Educação

Rio de Janeiro

A professora e colunista Ana Maria Dalsasso comenta sobre a intervenção militar no Rio do Janeiro e questiona a possível intenção de "manobra política".

Foto: Mario Tama/Getty Images

Se foi de caráter eleitoral ou para fugir do provável fracasso na votação para a reforma da previdência, uma coisa é preciso admitir: já passou da hora de se tomar providências sobre o problema da segurança pública, não só no Rio de Janeiro, mas do país todo. Na verdade, a nação clama por socorro em todas as áreas. Quem sabe é a arrancada para a mudança…

A intervenção militar no Rio tem gerado controvérsias, mais contras do que a favor, porém diante da situação crítica em que se encontra o Estado, alguém tinha de tomar uma medida, e aconteceu de fato.

Irá resolver o problema da criminalidade e acabar com o tráfico de drogas? Sabemos que não. É uma medida paliativa, com término pré-determinado e muito pouco tempo para solucionar algo tão complexo. Porém, pode contribuir muito para melhorar a segurança pública no futuro. Isso dependerá da forma que será conduzida, das medidas tomadas – com no combate à corrupção da polícia – e, no combate ao crime organizado.

É preciso lembrar que a policia não é a solução para o grave problema, mas é um importante instrumento para a mudança.

É uma tarefa árdua, porque a violência de hoje é o resultado de décadas de descaso do poder público em relação aos direitos sociais básicos. É preciso que haja projetos e planos de segurança pública envolvendo todas as áreas com educação, saúde e social para que, cada cidadão tenha seus direitos respeitados. A polícia é apenas uma parte dessa corrente, pois para ter segurança é preciso antes termos escolas, saúde, inserção social, responsabilidades que o Estado vem deixando de cumprir há décadas.

A ação das forças armadas deverá ter uma continuidade com a reorganização do sistema de segurança, ora falido, ou todo trabalho e investimento terão sido em vão. É preciso lembrar que a policia não é a solução para o grave problema, mas é um importante instrumento para a mudança.

…segurança pública não se faz só com policiais, mas sim com todos os segmentos sociais.

Mas, por que só o Rio de Janeiro? Por que agora? Por que só a segurança pública? São essas e outras questões que têm vindo à tona. Conforme o ranking de mortes violentas, divulgado no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em outubro de 2017, o Rio aparece em décimo lugar com 37,6 vítimas para cada 100 mil habitantes. Sergipe é o primeiro, com 64 mortes, seguido por Rio Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9). O Ceará é o 9º, com 39,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Segundo o relatório, “o indicador de mortes violentas é a soma das vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais e de policiais em serviço e fora de atuação”. 

E então volta a pergunta: por que o Rio de Janeiro? É jogo político? É influência da mídia que mantém diariamente o Rio nas manchetes? E o que será feito com os outros estados, uma vez que de norte a sul a violência se faz presente, em graus diferentes, mas se faz?

Sabe-se que o exército não resolverá o problema do Rio, mas transmitirá uma sensação de segurança. E nossas autoridades deverão empenhar esforços na reorganização de todo sistema nacional de segurança pública, com projetos envolvendo os vários setores da sociedade, para duração de longo prazo. Que cada governo aperfeiçoe e dê continuidade lembrando que segurança pública não se faz só com policiais, mas sim com todos os segmentos sociais.

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