Motorista dirigia bêbado e em alta velocidade quando atingiu avó e netas que voltavam a pé para casa. Tragédia aconteceu em 2016

Divulgação TJSC
Era para ser uma noite daquelas com cheirinho de comida no fogão, risadas leves e afeto ao redor da mesa. Na casa de Patrícia, 17 anos, o sábado havia sido especial: a irmã mais velha, Ana, de 19, e a avó, Maria Odete, de 63, vieram para um jantar em família. Um encontro aguardado há semanas, planejado com carinho.
As três decidiram ir até uma loja de calçados ali perto, antes da refeição programada. Queriam aproveitar o fim de tarde. Mas não voltaram para casa.
No caminho de volta, enquanto caminhavam pelo acostamento da SC-445, no bairro Estação Cocal, em Morro da Fumaça, foram atingidas por um carro. O motorista estava bêbado. E acelerava mais do que a via permitia.
Patrícia morreu no local. Ana foi levada ao hospital, mas não resistiu. Morreu dois dias depois. A avó sobreviveu, mas carrega feridas físicas e emocionais que nunca fecharam.
O crime aconteceu em 24 de setembro de 2016. A condenação só veio agora, quase oito anos depois.
Nesta terça-feira (6), o Tribunal do Júri da Comarca de Urussanga condenou o responsável a 8 anos de prisão em regime fechado, por dois homicídios com dolo eventual (quando se assume o risco de matar) e por lesão corporal grave contra a avó das jovens.
A denúncia foi feita pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). O promotor de Justiça Joel Zanelato ressaltou a gravidade do caso.
“Não foi um simples acidente. Foi uma escolha criminosa. Ele decidiu dirigir embriagado, em alta velocidade. O resultado foi devastador: duas jovens com um futuro inteiro pela frente perderam a vida”, lamentou.
O teste do bafômetro feito na hora do acidente apontou 0,44 mg/l de álcool no sangue, ou seja, acima do limite considerado crime. Testemunhas e policiais confirmaram os sinais de embriaguez.
Familiares e moradores da comunidade fizeram questão de participar do julgamento de um caso que chocou e região. Emoção e lágrimas marcaram a sessão.
A própria Maria Odete, que sobreviveu ao impacto, acompanhou cada minuto das sustentações.
“Depois daquele dia, nossa vida desandou. Acabou com a nossa família. Elas eram novas, foram arrancadas de nós por alguém que pegou a gente no acostamento, bêbado. Agora, me sinto um pouco melhor. Justiça foi feita”, disse após o réu ser julgado.
O réu não poderá recorrer em liberdade.