Calor e urbanização próxima a áreas de mata são fatores que explicam aparições
O aparecimento de cobras em ambientes urbanos tem sido cada vez mais comum em Santa Catarina. Para biólogos, o calor e a urbanização próxima a áreas de mata são fatores que explicam o aumento no avistamento desses animais.
O caso mais recente ocorreu em Jaraguá do Sul na quarta-feira (3). Uma moradora tomava banho quando percebeu a presença de duas cobras no banheiro. Apenas um animal foi capturado pelos biólogos no local. A cobra tinha 1,5 metros e era da espécie caninana. Uma jararaca albina também foi capturada no município em outubro.
Em 12 dias, quatro cobras da espécie coral-verdadeira foram capturadas no Vale do Itajaí. Em um dos casos, o animal foi encontrado em uma garagem por um morador de Vitor Meireles. Segundo os biólogos, trata-se da espécie mais venenosa no Brasil.
De acordo com o biólogo da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama) Christian Raboch, o aparecimento de cobras e outros répteis, como lagartos, é comum nesta época do ano.
— Nessa época do ano, primavera-verão, é comum o aparecimento dos répteis. Isso acontece todo ano. Nós estamos tendo um aumento considerável das pessoas procurarem a Fujama, órgão ambiental daqui para resgatar esses animais — comenta.
O aumento nas capturas de cobras pela Fujima cresceu 50% em comparação com o período anterior à pandemia. Enquanto em 2019 foram resgatados 265 animais, em 2021, já são mais de 400.
Calor e urbanização influenciam
Segundo o biólogo e professor universitário Jackson Preuss, o calor influencia no aumento das atividades das cobras. As mudanças climáticas, que alteram e intensificam o clima no mundo, contribuem muito para o aparecimento dos animais.
— A temperatura é um fator extremamente importante para as serpentes. Aumenta a temperatura e consequentemente a reprodução se intensifica e a procura por alimento também — comenta.
O mesmo fator serve para entender o aparecimento de jacarés. Em Tijucas, na Grande Florianópolis, três animais foram vistos em menos de uma semana. O Grupo de Operações e Resgate (GOR) investiga o caso.
Outro fator para a justificar o aparecimento é a perda de habitat. Preuss explica que esse é um fator importante para entender o contato cada vez maior entre animais silvestres e humanos.
— A substituição das florestas por ambientes urbanos, ou seja, as pessoas vivendo próximo às matas é fator bem importante para que a gente acabe tendo mais contato com esses animais — afirma.
O que fazer em caso de picada?
Caso seja picado por uma cobra, não se deve amarrar o local. Segundo o biólogo Christian Lempek, o torniquete pode aumentar o risco de necrosar o local e resultar até em amputação;
- Não se deve cortar o local, fazer perfurações ou sucção;
- O local da picada deve ser lavado com água e sabão;
- A vítima deve ser levada o mais rápido possível ao hospital;
- É importante tentar identificar a serpente (pode ser por foto, se possível) pois isso facilitará para escolha do soro antiofídico a ser aplicado.
Onde ligar
- Entre em contato com os Bombeiros (193) ou com a Polícia Ambiental da sua cidade (190);
- Em caso de acidente com serpente, entre em contato com o Samu (192), os Bombeiros (193) ou se dirija ao hospital público mais próximo;
- Em caso de dúvidas ou orientações sobre procedimentos de primeiros socorros, ligue para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC), pelo telefone: 0800 643 5252.
- O telefone da Fujama é (47) 3273-8008, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17 horas.
Com informações do NSCTotal