Relato exclusivo revela bastidores de fé, ternura e missão ao lado de um dos papas mais humanos da história.

Padre Renato dos Santos atuou por três anos no Vaticano, servindo na comunicação da Santa Sé (Foto: Arquivo pessoal)
No coração do Vaticano, entre arquivos centenários e transmissões em dezenas de línguas, um padre nascido em Rio do Sul, viveu uma das experiências mais singulares da trajetória sacerdotal. O Padre Renato dos Santos, salesiano de Dom Bosco, passou três anos atuando na comunicação do Vaticano. Durante esse tempo, teve como chefe ninguém menos que o Papa Francisco.
Em entrevista concedida com exclusividade ao Sul In Foco, o padre compartilhou momentos marcantes da convivência com o pontífice argentino. Logo no início da conversa, um episódio ficou marcado: “No primeiro dia do meu trabalho no Vaticano, fui me encontrar com ele. Ele me recebeu perguntando de onde eu era, meu nome… E no fim da conversa disse: ‘Padre Renato, desde hoje eu agradeço o trabalho que o senhor vai prestar para a Igreja aqui no Vaticano’. Olha que coisa linda, né? Antes mesmo de eu começar, ele já agradecia”, relembra emocionado.
A história do padre Renato no Vaticano começou quando foi convidado pelos superiores salesianos para integrar a comunidade que há mais de 80 anos vive dentro do próprio Estado do Vaticano. Lá, os religiosos são responsáveis pela comunicação impressa e institucional da Santa Sé.
“Gerenciávamos o jornal L’Osservatore Romano, o serviço fotográfico, a tipografia, as publicações de livros e revistas. Também participei das transmissões na Rádio Vaticana. A minha voz está nos arquivos das celebrações papais”, contou orgulhoso.
Mais do que a rotina técnica, o que o marcou foi o contato humano com Francisco. “O Papa nunca passou por mim sem perguntar como eu estava. Tinha esse cuidado com as pessoas. Era simples, acessível, gentil. Um homem de fé profunda e de uma ternura imensa. A gente percebia que ele olhava o outro com os olhos de Jesus”, relembrou emocionado.
Ao longo da entrevista, o padre fez questão de relatar o que considera o grande diferencial do pontificado: a sensibilidade pastoral. “Cada Papa deixa a sua marca. Francisco nos deixou essa visão de Igreja em saída, comprometida com as pessoas, que sente o cheiro das ovelhas. É uma espiritualidade encarnada, viva, alegre”.
Além do coração pastoral, o padre Renato também enfatizou o perfil intelectual do Papa. “Francisco deixa um magistério vasto, com encíclicas e documentos que ampliam os horizontes da fé. Escritos que unem profundidade e clareza, como Laudato Si’, Fratelli Tutti, Evangelii Gaudium. Tudo com linguagem acessível, voltada ao ser humano real”.
Ao final da entrevista, ele resumiu tudo o que aprendeu com o Papa em uma frase: “Francisco nos ensinou a colocar a vida a serviço da vida. Isso carrego comigo”.
Quem são os nomes cotados para suceder o Papa Francisco
Agora, com o falecimento do pontífice, a Igreja entra em uma nova fase. O mundo católico aguarda o próximo conclave e os nomes mais citados entre os possíveis sucessores já circulam com força:
Pietro Parolin (Itália): atual Secretário de Estado do Vaticano, articulador político e figura respeitada nos bastidores da Cúria.
Luis Antonio Tagle (Filipinas): cardeal popular, missionário, com forte apelo junto aos jovens e comunidades da Ásia.
Matteo Zuppi (Itália): arcebispo de Bolonha, conhecido por sua atuação humanitária e perfil pastoral semelhante ao de Francisco.