Já em Içara, foram contratados 806 trabalhadores e demitidos 649, ocasionando 157 novos postos de trabalho.

Na região, o pior saldo de empregos foi verificado na faixa etária de 50 a 64 anos, onde foram admitidos 258 trabalhadores e desligados 295. Outras duas faixas etárias também apresentaram mais desligamentos do que admissões. Entre 25 a 29 anos, e na faixa etária de 65 anos ou mais, o saldo foi negativo, respectivamente, com 27 e 13.

PIB e crise na avicultura são justificativas

O Produto Interno Bruto (PIB) não crescerá tanto neste ano, quando no ano passado (2,7%), de acordo com o pesquisador, só este cenário justifica o mercado de trabalho formal não estar tão aquecido em 2012.

“Aqui na região, algumas particularidades, como a venda de uma empresa do segmento alimentício também contribuiu para a queda na geração de empregos, pois aconteceram muitos desligamentos antes e após a venda da empresa”, justifica o pesquisador econômico. Além disso, a conjuntura econômica global impacta qualquer economia. “O mundo está em recessão, países diminuíram suas compras, o que faz as empresas produzirem menos e gerarem menos empregos”, completa.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação de Criciúma e Região (Sintiacr), Célio Elias, no setor alimentício, principalmente, na área de carnes houve uma diminuição no consumo externo do produto, em função da crise européia.

Aumento dos insumos foi agravante

“Agroindústrias de abate de frango exportavam 80% da sua produção. Outro agravante maior foi o aumento dos insumos, usados na alimentação das aves no final do primeiro semestre. A saca de milho de R$ 22 chegou a R$ 39. Este cenário trouxe um descontrole que não poderia ser repassado ao produto final, o que gerou a crise nas agroindústrias da região”, explica Elias.

O presidente revela que houve uma diminuição de 400 postos de trabalho nos últimos três meses no segmento. “Estamos agora voltando à normalidade das atividades nas empresas do setor. Teremos entre janeiro e fevereiro a safrinha do milho que irá contribuir para a melhora nos preços dos insumos. Até março do próximo do ano voltaremos a ter a mesma produção nas agroindústrias, antecedentes a crise”, confia Elias.

Comércio varejista contrata para o final de ano

As contratações para as festas de final de ano devem movimentar as vagas de emprego no comércio varejista na região. No mês de outubro foram admitidos 1.352 trabalhadores e desligados 1.008, gerando um saldo de 344 novos trabalhos. Em 2011, foram apenas 153 empregos. “Outro setor que se destacou em outubro foi à indústria química, que admitiu 349 e desligou 248. O destaque negativo ficou com a indústria de produtos alimentícios que eliminou 87 vagas de empregos”, destaca Mendes.