Saúde

Sem acordo entre ISEV e Prefeitura de Criciúma, pacientes psiquiátricos terão que ser realocados

Prefeitura de Criciúma tem dez dias, a partir desse sábado (10), para encontrar novo local para pessoas que estão há anos na Casa de Saúde e que já questionam os funcionários sobre seus destinos.

Sem acordo entre ISEV e Prefeitura de Criciúma, pacientes psiquiátricos terão que ser realocados

Foto: Divulgação / DN Sul

Há 20 anos trabalhando na Casa de Saúde do Rio Maina, a técnica de Enfermagem Tânia Regina Frederico ainda cuida de um paciente que chegou à instituição praticamente junto com ela, em 1997. Dos 67 pacientes internados atualmente, muitos são classificados como “de longa permanência”, ou seja, que estão há anos no local, hoje chamado de Hospital Psiquiátrico Instituto de Saúde e Educação Vida – Isev.

Na última sexta-feira (9), após audiência na 2ª Vara da Fazenda de Criciúma, os serviços do SUS no hospital, que “agonizavam” há pelo menos um ano devido aos atrasos de salários, tiveram o fim decretado. Não houve acordo entre o atual administrador, o Isev, com o governo municipal e com o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde de Criciúma e Região – Sindisaúde, para continuidade dos atendimentos.

“Tenho dois pacientes que não têm família”, lamenta técnica de Enfermagem

Em assembleia nesse sábado (10), parte dos cerca de 80 trabalhadores do hospital psiquiátrico decidiu iniciar nova greve, mantendo apenas os 30% de efetivo determinado por lei. Com isso, pelo que foi estipulado em decisão judicial sexta-feira, passam a contar os dez dias que a Prefeitura tem para transferir os pacientes para outros hospitais ou para Centros de Atendimentos Psicossociais – Caps.

“Tenho dois pacientes que não têm família. Todos os dias eles me perguntam para onde levarão eles se o hospital do Rio Maina fechar. Eu digo que não sei, porque nós não temos respostas. Esta se tornou a casa deles”, lamenta a técnica de Enfermagem Tânia.

Nos últimos meses, os trabalhadores já estavam esperando pelo pior. “A gente já esperava por isso, que não teria mais condições de continuar os atendimentos pelo SUS. De um ano para cá os salários atrasaram todos os meses. Com os antigos donos nunca atrasava”, recorda a funcionária.

Sindicato pedirá a penhora dos bens

O Isev está atualmente sem contrato com a Prefeitura para os atendimentos pelo SUS. Segundo o tesoureiro do Sindisaúde, Cléber Cândido, antes o Isev recebia uma valor correspondente a Incentivo Hospitalar, mas a regra do Incentivo mudou e o dinheiro não pode mais ser concedido. “Agora seria só o valor da Tabela SUS”, salienta, o que já foi manifestado pela direção do Isev de que não é suficiente para cobrir a folha de pagamento, entre outros custos.

Ainda conforme Cândido, o sindicato fará um pedido de falência do Instituto na Justiça e também solicitará a penhora dos bens para pagamento dos direitos trabalhistas.

Nesta segunda-feira (12), o sindicato terá uma conversa com diretor do Isev Rio Maina, Marcelo Sottana, para discutir como será a rescisão dos trabalhadores. No mesmo dia, a Secretaria de Saúde de Criciúma promoverá uma reunião com os secretários municipais de Saúde da Região, na Associação dos Municípios da Região Carbonífera – Amrec, com a participação da Gerência Regional de Saúde do Estado, para deliberações e para tentar uma solução à realocação dos pacientes, que vêm de diversas cidades.

Relação com o Isev

O Isev assumiu o hospital psiquiátrico do Rio Maina em julho de 2014, quando o local estava mais uma vez na iminência de fechar as portas. Tânia lembra que os funcionários só ficaram sabendo da mudança quando o Instituto já estava no comando. “Nos chamaram para uma reunião e explicaram que o Isev tinha comprado a Casa de Saúde, com todas as dívidas. Mas, quem é o dono, a gente não sabe. Não conhecemos”, relata.

Ainda segundo a técnica de Enfermagem, desde o início da nova administração, os trabalhadores souberam que INSS e FGTS não estavam mais sendo depositados.

Funcionários começam a procurar outros empregos

Com o anúncio de que irão ficar sem emprego em dez dias, os funcionários já começaram a procurar outros trabalhos. Alguns, principalmente os que atuam na área de Enfermagem, já trabalhavam paralelamente em outros lugares, o que é um alento. Porém, as mulheres da higienização e manutenção cogitam outro rumo, como faxinas e costura.

O Isev pretende continuar com os atendimentos particulares no local, por isso, ainda pode ser que alguns funcionários fiquem. A Casa de Saúde do Rio Maina tem 50 anos de existência.

Com informações do Portal DN Sul

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