Saúde

Sem pagamentos, direção clínica do Hospital Materno Infantil Santa Catarina abre mão ao cargo

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Com os salários do corpo clínico atrasados há cerca de dois meses, o caos toma conta do Hospital Materno Infantil Santa Catarina – Hmisc. A cada dia cresce o descontentamento dos médicos e plantonistas, o que tem atingido também a organização interna dos serviços prestados. Há seis dias, a direção clínica do hospital, responsável por encaminhar e definir as escalas médicas, abriu mão ao cargo, em decorrência das dificuldades encontradas.

Outros médicos, por exemplo, cogitam parar de trabalhar pela instituição, gerida atualmente pelo Instituto de Saúde e Educação Vida – Isev. Esse é o caso de Leonardo Pereira, que só ficará no materno até agosto, para poder honrar seus compromissos junto ao hospital. “Somos pessoas normais que precisamos pagar nossas contas. Tenho escala a cumprir até final de julho, mas depois não irei mais prosseguir. Eu moro em Florianópolis e meu custo de vida acaba sendo insustentável”, afirma.

Frente a essa realidade, o corpo clínico avalia paralisar os serviços no hospital a partir do mês de agosto. Conforme o médico Leonardo, a maioria pretende cumprir a escala proposta para esse mês e depois definir uma data para deflagrar a greve. “O que nos passam é que a prefeitura não tem prioridade de repasse. Mas, existem muitas informações dúbias e essa situação já vem se arrastando há muito tempo. Muitos estão avaliando fazer a paralisação”, afirma.

Além da falta de pagamentos, os médicos ainda estariam sofrendo retaliações dentro do hospital e descontentes com a administração e determinações contratuais do Isev.

Pagamentos em análise

Os valores pendentes são referentes ao contrato feito entre a Prefeitura Municipal de Criciúma junto ao – Isev. A dívida está acumulada em aproximadamente R$ 2,5 milhões, referentes à junho e julho, que irá vencer amanhã. Mas, conforme o diretor administrativo do hospital, Fábio Martini, ainda restam 30% do salário de maio a serem quitados também. “Referente a maio, 70% dos valores foram pagos. Mas, resta ainda uma parte. Está complicado, estamos sem nenhuma perspectiva de datas ou valores. Não é por negligência ou descaso da nossa parte, tentamos pressionar a prefeitura todos os dias”, diz Martini.

O secretário de sistema econômico de Criciúma, Cloir da Soller, afirma que a Prefeitura Municipal segue estudando formas de equacionar a dívida. Os administradores públicos pretendem repassar algum valor até sexta-feira, 22. “Realmente estamos com pendências com o Isev, mas o sequestro de R$ 6 milhões de nossas contas, do caso do Hospital São José, nos pegou totalmente desprevenidos. Os problemas começaram a aparecer e estamos reavaliando um cronograma financeiro. Nos reunimos hoje a tarde (ontem) para tratar disso, para verificar de onde podemos tirar recursos”, enfatiza.

Fora médicos, plantonistas, a parte de enfermaria e o corpo da Unidade de Tratamento Intenso – UTI, alguns fornecedores do hospital também estão sem receber devido à crise financeira instalada.

Com informações de Denise Possebon / Clicatribuna