Geral

Soluções são buscadas para os jet skis nos molhes de Laguna

A realização de competições náuticas e o uso de embarcações com motor na Lagoa Santo Antônio dos Anjos e canal dos molhes, em Laguna, sempre foi algo conflitante no município.

Com o objetivo de buscar soluções adequadas e normatizar tanto as competições quanto o uso das embarcações, um encontro foi realizado entre gestores municipais, Marinha, Polícia Militar Ambiental, Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema), Udesc, Associação de Usuários de Jet Skis e Amigos do Mar, câmara de vereadores e Instituto Boto Flipper.

Especialista na vida e comportamento do boto de Laguna, o professor e doutor em ciências biológicas Fábio Daura, apresentou dados do estudo que realiza desde 2006. Segundo ele, se usada de forma irregular e em alta velocidade, qualquer embarcação gera danos no comportamento e atividades vitais dos animais.

No caso dos jet skis, atenta Fábio, o problema é o ruído da hélice quando a moto sobe e desce na água durante as manobras. Porém, explica o professor, se a embarcação trafegar em linha reta na velocidade estabelecida pelas normas marítimas (cinco nós), não causa impacto nenhum sobre os botos.

O especialista, inclusive, defende que proibir o uso de jet skis não é a alternativa. “O correto é encontrar maneiras de normatizar e fiscalizar. A grande preocupação não é com a presença de embarcações, mas sim como elas são utilizadas”, enfatiza Fábio.

O que ficou definido

Segundo o Jornal Notisul, diante das informações apresentadas pelo professor e doutor em ciências biológicas Fábio Daura, todos os representantes acordaram que será construída uma rampa pública para desembarque de Jet skis na região próxima ao centro histórico.

A velocidade permitida será cinco nós em linha reta desde a rampa até o canal que desemboca no mar. No canal dos molhes ficará proibido o desembarque das motos, assim como manobras em todo o trecho.

A reunião também serviu para discutir a realização de competições náuticas em Laguna. Conforme o professor, a área preferida dos botos fica entre a entrada da Lagoa Santo Antônio até o canal dos Molhes.

A maior concentração é na região do canal, onde eles promovem o espetáculo única da pesca junto com os profissionais artesanais.

Por conta disso, neste primeiro momento, todos os representantes de entidades concordaram que neste trecho do canal será possível realizar somente competições de barcos à vela e a remo. Os eventos poderão utilizar o espaço entre o Iate Clube e a entrada da lagoa.

Para aprovação de competições com embarcações a motor, deverá ser feito um estudo sobre a possibilidade de ocorrerem na Lagoa de Imaruí, nas imediações de comunidades do interior do município.

O boto e o jet ski

Durante a apresentação do estudo feito pelo professor e doutor Fábio Daura, um ponto importante merece destaque: o jet ski, se usado da maneira correto no trecho onde os botos ficam em Laguna, não é o grande vilão.

Segundo o especialista, existe algo muito mais complexo do que um simples jet ski que atrapalha a vida desta espécie: trata-se do emalhamento em redes de pesca. Isto sim tem sido a causa da maioria das mortes de botos.

Lesões epidérmicas também são fatores em expansão, causadas principalmente pela contaminação da água. Hoje, uma família de 53 botos vivem entre a Lagoa de Santo Antônio dos Anjos e o canal dos molhes.

Por ser uma população isolada e com pouca variação genética, eles também são indivíduos mais suscetíveis às variações ambientais.

Mas o que chocou os participantes do encontro foi a conclusão final do estudo realizado pelo especialista desde 2006: se nada for feito, a espécie corre sérios riscos de extinção.