Saúde

Pacientes são prejudicados com fim de mutirões

Foto: Divulgação

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Perdas financeiras e mais dificuldades para se manterem, além de atrasos nos procedimentos eletivos, que muitas vezes já são demorados em função de os casos de urgência e emergência serem prioridade. Estas são algumas das consequências que a suspensão dos mutirões de cirurgias eletivas irão trazer a alguns hospitais da região da Amurel.

O governo do Estado e os municípios catarinenses anunciaram que vão suspender, a partir do dia 1º de junho, a marcação de procedimentos do chamado mutirão de cirurgias eletivas. Os mutirões eram financiados através de programa de incentivo financeiro para acelerar as cirurgias eletivas. 

A decisão de suspender foi tomada em reunião deliberativa da Comissão Intergestora Bipartite – CIB realizada com representantes da Secretaria de Estado da Saúde e das secretarias municipais de Saúde.

A medida não significa que serão suspensas as cirurgias eletivas em Santa Catarina, mas sim que haverá o corte no incentivo que era pago aos profissionais da saúde para aumentar a realização dos procedimentos eletivos ambulatoriais e hospitalares de média complexidade. Entre estes estão cirurgias de catarata, hérnias e outros casos que não são considerados emergenciais. 

No Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos, em Laguna, a presidente, Regina Ramos dos Santos, afirma que as perdas financeiras são representativas, mas frisa que, para os pacientes, elas são inestimáveis.

“A cirurgia eletiva de hoje pode se tornar a emergência de amanhã. É sabido por todos que a espera por esses procedimentos é grande, em função da alta demanda e da priorização das emergências. Os mutirões tinham um importante papel no sentido de reduzir a fila e agilizar o atendimento destes pacientes que, pelo fato de não terem uma emergência, não têm menos necessidade do procedimento”, pontua.

Regina destaca, por exemplo, que um paciente que está sem enxergar em função da catarata passa por diversas dificuldades, assim como um trabalhador que está sem atuar em função de uma hérnia, mas não pode voltar ao trabalho sem a cirurgia. 

Para o hospital, a presidente destaca que a não realização dos mutirões significa uma perda de R$ 30 mil mensais em recursos. “Considerando que já sobrevivemos com dificuldades, e que a tabela do SUS não é reajustada há mais de 20 anos, é uma perda importante para o hospital. Também queremos saber como será em relação ao pagamento de uma dívida de R$ 160 mil que o Estado tem hoje com a instituição dos mutirões do ano passado”, enfatiza Regina. 

O Hospital Santa Terezinha, de Braço do Norte, também aponta que o cancelamento dos mutirões traz perdas. “O mutirão de cirurgias eletivas é um bônus que o Estado pagava para médicos e para os hospitais. A falta deste bônus diminui o faturamento do hospital e reflete diretamente no resultado financeiro da instituição. A redução na receita é estimada em R$ 55 mil/mês”, informou a administração do hospital. Além disso, deve diminuir a quantidade de cirurgias efetuadas através do SUS, e o tempo de espera deve aumentar em três meses.

Como fica

As cirurgias eletivas de urgência, emergência e de sequência de atendimento continuarão sendo feitas nos hospitais dentro da cota prevista e contratada por cada unidade. Cirurgias eletivas do mutirão já agendadas serão realizadas. A decisão foi tomada em razão do cancelamento, no ano passado, do programa por parte do governo federal e da consequente falta de repasses. Os últimos pagamentos feitos pelo Ministério da Saúde são referentes a agosto de 2015.

Com informações do site Diário do Sul