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Professor Celso é homenageado pelos mais de 40 anos de trabalho em prol da educação, em Orleans

Foto: Isabel Cristina / Câmara de Vereadores de Orleans

O professor e ex-reitor do Centro Universitário Barriga Verde – Unibave, Celso de Oliveira Souza, foi homenageado durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Orleans, na noite dessa segunda-feira (9). O vereador Osvaldo Cruzetta (PP), autor da indicação para a homenagem, foi quem fez a entrega da placa. “Por sua contribuição com o desenvolvimento e o engrandecimento da educação no município de Orleans”, dizia a justificativa.

Celso iniciou o pronunciamento dizendo que falaria sobre o “sonho Febave”, para o qual contribuiu desde o início, junto ao padre João Leonir Dall’Alba e, da mesma forma, para o Centro Universitário Barriga Verde – Unibave, do qual foi demitido recentemente. “Eu fui demitido e expulso de forma desumana e grosseira de uma entidade que consumiu 42 anos da minha vida”, lamentou.

“O sonho Febave foi uma luta para manter-se na realidade. Realmente, a Febave foi um sonho do padre João para amparar e tornar realidade as ideias que tinha sobre cultura e educação”, disse. Ainda segundo o homenageado, com o sonho sempre latente na cabeça, encontrou nos políticos orleanenses alguns apoios e iniciou o projeto, formando um pequeno grupo de pessoas para discutir as ideias. “Fizeram alguns debates e algumas visitas a fundações que já estavam atuando. A conclusão era de que não seria viável na região trabalhar com faculdades, mas outros projetos sim. Cursos técnicos, projetos culturais e sociais, apoio aos órgãos públicos nas suas dificuldades. Mas, quem sabe um dia, faculdade”, relembrou.

Celso conta que, em 1969, mobilizou as lideranças e realizou uma importante reunião para discutir e implantar uma faculdade na Cidade das Colinas. “Movidos pelas discussões positivas para criar a fundação, organizaram um Projeto de Lei na administração de Francisco Zomer e Edgard Zomer, que foi à Câmara de Vereadores para a devida avaliação e aprovação, nascendo a Fundação Educacional Barriga Verde – Febave, no dia 23 de setembro de 1974, pela Lei nº 491”.

Em fevereiro de 1975, a Febave foi instalada em uma pequena sala alugada, de apenas nove metros quadrados, coordenando as escolas municipais e com intuito de fazer um bom projeto pedagógico para elas. “Entre eles, o Projeto de Integração Cultura e Educação, apoiado pela Fundação Nacional Pró-Memória e o MEC. Permanece fortemente em minha lembrança, o Padre João discursando, dentro daquela pequena sala, e umas poucas pessoas do lado de fora assistindo aquele discurso entusiasmado, concretizando um grande sonho. Eu trabalhei na Febave desde o seu primeiro dia de atuação”, contou.

Ele conta ainda que, desde então, muitos foram os obstáculos a serem superados. “Após grande desavença, os projetos foram morrendo e a Febave foi ficando no esquecimento”, recordou-se. “Os sonhos viram pesadelos, e que pesadelos. Não havia dinheiro para nada, pois sua fonte principal era a Prefeitura para manter as escolas. Não repassava por dificuldades e a indiferença, pela importância da Febave, estava na cabeça de muitos. Só ficamos eu e o Padre João. Todos sumiram, se afastaram”.

Segundo o professor, ele manteve-se solidário ao Padre João, contribuindo para que tudo fosse resolvido e para que a fundação pudesse lutar em busca de seus objetivos. “Todos aqueles projetos foram esquecidos e o Padre João permaneceu firme e determinado no projeto de adaptação do Ensino Médio de Orleans à Lei 5.692/71. Ele conseguiu fazer com que este projeto fosse vitorioso, unindo o seminário à Escola Técnica de Comércio de Orleans e o colégio normal Toneza Cascaes. A fundação ficou com a Escola Técnica e os cursos técnicos de Contabilidade e Secretariado”.

Foto: Isabel Cristina / Câmara de Vereadores de Orleans

Este foi o impulso necessário para continuar a luta. Entrou algum dinheiro, pagaram-se as contas e renovaram-se os ideais com novos projetos. Especialmente, com a Escola Profissional Febave, com diversos cursos, em especial, a Escola de Marcenaria. “Diante das dificuldades de dinheiro e gente para desenvolver, em 1976, o Padre João me convida para ser um executivo da instituição. Sem a necessária experiência, hesitei, mas ele insistiu e eu aceitei. Formamos uma dupla. Aprendi muito com ele, com Antonio Carlos Pereira Boia e o prefeito Edgard Zomer”.

Ocorreram eleições em 1976 e Edgard é eleito prefeito. “Simpatizante do Padre João e grande apoiador, criaram uma nova Febave, pela lei nº 528, de 31 de março de 1977. Com isso, as Semanas Culturais se fortalecem e têm grande destaque. Surge o Museu ao Ar Livre, as Esculturas do Paredão. A Febave começa a ter simpatia e a compreensão do povo. No governo de Edgard Zomer e Paulo Roberto Miranda Gomes, a Febave se destacou, fortalecendo sonho de um dia também contas com faculdades”.

Conforme Celso, na época, os salários eram pagos com dificuldades, atrasados. “Mas não desanimei. Em todos os cantos, procurávamos alternativas à sobrevivência da Febave. As atividades da fundação eram, especialmente, voltadas para o social e cultural. Projetos que não rendiam dinheiro. Ainda por cima, se consumia o pouco que se tinha. Nessa época, trabalhar em educação básica paga em Orleans tinha pouca aceitação. Até que, com muito esforço, criamos a Escola Barriga Verde, em 1988, que foi um caminho muito bom para levarmos adianta ao sonho da faculdade”.

“A Febave, em minha vida, passou a ser um filho com dificuldade de se encaminhar. Meus filhos diziam que ela era o filho mais velho, pois eu estava lá de domingo a domingo sem desliga-la do meu pensamento, 24 horas por dia. Houve momentos que parecia que não conseguiríamos vencer as dificuldades. Entregar tudo e ir embora parecia a única solução. Mas a persistência e o desejo de contribuir com o desenvolvimento de nossa região eram muito fortes. Muitos projetos não avançaram como se pretendia”.

Foto: Isabel Cristina / Câmara de Vereadores de Orleans

Por volta de 1984, Celso contou que elaborou um projeto e o protocolou no Conselho Estadual de Educação. Em 1996, na administração de Osvaldo Cruzetta e Luiz Crocetta, a ideia da faculdade se acende. “Conversei com o prefeito Vá e o vereador Lucrécio Sandrini sobre o propósito da faculdade pela Febave. Eles apoiaram esta grande ideia. Começamos a dar os primeiros passos junto ao Conselho Estadual de Educação para fazer os projetos”.

Em 1997, Adolar Carboni Librelato, o Lali, e Miguel Crozetta assumem a Administração Municipal. “Neste ano, foram feitos contatos com as lideranças e elaboração do projeto. Foi uma luta para aprovar o projeto no conselho, mas aconteceu, pois um grupo de lideranças locais esteve lá mostrando o nosso interesse. Aprovado o curso de Administração e implantado, obteve por duas vezes consecutivas conceito A do MEC. Isto foi a prova que precisávamos para dizer que sabíamos sim fazer educação superior”.

A partir desta avaliação, ficou então credenciada para crescer. “O trabalho e as dificuldades não foram poucas para criar o Unibave. Definição e construção de estrutura física, formação de pessoal, estrutura acadêmica, montagem da biblioteca, criação de novos cursos, criação do Centro Universitário, conquistar pessoas com conhecimento de ensino superior para nos ajudar”, enumerou. “Foram muitos amigos que acreditaram em mim e me deram créditos para que hoje pudéssemos ter o Unibave em Orleans. Sempre digo muito e fiz foi por causa dos amigos que arranjei”, reconheceu.

Entretanto, ele frisa que também desempenhou papel fundamental. “Conseguimos ter uma boa estrutura universitária em Orleans, mas teve custos e preciso dizer isso: só aconteceu porque alguém acreditou e ficou procurando o jeito certo para iniciar. Este alguém fui eu, sem medir esforços e pensar o desgaste da saúde que eu sofreria, além de enfrentar escárnios, mas, de cabeça erguida e me apoiado naqueles de caráter solidário, os irônicos foram derrotados e surgiu o Unibave. A minha contribuição foi demasiadamente grande para tudo que podemos ver de concreto na Febave”.

Em contrapartida, a sua saúde cobrou o preço dos esforços. “Minha saúde foi se debilitando. Me internei mais de dez vezes no hospital para controlar a hipertensão, tendo que controlar o surgimento do Diabetes. As dores na minha coluna ia controlando com remédios e fisioterapia. Em 2012, as dores em minha coluna eram muito fortes e comecei a buscar uma solução médica. O ano de 2013 ficou marcado para mim como ano da dor e não tive mais como controlar, senão por uma cirurgia em março de 2014. Foram 7h30min na mesa de cirurgia. Seis pinos e quatro parafusos na coluna foram plantados. As dores aliviaram, mas os cuidados com esse procedimento cirúrgico é muito sério, pois ainda continuo em tratamento por orientação médica”, relatou.

Foto: Isabel Cristina / Câmara de Vereadores de Orleans

Por tudo isso, considera injusto o fim desta história. “A pergunta que deixa para todos é: quanto teria custado fazer tudo isso por profissionais contratados? Eu nunca recebi salário de reitor, mas como técnico, na condição de assessor pedagógico, algumas pessoas disseram que eu tinha um salário exorbitante. Eu ganhava R$ 14.000 brutos e sobraram R$ 10.000 líquidos. Eu nunca recebi nada de hora extras e, sempre que se fazia necessário, cobria professores sem receber por isso. Na condição de reitor, fiquei muitos domingos e feriados na recepção do museu, atendendo como recepcionista. Tenho pessoas de grande caráter que comprovam isso”, disse.

“Pois bem, diante de tudo que fiz e não foi pouco. Foi grandioso. Mesmo assim, não sensibilizou o Conselho Diretor, porque, no dia 17 de julho, o representante do conselho entrou na minha sala e me comunicou que o conselho tinha optado pela minha demissão, pois não tinha como pagar o meu salário. E que queria uma pequena sala que eu estava ocupado. Esta sala que eu estava instalado até porque estava vazia e na qual eu tinha colocado algumas memórias do Padre João e pertences meus, oriundos das lutas pela construção da Febave e Unibave. Eu fui demitido e expulso de forma desumana e grosseira de uma entidade consumiu 42 anos da minha vida. Os pertences estão lá, guardados no local improvisado em minha casa e eu estou tentando me recompor de tamanho golpe, oriundo de traição e ingratidão”, lamentou.

Para finalizar, ele agradeceu o reconhecimento na Câmara de Vereador e agradeceu ao apoio de sua família. “Não esperava escrever um texto com palavras tão tristes na minha história de vida, mas a lei da natureza predominou, onde o mais forte sobrevive, eliminando mais fraco. Eu quero agradecer a Câmara de Vereadores pelo momento de poder estar aqui e dizer alguma coisa sobre a história de uma organização social que teve muito empenho da minha pessoa e todos aqueles que acreditaram nas minhas ideias para fazer com que a Febave pudesse manter sua saga de projetos de interesse para as Encostas da Serra. Para mim, só restou ficar no meu psicológico a perplexidade de uma história que jamais pensei que pudesse ser dessa forma”, afirmou.

“Quero agradecer a minha família que se encontra presente me apoiando neste momento de tristeza e que eles se levantem em um gesto demonstração de apoio e de esperança nos momentos em que pude estar presente com eles para atender um sonho Febave. Meus filhos minha e mulher, obrigado a vocês por tudo que fizeram para me ajudar em um projeto que pelo menos teve o reconhecimento da Câmara de Vereadores”, concluiu.

O autor da homenagem, vereador Osvaldo Cruzetta (PP), o Vá, relembrou de conquistas que alcançaram juntos. “Quando fui prefeito, eu convidei o professor Celso para que ele assumisse a Secretaria de Educação. Até pela nossa amizade e pelo conhecimento que ele tem na área de educação. Posso afirmar para vocês aqui, com todas as letras, que nós não tínhamos uma Secretaria de Educação. Tínhamos apenas um departamento. Nós criamos ela e foi estruturada pela vossa pessoa, com muita responsabilidade e com muito compromisso”.

Segundo ele, conta com o Unibave é de extrema importância para o município e região. “Hoje, está aí o exemplo para o nosso município, pra nossa região e para Santa Catarina. Uma universidade para nossos filhos cursarem o ensino superior, não precisando se deslocar para outros municípios com custos muito maiores, que muitos pais não teriam condições de arcar com os estudos dos filhos”, reforçou.

Por fim, parabenizou e agradeceu a Celso. “Essa homenagem é justa. O povo orleanense certamente fica muito agradecido por tudo o que você tem feito por nosso município e região, principalmente na área da educação. Continue lutando, buscando o desenvolvimento. Parabéns pelo seu trabalho e por tudo que tem feito por nós”.

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