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Pescadores aguardam vento sul e as tainhas corseiras

Facão e tainhotas já estão sendo disputados.

Agora, os pescadores artesanais disputam as tainhas com as embarcações, com o encerramento do defeso da tainha, a frota industrial está autorizada a capturar a espécie a partir de ontem. Nesta terça-feira (15), barcos já saíram para alto-mar através do Porto de Laguna. Uma saída dessa pode ultrapassar 30 mil quilos do peixe, alguns chegam a ficar mais de 20 dias na captura.
 
Os tradicionais pescadores dos Molhes estão conseguindo tainhas, de porte médio, popularmente chamadas de facão e tainhota, desde o início do maio. A expectativa é vento sul que costumam trazer fartura para os pescadores e os botos, com tainha maiores e ovadas. Preferida para a culinária, no preparo no forno, ou também, reservar a ova para fritar e comer como aperitivo.

Nesta terça, água clara, pouco vento e ondas não proporcionaram uma boa pescaria no Mar Grosso. “Estamos esperando o frio e o vento”, disse Wilson Francisco, o Safico, pescador de tarrafa há mais de 15 anos.

A pesca da tainha começa com a chegada do frio, quando os cardumes vêm em busca de águas mais quentes. Os pontos de partidas são o litoral do Rio Grande do Sul e a bacia do Rio da Prata, entre Uruguai e Argentina, grandes berçários do peixe. Mais de 50% dos cardumes acabam nas redes dos pescadores catarinenses.

Em Laguna, a tainha é pescada em tarrafas nas encostas, nas praias e nos Molhes, com auxílio dos botos. Na região do Farol de Santa Marta a captura se faz através de arrastão, com o cerco do cardume feito pelos barcos com redes, onde um olheiro, pescador que visualiza os peixes do alto das encostas e avisa o pessoal na praia.

As tainhas são vistas em cardumes, pois é uma característica da fecundação, onde as fêmeas lançam os óvulos no mar e se encontram com os esperma por acaso, por isso elas nadam tão juntas.

Disputa começa na madrugada

Antes do amanhecer, os primeiros pescadores chegam no Molhes na praia do Mar Grosso. O objetivo é guardar lugar na fila “da jogada da rede” na captura do peixe com ajuda do boto. Os mais experientes, ás 3h da manhã, estão na espera do sol raiar. Primeira claridade, o vai e vem de tarrafas começa. Quem pescar qualquer quantia de peixe, cede o lugar para o que está na areia esperando. Num dia concorrido mais de 20 pescadores estão na fila, e outros 20, na espera. Depois de passar muito frio, os pescadores criaram uma espécie de palanque de ferro móvel, sob a água no canal da barra eles podem visualizar melhor o peixe e jogar a tarrafa com mais perfeição.

O pescador Elias Mattos, é um desses frequentadores assíduos. Dia bom, chega a vender mais de 70 tainhas.

O rodízio segue o dia inteiro. Os que chegaram atrasados podem escolher outros locais, ou ainda, jogar a tarrafa por trás daqueles que estão na fila. As melhores pedras ao longo do quebra-mar (Molhes) também são concorridas, conforme o vento dá para pegar grande quantidade de peixe. O pescador artesanal que preferir não disputar espaço segue pela praia e captura o peixe nas ondas com ajuda dos botos que resolveram passear pela praia.

No Mercado Público as tainhas podem ser encontradas por R$ 6 o quilo.

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