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Sem UTI, crianças esperam o quanto podem

Todos os municípios da Região Carbonífera e o extremo Sul contam com apenas três leitos de UTI pediátrica

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Foto: Lucas Colombo/Clicatribuna

Até há cerca de 20 dias, Ana Júlia Américo, de oito anos, e Lethicia Beluco de Oliveira, de sete, não se conheciam. A primeira mora em Araranguá; a segunda, em Criciúma. Ana Júlia gosta de desenhar, contar histórias e escrever cartas para os amiguinhos. Lethicia gosta de brincar de boneca, com a gata de estimação e de estudar. Mas apesar das diferenças, as meninas têm muito em comum. As duas são apaixonadas por animais. As duas são tão inteligentes que foram aprovadas na escola bem antes do término do ano letivo.

Conheceram-se nesta semana, na pediatria do Hospital São José, e descobriram que não são apenas essas as semelhanças entre elas. As duas têm um tumor no cérebro. As duas precisam de uma cirurgia. As duas já agendaram e cancelaram mais de uma vez o procedimento. O motivo também é o mesmo: faltam leitos de UTI pediátrica.

A situação é tão grave que foi abordada em reportagem especial pelo jornal A Tribuna, na edição desta quinta-feira (6). Os dramas de Lethicia e de Ana Júlia não são casos isolados. A falta de leitos é um problema crônico. Todos os municípios da Região Carbonífera e o extremo Sul contam com apenas três leitos de UTI pediátrica. O Hospital Materno Infantil Santa Catarina (HMISC) conta com dez leitos de UTI, dos quais sete são neonatais.

As crianças mais crescidas, com idade suficiente para pelo menos desconfiar que têm uma doença grave, disputam os outros três leitos. Os 26 municípios que compõem a Amrec e a Amesc têm mais de 83,4 mil crianças com idades entre cinco e 14 anos, segundo dados de 2010 do IBGE. Sem contar as de outras regiões que podem precisar dos leitos do HMISC. Frequentemente, a equipe do hospital infantil trabalha com mais do que a capacidade permite.