Educação

O amor falou mais alto

Foto: Reprodução RBS TV

Foto: Reprodução RBS TV

Em meio a tantos desencontros, desencantos, decepções, tragédias que nos chegam todos os dias através dos meios de comunicação, eis que esta semana uma notícia  trouxe grande comoção, a quem dela tomou conhecimento,  por se tratar da atitude de uma criança inocente e muito sofrida, um menino de apenas onze anos de idade, que em nome do amor quis fazer pela mãe moribunda o que ela nunca fez por ele, quando deveria.

Presa há seis anos, portadora do vírus da AIDS, encontrava-se em estado terminal, algemada numa cama, quando o menino pede ao juiz permissão para deixá-la morrer com “dignidade”, o que para ele significava  passar o pouco tempo que lhe restava em casa ao lado dos filhos que não viu crescer, pois entre idas e vindas passou mais tempo encarcerada do que ao lado deles. O juiz respondeu sim e deu àquela criança a oportunidade de provar que o amor verdadeiro é incondicional, é tão forte que é capaz de perdoar o que parece imperdoável. Passou ao lado da mãe muito pouco tempo, mas “curtiu” cada momento para guardar “boas” recordações e fazer com que ela sentisse que não havia rancor, que o passado não interessava naquele momento. Assim o fez.  Em se tratando de uma criança comove… Será que um adulto teria esta sensibilidade diante de alguém que lhe trouxe tanto sofrimento?

Passados alguns dias da morte da mãe, o menino surpreende novamente, e eu quero compartilhar com você leitor, transcrevendo na íntegra a carta de agradecimento encaminhada ao juiz:

“Olá, senhor juiz. Minha avó disse que eu podia deixar um recado aqui, que o senhor ia ver. Tenho 11 anos e sou filho da… Sei que o senhor vai lembrar, sou neto da… e só queria agradecer ao senhor. Cresci vendo meus pais fazendo coisa errada e sendo presos. Por muitas vezes entrei na prisão para visitar meu pai ou minha mãe. Por muitas vezes vi eles ganharem a liberdade e novamente serem presos. Mas hoje esse é um passado que não faz mais parte do meu presente. Quis Deus que meu pai saísse da prisão em dezembro, de condicional e fosse trabalhar. Minha mãe, quis Deus que ela ficasse bem doente e o senhor foi lá soltar. Eu tava segurando a mão da minha vó quando ela foi na sua sala pedir para aquelas moças que alguém fizesse alguma coisa pra minha mãe morrer com dignidade e o senhor fez. Também sou soropositivo, essa escolha não fui eu quem fez, mas tenho direito às próximas. E desde já quero ser um homem honesto. Obrigado, senhor juiz João Marcos”.

A única herança que herdou da mãe foi ser soropositivo, mas mesmo assim não a condena, e acredita que é possível ter uma vida melhor, ser feliz, mas acima de tudo quer ser honesto.  Grande lição de vida. Neste menino estão representadas milhares e milhares de crianças que vivem à margem da sociedade, mas sonham com um futuro melhor. E nós não podemos destituí-las  desse sonho!

É preciso que a sociedade assuma seu compromisso para com os cidadãos para que tenhamos uma nação próspera e feliz.  De uma forma ou de outra, somos todos responsáveis pelas gerações futuras.