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Siderópolis completa hoje 122 anos de história

Foto: Leonardo Zanin/Clicatribuna

Foto: Leonardo Zanin/Clicatribuna

Assim como cidades vizinhas, Siderópolis foi colonizada pelos italianos que vieram para o Brasil em busca de novas oportunidades e terra fértil. Hoje, o município comemora 122 anos desde que os imigrantes chegaram para desenvolver a cidade, que fica entre a serra e o litoral catarinense. Inicialmente o local onde se formou a colônia foi denominado de Nova Belluno, por conta da semelhança geográfica com a província italiana de Belluno, no início da década de 1890. Somente após 1940, a cidade mudou o nome para Siderópolis, em função da instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que foi fundamental para o desenvolvimento do município.

Reportagem do site Clicatribuna destaca que Siderópolis começou sua história quando cerca de 100 famílias que vieram das províncias italianas de Veneza, Treviso, Ferrara e Bergamo se instalaram e começaram a cultivar a terra. Uma dessas famílias era a de Angélica Feltrin Cesa. Seus pais vieram em um dos navios que trouxeram os europeus e constituíram família no Sul do país. Angélica nasceu em Siderópolis e nunca morou fora do município. Hoje, prestes a completar 99 anos de idade, ainda carrega um forte sotaque italiano e possui uma memória invejável. Ela lembra exatamente como era a colônia de Nova Belluno.

"Tinha pouca casa ao redor. Era muito diferente do que é hoje. A igreja não era no mesmo lugar, o rio passava pelo Centro da cidade. Trabalhávamos na roça e produzíamos nosso próprio sustento. Muitas mudanças aconteceram, mas, para mim, vivíamos melhor naquela época. É um tempo bom que não volta mais. Gosto daqui porque sempre fiquei aqui", conta Angélica.

Ela é muito religiosa. Vai às missas e ainda assiste a celebrações pela TV. Segundo ela, a memória preservada é fruto da leitura, apesar da pouca escolaridade. "Não estudei muito porque tinha que trabalhar. Mas eu lia muito os jornais e isso ajuda a preservar a memória".

Descoberta do carvão mudou a cidade

No começo do século XX, foram descobertas grandes reservas de carvão mineral no solo da região. As primeiras mineradoras começaram a se instalar, dentre elas, a CSN. Além da troca do nome da cidade, a companhia colaborou para o desenvolvimento dos cidadãos. "A mineração teve um custo ambiental para o município e o pagamento foi alto para a população. A companhia oferecia serviços gratuitos como médico, dentista e dava estudo para as pessoas. Antigamente era difícil para obter uma formação e, através da CSN, era possível obter o conhecimento gratuitamente. Sem dúvidas, isso colaborou muito para o desenvolvimento da cidade", ressalta o prefeito Hélio Cesa, o Alemão.

De acordo com ele, a mineração também foi o que levou etnias diferentes da italiana para o município, tornando Siderópolis um local de miscigenação. "Pessoas de colonização diferente vieram principalmente da região de Imbituba e Laguna para trabalhar na mineração. Aqui conheceram outras pessoas e foram constituindo família, misturando as etnias. Hoje, a etnia dominante ainda é a italiana, mas existe um grande número de habitantes que são descendentes de africanos e portugueses", frisa o prefeito.

Gemellaggio com Forno Di Zoldo

Em 1995, foi firmado um pacto de amizade, o chamado Gemellaggio, entre Siderópolis e a cidade italiana Forno Di Zoldo. O acordo foi realizado para um intercâmbio cultural entre as duas cidades com objetivos culturais e de desenvolvimento humano, mas está adormecido. "Foi se enfraquecendo e hoje está adormecido esse pacto. Mas, no próximo ano, teremos uma comitiva que irá até a Itália para fortalecer novamente os laços", adianta Cesa.

Foco no turismo

De acordo com Cesa, atualmente a principal atividade econômica de Siderópolis é a agropecuária, com destaque para a avicultura, além da indústria e dos serviços. Contudo, a cidade é rica em recursos naturais e o prefeito quer explorar esse potencial para tornar o município uma potência no turismo regional. "Temos vários pontos turísticos e queremos desenvolver. Há o caminho dos tropeiros, a Barragem do Rio São Bento, que fornece água para cidades da região, temos a pedra mais alta do Brasil para a prática do montanhismo. Vamos trabalhar tudo isso para transformar Siderópolis em uma potência através do turismo. Também temos muita riqueza cultural adormecida", adianta Alemão.

Para o chefe do Executivo sideropolitano, o município será um local por onde muitos turistas que saem da serra com destino ao litoral passarão e isso deve ser aproveitado positivamente pelos habitantes. "Será um importante elo entre a serra e o mar. Todos passarão por aqui e temos que aproveitar essa oportunidade, mas temos que preparar as gerações futuras para ter uma boa formação com resgate dos valores humanos e da tradição", observa Cesa.

Festa somente no próximo ano

Este ano a Administração não irá realizar a festa em comemoração à colonização. De acordo com o prefeito, a situação financeira não permitiu que o evento fosse realizado, mas promete uma grande festa para o próximo ano, com o resgate da tradição. "Este é meu primeiro ano de administração e resolvemos não fazer festa por conta da situação da Prefeitura, para não gastar, mas, ano que vem, terá uma grande festa", finaliza o prefeito.

Para não deixar a data passar em branco, uma sessão especial na Câmara de Vereadores, realizada na última segunda-feira, homenageou os escritores e historiadores que publicaram livros sobre a história do município.