Saúde

SC monitora varíola do macaco após 90 casos confirmados em ao menos 12 países

Até o momento, não há registros de casos de varíola dos macacos no Brasil; vírus é semelhante ao da varíola humana, inclusive nos sintomas

Divulgação

Os casos de varíola do macaco estão deixando as autoridades de saúde em alerta. Até o momento, não há casos suspeitos dessa doença no Brasil. Ainda assim, a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica) de Santa Catarina informou nesta segunda-feira (23), que monitora a situação.

Segundo a Dive/SC, as doenças com risco de disseminação são monitoradas nacionalmente e localmente pela Rede CIEVS (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde).

Alertas são emitidos aos serviços de saúde quando há elevado risco da introdução de nova doença no território, para que os serviços fiquem atentos e aumente a chance de detecção dos casos.

O MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) formou na quinta-feira (19), uma Câmara Técnica Temporária para monitorar os desdobramentos a respeito do vírus monkeypox, ou varíola dos macacos. O Ministério da Saúde, por sua vez, acompanha o caso suspeito de um brasileiro que está na Alemanha.

A iniciativa foi “necessária diante dos casos de infecção registrados no Reino Unido, Portugal, Espanha e Estados Unidos em maio de 2022”, conforme a pasta. Até o momento, não há registros de casos varíola dos macacos no Brasil.

Sobre a varíola

O Instituto Butantan revela que o vírus da varíola símia, alocado em animais como macacos e ratos, é semelhante ao da varíola humana, inclusive nos sintomas.

Porém, o contágio entre humanos é considerado raro e essa é a primeira vez que cadeias de transmissão são relatadas na Europa sem ligações epidemiológicas com a África Ocidental e Central, onde a doença é endêmica.

A via de contágio ainda está sendo investigada, mas sugere-se que a disseminação de casos esteja ocorrendo por via sexual, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês).

A varíola é causada pelo contato com gotículas ou secreções de infectados e é combatida com vacinação.

Mas, como a doença foi considerada erradicada no planeta em 1980, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a imunização em massa deixou de ser feita no Brasil e em outros países que ofereciam a vacina, segundo o Instituto.

O infectologista e professor Rogério Sobroza de Mello, do curso de Medicina da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) diz que a queda na vacinação após a doença ter sido erradicada pode ter impactado na taxa de imunidade e deixado as pessoas mais suscetíveis ao contágio.

Com o retorno dos casos, o Reino Unido, que notificou os primeiros infectados de 2022, voltou a vacinar casos suspeitos porque o imunizante é capaz de combater a infecção da varíola símia, informou a Agência de Segurança em Saúde do país (UKHSA, na sigla em inglês).

A varíola do macaco é um vírus que causa uma doença geralmente mais leve que a varíola original, segundo Sobroza.

Existem somente duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade; e a cepa da África Ocidental, que tem taxa de mortalidade em cerca de 1%. Os diagnósticos feitos no Reino Unido detectaram a cepa da África Ocidental.

Casos pelo mundo

A OMS (Organização Mundial da Saúde) informou no último final de semana, que 92 casos foram confirmados e 28 casos suspeitos de varíola foram relatados em ao menos 12 países que não são endêmicos para o vírus.

Casos já foram confirmados no Reino Unido, Portugal, Espanha, Estados Unidos, entre outros países.

Na Alemanha, o vírus foi detectado em um brasileiro de 26 anos que viajou por Portugal e Espanha. Até esta sexta-feira (20), a DGS (Direção Geral da Saúde) de Portugal confirmou mais de 20 casos de varíola dos macacos no país. A Espanha também registrou 30 casos, todos da capital Madri, o que faz do país o que tem a maior incidência de casos na Europa.

França e Suécia confirmaram o primeiro caso da doença em seus territórios; Bélgica ao menos dois casos; Itália pelo menos três, segundo imprensa e governos locais.

A Austrália, na Oceania, tem diagnósticos confirmados e, no domingo, Israel, na Ásia, também teve a notificação de um infectado.

A OMS disse que espera identificar mais casos de varíola dos macacos à medida que expande a vigilância em países onde a doença normalmente não é encontrada.

A organização acrescenta que vai fornecer mais orientações e recomendações nos próximos dias sobre como diminuir a propagação da doença e ainda não se pronunciou sobre a aplicação de quarentenas. Por enquanto, nenhuma morte associada ao vírus.

1º caso na Argentina

A Argentina registrou no domingo (22), o primeiro caso suspeito da varíola do macaco. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde argentino.

O possível enfermo é um morador de Buenos Aires, que se consultou em uma clínica no fim de semana com o sintoma mais característico da doença: pústulas pelo corpo. O homem também apresentou febre.

Ele foi isolado e está recebendo tratamento para os sintomas, enquanto amostras colhidas estão sendo analisadas por especialistas e pesquisadores.

Se confirmado, esse será o primeiro caso na América do Sul e, assim, o surto da enfermidade terá atingido todos os continentes, fora da África, onde a doença é endêmica.

Países impõem quarentena

A Bélgica se tornou o primeiro país a introduzir uma quarentena obrigatória de 21 dias para pacientes com a varíola do macaco.

Quem teve contato com pessoas infectadas não precisa se auto-isolar, mas deve permanecer vigilante, principalmente se estiver em contato com pessoas vulneráveis.

Já o Reino Unido informou que pessoas infectadas pelo vírus da varíola do macaco devem se isolar por 21 dias. Nas últimas semanas, o país registrou oficialmente 20 casos, mas outros estão em investigação.

No caso britânico, as restrições são mais severas que na Bélgica. Segundo a UKHSA, o isolamento também é orientado para pessoas que tiveram contato direto ou domiciliar com um caso confirmado.

Sintomas e tratamento

De acordo com a OMS, o período de incubação do vírus varia entre seis e 13 dias, podendo chegar a três semanas.

Os sintomas são semelhantes aos da varíola, sendo as bolhas na pele o mais característico, mas também ocorre febre, calafrios, cansaço e dores musculares.

De acordo com o comunicado, os sintomas podem ser leves ou graves, e as lesões podem ocasionar muita coceira ou dores. Assim como podem apresentar linfonodos (pequenas estruturas que funcionam como filtros para substâncias nocivas) aumentados e alto risco de infecção bacteriana secundária da pele e dos pulmões.

“Não há tratamento seguro e comprovado para a infecção por vírus da varíola do macaco”, alerta o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, e que os sintomas normalmente desaparecem espontaneamente.

Apesar disso, alguns medicamentos podem ser usados, por exemplo, os antivirais tecovirimat, cidofovir e brincidofovir.

A Agência da Segurança da Saúde do Reino Unido também ressalta que a vacina tradicional contra a varíola “pode ser usada tanto na pré como na pós-exposição e é até 85% eficaz na prevenção da varíola”.

“As pessoas vacinadas contra a varíola na infância podem apresentar uma doença mais branda”, acrescenta o órgão.

Com informações do ND+

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