Educação

Os haitianos

Foto: Jefferson Botega/Agência RBS

Foto: Jefferson Botega/Agência RBS

Falar de imigrantes no Brasil é voltar no tempo, penetrar na história e lembrar que nosso país foi construído por imigrantes de diversos países, que para cá vieram em busca de realização de sonhos e uma vida melhor. Todo brasileiro traz em suas origens a marca de um imigrante, pois foram pessoas de mais de vinte países que aqui chegaram e contribuíram para o crescimento econômico e cultural do país.                                                                                                              

Vivemos agora o processo migratório do Haiti, o país mais pobre das Américas. Um grave terremoto em 2010 arruinou a vida de mais de três milhões de pessoas, com mais de trezentos mil mortos, milhares de desabrigados, forçando-os a migrar tanto no próprio país como internacionalmente. Mas, em se tratando de um país com vulnerabilidade ambiental, em 2012 uma nova tragédia se abateu.  Um furacão causou novamente destruição e mais miséria, deixando os sobreviventes, após tantas tragédias, sem perspectivas, descrentes na recuperação do país, pois a economia frágil e a política instável da nação agravam cada vez mais a situação de miséria do povo. Desesperançosos em relação ao futuro e para fugir da miséria, milhares de haitianos reúnem o pouco de economia que lhes resta e mergulham no desconhecido para recomeçar a vida em outras partes do mundo.  São muitos os países procurados por eles. Entre eles o Brasil, porque veem aqui uma nova oportunidade de vida por sermos um país em ascensão, com um povo gentil e hospitaleiro.  

Diante do contexto, resta-nos saber qual o perfil desse público, que razões os trouxeram para cá  e o que esperam do povo brasileiro.

Conforme dados de uma pesquisa  cerca de 55% dos haitianos viviam com menos de 1,25 dólar por dia, em média 58% da população não tinha acesso à água limpa e em 40% dos lares faltava alimentação adequada. Quanto ao nível de escolaridade a maioria tem segundo grau incompleto, numa faixa etária de 25 e 34, uns poucos bebês e idosos. Muitos também com formação universitária. Todos esperam trabalhar para ajudar as famílias que ficaram no Haiti; estudar para ter oportunidade de crescimento e recomeçar a vida; viver sem violência e com segurança, o que lhes faltava  em seu país.

Mas, será que esses imigrantes estão encontrando aqui respostas para seus anseios?  O Brasil está preparado para atender as necessidades desses cidadãos?  Temos acompanhado muitas críticas pela mídia considerando uma invasão em massa, mas convém lembrar que são seres humanos como nós e merecem respeito e acolhida. Temos inúmeros problemas  a serem resolvidos internamente, é claro, mas agora eles já estão aqui e é preciso buscar alternativas para solução do problema. Seria desumano negar ajuda a quem abandonou tudo em busca de sobrevivência.

A corrente migratória dos haitianos pode ser considerada a maior nos últimos cem anos, por isso é preciso que o governo discuta esta situação para que os imigrantes  não sofram aqui o que sofriam em seu país.