Saúde

Projeto leva acessibilidade a imigrantes Haitianos em Orleans

Etiquetas orientativas devem facilitar a comunicação tanto na hora do atendimento quanto nas dispensações dos medicamentos.

Foto: Divulgação

Alunos do Centro Universitário Barriga Verde (Unibave) desenvolveram um projeto que trará acessibilidade aos imigrantes haitianos que residem no município de Orleans. Etiquetas orientativas devem facilitar a comunicação dos profissionais da área da saúde tanto na hora do atendimento quanto para as dispensações dos medicamentos.

Conforme a coordenadora da Atenção Básica de Orleans, Renata Casagrande, existe um crescente número de estrangeiros no município e a comunicação nem sempre é fácil. “A falta de comunicação com os pacientes é algo que dificulta a adesão dos tratamentos de patologias ou até mesmo o seguimento de pré-natal. A difícil adesão na maioria das vezes é decorrente da não compreensão do idioma”, informa Renata.

Pensando na solução, ao menos para minimizar esse problema, os alunos dos cursos de Farmácia e Enfermagem desenvolveram dentro da disciplina de projeto Articulador III, uma etiqueta de posologia, traduzida para língua crioula. A ideia é facilitar a assistência farmacêutica, a adesão terapêutica e minimizar as chances de resistência aos medicamentos. O projeto chamado “Paz, Justiça e Instituições Eficazes – Atenção Farmacêutica voltada ao Imigrante Haitiano”, já está sendo utilizado na farmácia central do município de Orleans, que hoje tem cadastrado junto a secretaria de saúde municipal 340 haitianos, ao longo das nove Unidades de Saúde. “São dados subnotificados. Acredita-se que sejam muito mais, já que algumas pessoas nunca procuraram assistência médica”, afirma a professora do Unibave e servidora da Vigilância Epidemiológica, Alana Patrício Stols Cruzeta.

A professora Alana leciona a disciplina do Projeto Articulador III e, segundo ela, a ideia é a inclusão do imigrante, para facilitar uma das muitas barreiras que eles vêm enfrentando. “A gente percebe uma dificuldade desde a hora que o paciente chega à unidade de saúde. Para ele conseguir expressar a sua queixa. Do profissional de saúde compreender o que ele está se queixando. Da orientação para tomar a medicação, da adesão e da importância do tratamento”, explica a professora.

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Apresentação

As etiquetas orientam horário de tomar o medicamento, e como tomar por meio de pictogramas (figuras) e escrita traduzida para língua nativa dos haitianos (crioula). O projeto foi apresentado aos professores da instituição, junto a profissionais da secretaria de saúde de Orleans, no dia 30 de julho, pelos acadêmicos Gabriel Briguenti (farmácia) e Luana Monteiro (enfermagem). O tema abordado está de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que traz como tema Paz, Justiça e Instituições eficazes.

Conforme a aluna do curso de Enfermagem Luana Monteiro, que tem 20 anos, o trabalho passou por três tradutores para garantir a eficiência na comunicação. “Existia a dificuldade dos profissionais de saúde e dos imigrantes também. Não tinha interesse, justamente por não entender a língua”, relata a estudante. A coordenadora do curso de Farmácia, Tamirys Schulz Westphal, reforça que o objetivo foi trabalhar a inclusão. “Na prática eles aqui, têm dificuldade em tudo. Desde a localização, os costumes, o clima e também na comunicação. A ideia dos alunos agora deve gerar frutos, já que teve aceitação da secretaria de saúde do município e agora só tende a crescer e contribuir com o atendimento”, analisa.

O acadêmico Gabriel Strey Briguente, de 21 anos, diz que foram feitas pesquisas no sistema de saúde do Haiti, para compreender também os costumes. Com o trabalho, a ideia é criar laços com imigrantes. “Assim podemos acolher melhor eles. Com uma melhor adesão medicamentosa, evitamos o mal-uso dos medicamentos pela falta de comunicação”, relata.

Avaliação da Secretaria

Para a supervisora da Farmácia Central de Orleans, Cinthia Soares Lotin Librelato, que esteve acompanhando a apresentação, o projeto foi uma surpresa maravilhosa, já que os alunos se colocaram no lugar dos haitianos. “A maioria deles não fala e não entende a nossa língua. Muitas vezes quem vem busca o medicamento não é o próprio paciente. É alguém que tenha certo entendimento da nossa língua”, afirma Cinthia.

Conforme a farmacêutica, ainda cabe aprimorar a ideia, já que algumas indicações não foram contempladas. “Ainda cabe expandir o projeto para todo o município e não só no serviço público. O projeto mostra empatia”, analisa. O secretário de Saúde de Orleans, Murilo Debiasi Ferrareis, analisa que o projeto é só um exemplo do quanto as instituições de ensino tendem a auxiliar na melhoria do serviço público. “A tradução das etiquetas para o idioma deles facilitou muito o trabalho cotidiano. O objetivo da secretaria da saúde é fortalecer os campos de estágio, abrindo portas para o conhecimento construído nas instituições de ensino e que trazem melhorias para a saúde da população com ideias inovadoras”, diz o Secretário, que é formado no curso de psicologia no Unibave.

Desta pesquisa, além de Gabriel e Luana, que apresentaram o trabalho, ainda participaram Alessandra Tomé Onofre, Carolina Savi, Cintia Ramos Vieira, Gabriela Padilha Madeira, Gabriela Zapelini Tizziani, Júlia Jeremias Bonetti, Larissa Goulart, Letícia Bussolo Demetrio, Maiara Custodia João, Marine da Silva Alves, Marisa Sizenando, Milena Hilbert e Vitória Velho Borges.

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