Segurança

PF suspende porte de armas da Guarda Municipal de Tubarão

Foto: Divulgação / DS

Foto: Divulgação / DS

A Guarda Municipal de Tubarão está desde ontem sem o porte de arma. A suspensão partiu da Polícia Federal e os guardas tiveram o armamento recolhido por falta de horas-aula no curso de tiro. Desde então, os guardas municipais deixaram de atender a ocorrências nas ruas da Cidade Azul.

De acordo com o inspetor da Guarda Municipal de Tubarão, Jader Freitas, o recolhimento das armas foi feito ontem, após o comando receber orientação da determinação. “Estamos tentando encontrar uma solução. Porém, enquanto nada fica decidido a nosso favor, vamos deixar de ir para as ruas”, antecipa o inspetor. 

A situação de Tubarão se assemelha à dos guardas municipais de Florianópolis. Na capital, os profissionais também tiveram o armamento suspenso e, na segunda-feira, decidiram por entrar em greve, após se recusarem a ir para as ruas. A alegação dos guardas de Tubarão, como a dos de Florianópolis, para não ir à rua sem arma é a insegurança que isso acarreta. 

Freitas complementa que, mesmo se ir às ruas, os guardas tubaronenses vão continuar cumprindo a escala de trabalho. Na tarde de ontem, todas as viaturas da Guarda Municipal estavam paradas. 

Ainda segundo o inspetor, os guardas não tinham conhecimento da necessidade da complementação das horas do curso para o porte de armas, realizada em 2011. “O que sabíamos é que em outubro deste ano precisaríamos refazer o curso, ou seja, revalidar o nosso porte, explicando de forma mais clara. Contudo, informamos os nossos superiores no ano passado sobre a questão e, até então, não recebemos resposta para a realização do novo curso”, diz Freitas.

Armamento da Guarda Municipal é retido

Sobre a decisão da suspensão do uso de arma pela Guarda Municipal de Tubarão, a assessoria da prefeitura informa que “conforme decisão da Polícia Federal, a Secretaria de Segurança e Patrimônio está recebendo as armas dos agentes. O município, através da Procuradoria, está estudando a situação para resolver o mais breve possível”, diz. 

Ainda segundo a assessoria da prefeitura, a Guarda Municipal continuará atuando normalmente, e o problema em questão não é exclusividade do município de Tubarão, é também de outros municípios, já que a PF passou a exigir mais horas de curso para manter as armas. 

Porém, os profissionais alegam que não vão para as ruas até que a situação seja resolvida. A reportagem chegou a questionar a prefeitura sobre o aviso dos guardas para que fosse feito o curso para manter o armamento. Este aviso teria sido feito em 2015. Sobre o assunto, a prefeitura não se manifestou.

Kit de segurança foi entregue em 2011

O porte de arma para a Guarda Municipal de Tubarão foi uma conquista adquirida em 2011. No ato, durante a gestão do ex-prefeito in memoriam Manoel Bertoncini, foi entregue o kit de segurança aos profissionais. Cada kit era composto por equipamentos de proteção, dentre eles colete balístico, capa do colete, spray de pimenta, munição e pistola Taurus PT 59, além de coturnos e o curso de tiro policial defensivo, e custou cerca de R$ 5,2 mil. 

A mudança do regime trabalhista dos guardas municipais e curso realizado na Academia de Polícia Civil foram ações necessárias para que a Polícia Federal expedisse o porte de arma de fogo, autorizando a utilização dos equipamentos em serviço. O porte de arma foi adquirido cinco anos depois da instalação da Guarda Municipal em Tubarão.

Morte de guarda relembra insegurança

A conquista do porte de arma dos guardas municipais de Tubarão aconteceu oito meses depois que um dos colegas foi morto, a tiros, durante um assalto em Tubarão. Marcelo Goulart Silva, de 33 anos, tubaronense e guarda municipal na Cidade Azul, foi morto por assaltantes em fevereiro de 2011. Ele tentava impedir a fuga de quatro ladrões, que haviam acabado de assaltar uma relojoaria. 

Marcelo foi baleado na rua Lauro Müller (beira-rio) e morreu logo em seguida, antes mesmo da chegada do socorro. Na época, os profissionais da Guarda Municipal de Tubarão ainda não tinham autorização para portar armas. Com a suspensão do armamento esta semana, os guardas que atuam nas ruas atualmente temem pela insegurança. 

“Não queremos que casos como o do Marcelo se repitam. E não estamos apenas preocupados com a nossa segurança, mas também da sociedade. A arma é nosso instrumento de trabalho. Quem sabe a morte de Marcelo poderia ter sido evitada se ele tivesse tido a chance de se defender”, desabafa o inspetor Freitas.

Com informações do Jornal Diário do Sul