Economia

Pagamento de ex-trabalhadores da Criciúma Construções pode iniciar ainda neste ano

Foto: Daniel Búrigo / Clicatribuna

Foto: Daniel Búrigo / Clicatribuna

Pela primeira vez condições reais de pagamentos foram repassadas aos ex-trabalhadores da Criciúma Construções. Dependendo da aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, a quitação das dívidas junto aos quase 400 funcionários poderá iniciar ainda neste ano. As últimas atualizações, dados e números foram repassados aos credores prioritários da construtora em assembleia, realizada ontem à noite, no Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma.

Para auditório lotado, o juiz responsável pelo caso, Pedro Aujor Furtado, afirmou que a previsão é que a recupe-ração esteja aprovada em novembro, permitindo que um plano de pagamento e ressarcimento seja viabilizado.  Com isso, o objetivo é que parte dos trabalhadores recebam seus direitos traba-lhistas até dezembro."Sei que é difícil pedir mais paciência, mas o que posso fazer agora é pedir a confiança de vocês. Vocês não estão abandonados e são a minha prioridade. Ninguém ficará sem receber o que lhe é de direito", enfatizou o juiz.

Conforme o gestor judicial da empresa, Zanoni dos Santos Elias, a construtora possui atualmente uma poupança de R$ 6,5 milhões, que tem como prioridade pagar os di-reitos dos ex-trabalhadores. Esses recursos foram viabilizados através de bens e imóveis do grupo empresarial que conti-nua com negociações e vendas. Na última assembleia, realizada em fevereiro, esse valor era de R$ 4 milhões. "Estamos guardando e angariando o má-ximo de recursos para pagar cada um de vocês no momento legal", disse.

Os credores da Criciúma Construções possuem ainda 30 dias para se manifestarem sobre o plano de recuperação judicial, que, sobretudo, é o que estabelece as formas de pagamento dos envolvidos no caso. Após isso, ele será apresentado e encaminhado para assembleia de credores para aprovação, rejeição ou sugestão de modificação do material estabelecido. Os representantes da empresa, no entanto, mostraram-se confiantes sobre os encaminhamentos que cercam a aprovação.

"Nossa organização depende de que os outros credores sejam bem atendidos para que o processo não seja paralisado. Se for aceito, será o momento processual apto para o recebimento dos direitos. Se aprovado e nós não cumprirmos nosso compromisso com os trabalhadores, a empresa correrá penas (judiciais)", enfatizou, na oportunidade, o administrador Agenor Daufenbach Junior.

Esperança renovada

O caso da Criciúma Construções possui cerca de 7 mil processos abertos, muitos que dizem respeito aos trabalhadores que construíram os imóveis e empreendimentos que levam o nome da empresa. Mas, ontem, as esperanças de Ciro Bonadeu foram renovadas. Carpinteiro pela construtora durante seis anos e atualmente autônomo, o ex- funcionário espera receber todos seus direitos referentes ao seu desligamento e também de um mês de trabalho atrasado.

Durante a assembleia, todos os dados repassados foram anotados em um caderninho, para que ele saiba os andamentos. "Esse é um costume meu desde que entrei com o processo contra eles. Mas hoje eu tenho esperanças, temos que confiar. Nós esperamos tanto, o que são mais três, quatro meses? Esses são os primeiros prazos que nos são passados", enfatiza. A dívida com todos os credores está orçada em R$ 700 milhões. Conforme Zanoni, com o repasse dos empreendimentos para as associações criadas pelos compradores dos imóveis, esse valor cai 20%.

Conforme o advogado representante dos ex-trabalhadores, Arlindo Rocha, a possibilidade de pagamento só está acontecendo porque a Criciúma Construções não decretou falência e está conseguindo efetivar a sua recuperação. "Temos que entender que esse é um processo complexo e que, para nossa felicidade, não houve decreto de falência. Se não demoraríamos dez anos para receber”.

Com informações de Denise Possebon / Clicatribuna